Jornalista, cineasta e ativista, Silvana Bahia, ou simplesmente Sil, lidera o Preta Lab, um coletivo que visa ampliar o espaço e a representatividade de mulheres negras e indígenas para que se envolvam e desenvolvam tecnologias contra as desigualdades sociais e o racismo. Mestre em Cultura e Territorialidades, também é diretora da Olabi, organização social sediada no Rio de Janeiro, criada para democratizar a produção de tecnologia, em busca de um mundo socialmente mais justo, com mais diversidade racial e de gênero na indústria de tecnologia.

Em Setembro, Sil foi a primeira selecionada para passar três meses na Finlândia, no novo projeto de residência da Koneen Säätiö – Kone Foundation. Por meio da ARMA (Anti-Racism Media Activist Alliance) ela terá a oportunidade de participar de conversas e diálogos com organizações, ativistas e acadêmicos atuantes em iniciativas anti-racismo na Finlândia, Suécia e outros países. Ela espera que esta residência seja um valioso processo de aprendizado, especialmente pela oportunidade que representa de abrir diálogo com ativistas finlandeses e de outros países, “que apesar de estarem em contextos muito diferentes do Brasil, as questões que afetam as pessoas de lá e de cá podem ser semelhantes de várias formas”, acredita Sil.

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A entrevista abaixo com Sil Bahia faz parte do projeto Brasil 2022 composto de breves entrevistas com membros da sociedade civil, que acreditamos podem inspirar nesse momento turbulento e de incertezas que o nosso país está passando. Os convidados vão falar do que desejam para o país nos próximos quatro anos e o que vão fazer para contribuir na construção desse futuro. O nosso objetivo é estimular pessoas para que protagonizem transformações na sociedade atual, mudando a realidade presente.

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1- Qual futuro você quer para o Brasil nos próximos quatro anos?

O futuro que eu quero para o Brasil é a diminuição das desigualdades. Que todas as pessoas tenham acesso a recursos básicos como educação e saúde de qualidade, independente do seu CEP. Que o machismo e o racismo sejam vistos como problemas a serem enfrentados e não como “mimimi”. E, que possamos de fato, construir um país onde as pessoas no geral sofram menos, com menos violações de direitos e que possamos sonhar com a equidade social.

2- O que você vai fazer para ajudar a construir esse futuro?

Trabalhar para que mais pessoas possam ter acesso às ferramentas que transformem suas vidas. Ou seja, que mais pessoas possam participar da construção de um futuro que está muito próximo e que está sendo construído agora, no presente. Quando me refiro a mais pessoas construindo o futuro estou falando sobretudo das novas tecnologias e todo esse aparato digital que atualmente molda muito as nossas escolhas. Por isso, trabalhar para que tenhamos mais diversidade nas tecnologias é tão urgente, uma vez que muito do nosso futuro está sendo mediado por elas e as tecnologias não são neutras. Se a gente não estimular que mais pessoas possam se apropriar das tecnologias e não apenas por um viés consumista, corremos o risco de aumentar as desigualdades, uma vez que as tecnologias são capazes de impactar muitas pessoas em grande escala. Ou seja,  pessoas diferentes, com backgrounds diferentes pensando, criando, e moldando futuros possíveis onde caiba mais gente.

Veja aqui a entrevista com Chicko Sousa, da Plataforma Verde.

Lilia Porto

Economista, fundadora e CEO do O Futuro das Coisas. Como pensadora e estudiosa de futuros tem contribuído para acelerar os próximos passos para organizações e para uma sociedade mais justa e equitativa.

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