Provavelmente a inteligência artificial não irá destruir a humanidade. Mas, ela e a robótica vão impactar massivamente o futuro do trabalho.

Basta considerar que 45% dos empregos hoje serão automatizados em apenas 20 anos, como prevê a McKinsey & Co.

Mas, não é a magnitude da mudança que preocupa, e sim a velocidade dessa mudança.

Existe algum mecanismo que amorteça o impacto rápido do desemprego tecnológico?

Peter Diamandis, da Singularity University e CEO da XPrize, recentemente entrevistou Michael Faye, co-fundador da GiveDirectly. Ele apresentou alguns dados convincentes sobre a disrupção na filantropia através da ajuda peer-to-peer.

A GiveDirectly permite qualquer pessoa enviar dinheiro diretamente para outra que vive em extrema pobreza. O objetivo da plataforma é remodelar as doações internacionais.

Hoje, 700 milhões de pessoas no mundo vivem em extrema pobreza (definida pelo Banco Mundial como US$ 1,25 / dia (em preços de 2005)).

De acordo com o Brookings Institute, seriam necessários US$ 80 bilhões para tirá-las da pobreza extrema. Só que se gasta anualmente o dobro desse valor em ajuda global e o recurso nem sempre vai para as pessoas que mais necessitam.

Nessa entrevista, Michael explica sua visão sobre a renda básica universal (UBI) e esclarece alguns equívocos comuns sobre “dar dinheiro de graça” para as pessoas.

A GiveDirectly é o maior experimento UBI até o momento. Nos próximos 12 anos, ela estará executando um teste controlado em 4 aldeias no Quênia, com mais de 26 mil participantes.

Além de um grupo de controle, uma aldeia receberá uma renda básica regular por 12 anos, outra por 2 anos, e outra receberá uma quantia única equivalente a 2 anos de renda.

Dentro de cada vila, todos (homem, mulher e filhos) recebem o mesmo pagamento de cerca de 75 centavos por dia.

Desde o lançamento do experimento em 2012, a GiveDirectly distribuiu mais de US$ 100 milhões em doações totais para pessoas em extrema pobreza.

Os dados que eles estão acumulando sobre a eficácia da UBI são impressionantes.

Aqui estão os três maiores:

1- A filantropia vai passar por uma disrupção

Hoje, a maioria das bilionárias ONGs e empresas sem fins lucrativos são incrivelmente ineficazes e burocráticas.

Michael estima que apenas 15 a 20% das doações chegam aos destinatários, acrescentando que em muitos casos “o sistema atual é tão complexo que muitas das próprias agências desconhecem o número real”.

Muitos programas e doações são compostos por alimentos, que geralmente são revendidos com desconto porque os destinatários simplesmente não os querem.

Ao dar dinheiro em vez de bens, combinado com uma tecnologia habilitada para dispositivos móveis, a GiveDirectly muda isso:

Parar cada dólar, 90 centavos acabam na mão do destinatário.

2- Melhores decisões

Às vezes subestimamos a capacidade dos pobres de tomarem as melhores decisões. Há uma tentativa de ditar quem recebe o quê, quanto e em que condições.

Por exemplo, pergunta Michael:

Se você perguntar a uma criança se ela prefere dar a uma pessoa pobre uma vaca ou dinheiro, elas normalmente respondem que é melhor dar uma vaca. Parece ser melhor”.

Também ficamos hesitantes em dar dinheiro em razão do receio da pessoa gastar com supérfluos ou vícios ou ainda, leve à preguiça.

No entanto, segundo Michael, estudos bem documentados mostram consistentemente que as transferências de dinheiro tendem a causar uma queda na compra de álcool ou tabaco e aumentar a quantidade de horas trabalhadas.

Por exemplo, no Sri Lanka, um estudo descobriu que a renda anual dos homens aumentou entre 64% a 96% em relação ao que receberam (apenas uma única transferência) após cinco anos.

Em Uganda, 4 anos após uma pequena e única doação, os beneficiários ganharam 41% a mais do que aqueles que não receberam nenhuma doação.

3- Melhores resultados sociais e de saúde

Observando mais de 160 estudos em 30 países e 56 programas de transferência de dinheiro, o Overseas Development Institute realizou recentemente uma meta-análise, encontrando resultados positivos em áreas como educação, saúde e nutrição, poupança e investimento e emprego.

Em relação aos resultados específicos para a saúde, esses estudos descobriram:

1- Um grande aumento na altura e peso das crianças na África do Sul

2- Redução das infecções por HIV e sofrimento psicológico no Malawi

3- Redução de crianças que nascem com baixo peso no Uruguai

4- Redução no trabalho infantil, bem como aumentos na escolaridade infantil

5- Diminuição da violência doméstica

Pensando no futuro

O desemprego tecnológico está chegando rápido. Precisamos propor e executar experimentos para validar soluções que funcionem de forma escalável.

A UBI é apenas uma possibilidade. Que outras ideias poderiam solucionar? O que você faria de diferente?

Fonte: SingularityHub

O Futuro das Coisas

Somos um ecossistema de futuros e inovação que atua para desenvolver pessoas, times e lideranças, por meio de educação e cultura de aprendizagem, conteúdo de impacto e estudos de futuros.

Ver todos os artigos