Falar do futuro virou quase obrigação. Explorar possíveis cenários futuros tornou-se estratégico para as empresas.

Futuristas e empresas de tendências desenham cenários alternativos de futuros baseados em modelos preditivos. A ideia é tomar ciência do que acontece no presente para podemos interferir e tentar mudar o futuro.

Nós podemos recriar o futuro sim, quando conseguimos refletir e agir sobre o presente, utilizando as ferramentas disponíveis de mudanças e acompanhando e entendendo os próximos movimentos sociais, tecnológicos e de mercado.

Mas, em meio a tantas ideias e cenários, quais são os futuros possíveis de acontecer?

Neste artigo, vou compartilhar os pontos principais que absorvi no painelFuturos alternativos: em qual podemos acreditar?“, realizado no Festival Path 2018 e que vão de encontro a essa ideia de que a melhor forma de prever o futuro é criá-lo, pensamento difundido pelo escritor Peter Drucker.

Da esquerda para a direita: Jacques Barcia, Vanessa Mathias e Demetrio Teodorov. (Foto: Patrícia Bernal)

Os três participantes do debate, Jacques Barcia, futurista profissional e um dos fundadores do Futuring.Today, Vanessa Mathias, consultora de tendências futuras e inovação DemetrioTeodorov, responderam essa questão de duas formas:

Ou não acreditamos em nada e vemos o que vai dar, já que “o futuro é uma ilusão da nossa mente” – como diz Eckhart Tolle autor do best-seller O Poder do Agora, e o que importa é apenas o presente…

Ou, consideramos essas informações dos futuristas e pesquisadores de tendências que mostram o que poderá acontecer caso o “comportamento padrão atual” continue, e assim, tentamos acelerar ou evitar algo que, respectivamente, possa trazer consequências boas ou não para a humanidade. Cada um vai seguir uma linha de pensamento.

Os futuristas optam pelo segundo caminho.

Antes de tudo, é importante deixar claro que quando um futurista fala sobre o futuro, ele não está prevendo nada, apenas toma consciência de que poderá intervir no futuro.

O que os futuristas fazem é tentar ver como o mundo está mudando, sentir esse futuro, e avaliar como podem influenciá-lo, além de explorar todas as possibilidades.

Demetrio Teodorov trouxe algumas projeções de futuro. (Foto: Patrícia Bernal)

“Somos muito bons em imaginar o futuro e a vida que a gente quer levar daqui pra frente. Por isso, procure abraçar esse desconforto e incertezas. Quanto mais a gente pensar na incerteza mais vamos tentar se movimentar para explorar as alternativas de uma forma mais criativa para esse futuro que a gente quer criar”, acredita Demetrio. Ele inclusive trouxe alguns dados pra gente entender como olhar para o futuro:

– Até 2025 a Internet será muito mais veloz (teremos o 5G);

– Em 2022 brinquedos inteligentes vão substituir muitos professores;

– Em 2023 a impressora 3D de comida irá mudar o mercado de delivery;

– Até 2024 serão os drones que farão entregas;

– Em 2025 a agricultura vertical mudará as cidades;

– Em 2026 seremos 8 milhões de humanos conectados e nossos dados serão a moeda de troco;

– Em 2028 estaremos convivendo com robôs sociais que estarão dentro do nosso cotidiano, como por exemplo, os cuidados com idosos, dentre muitas outras rotinas.

Tudo isso vai acontecer desse jeito e nessas datas? Não necessariamente, mas se todos que estão desenvolvendo essas tecnologias continuarem trabalhando com afinco para que isso aconteça, é bem provável que esse futuro chegue antes do previsto. “Olho para o futuro com ferramentas e necessidades que tenho no presente e aplico a ideia. Se deu certo irá virar produção ou serviço, se deu errado, é bom pois eu erro rápido e absorvo as lições aprendidas”, pondera Demetrio.

O que podemos fazer quando lemos essas previsões do que pode acontecer no futuro?

A melhor forma de usá-las é com o intuito de criar novas medidas, formas de acelerar o processo ou evitar que algo aconteça.

Já que estamos falando de criar nosso futuro, como então, podemos criar condições para ocuparmos novos postos de trabalho? “Uma das principais coisas quando falamos em robôs e automação é: “e o meu emprego? As pessoas tem um grande apego às suas profissões. Isso terá que mudar”, provoca Vanessa.

Afinal, qual será o nosso trabalho depois de tantas previsões sobre o futuro?

Um dos prováveis cenários é que no futuro do trabalho, as pessoas irão mudar 3 ou 4 vezes de profissão – ou atuar em várias ao mesmo tempo. Eu sei bem o que é isso. Sou jornalista, filmmaker, fotógrafa e educadora. Portanto, não é futuro, isso já está acontecendo no presente.

Mas há algo novo que você deve se atentar a sua profissão, seja ela qual for. “No futuro, quando pensarmos em robôs, uma de nossas principais funções será o de ensinar e educar essas máquinas que vão produzir para nós” reforça Demetrio. Logo, as profissões vão continuar a existir, porém o que mudará será o nosso papel dentro delas. Ou seja, o trabalho pesado ficará com as máquinas. O nosso será de orientar, organizar e liderar.

O futurista Jacques Barcia (Foto: Patrícia Bernal)

Jacques acredita que é preciso ter um olhar crítico para toda novidade que chega: “Temos que questionar se precisamos de determinadas tecnologias, perguntar porquê precisamos daquilo e então fazer uso daquelas que realmente importam e podem transformar as nossas vidas para melhor”.

Isso parece bastante interessante – e daí vem minha positividade também. E talvez, a partir disso, comecemos a entender o nosso real papel e o das máquinas em uma sociedade do futuro. Além de estarmos nos tornando cada vez mais autônomos, graças à essa tecnologia disponível.

“Acredito que a tecnologia permite que você seja mais autogerido e independente. E isso é algo que já está acontecendo. E, quanto mais autônomo, mais liberdade temos de fazer escolhas” acredita Vanessa. Logo, devemos nos desprender do conceito de emprego, e buscar trabalhos. “É o trabalho que tem valor na sociedade, e o valor será medido pelo que eu produzo para a sociedade”, conclui.

Crédito da imagem da capa: Janet Echelman – Studio Echelman

Patricia Bernal

Patricia é filmmaker criativa, fotógrafa, jornalista e visual storyteller. Graduada em Jornalismo e Comunicação Social, fez um curso intensivo de cinema na Academia Internacional de Cinema (AIC) e Técnica em Audiovisual pela DRC Trainning. Sócia-proprietária da produtora WoW Films Media, especializada em projetos digitais, startups, YouTube, redes sociais e consultoria audiovisual. Criadora do canal Câmera na Mão, do grupo Mulheres Filmmakers, e do blog IH!Criei. Atualmente está também envolvida na produção do seu documentário Cadê a Criatividade.

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