É comum pensar na primeira vez que se ouve o termo “futuro do trabalho”, que se refira a algo futurista, cheio de ideias que ainda estão por vir.

Mas a verdade é que esse futuro já chegou! E está deixando muita gente confusa com isso. Organizações e profissionais estão em crises existenciais. Se vêem perdidos e insatisfeitos. Não entendem a raiz do problema e tentam solucionar questões do futuro com estratégias do passado. Os colaboradores não rendem, a organização não cresce e ninguém entende o que está acontecendo.

Onde está o problema então? Qual é esse contraste tão grande que quem está sofrendo com essas mudanças não está percebendo?

Para clarificar, vamos ver quatro mudanças que irão nortear o futuro do trabalho:

1. Tecnologia otimizando práticas inteligentes de trabalho

Muitos se assustam com o avanço rápido da tecnologia. A inteligência artificial está cada vez mais presente no dia a dia. Alguns têm medo de que suas posições e profissões sejam usurpadas por esses novos sistemas.

No entanto, devemos lembrar que tecnologia é ferramenta. Ela existe para otimizar o nosso trabalho. É claro que as tarefas e atividades vão mudar com a otimização de processos e acessibilidade à informação, mas desde que você esteja atento à essas mudanças, pode ser a melhor coisa que vai lhe acontecer! Saiba como usar isso à seu favor.

A tecnologia vai impulsionar o mercado de trabalho com práticas trabalhistas mais inteligentes. Vamos poder fazer mais em menos tempo e melhor.

2. A concorrência não está mais só na sua cidade

Já existem empresas 100% remotas. Com colaboradores espalhados em até 10 países ou mais! Alguns profissionais podem ver isso como ameaça, mas a verdade é que isso significa abundância de oportunidades! Agora os profissionais têm opções de trabalho no mundo todo, e sem sair da sua cidade.

As empresas que ainda estiverem amarradas ao passado, vão continuar “aprisionando”, ao longo de 9 horas diárias (desnecessárias), seus funcionários. Obrigando-os a diminuir sua produtividade para justificar essas horas dentro de um escritório. Isso não faz mais sentido. Até porque a organização acaba perdendo a oportunidade de trabalhar com talentos diversos só porque não estão no mesmo espaço geográfico.

3. Aumento do bem-estar no trabalho e impacto positivo

Organizações sem propósito estão fadadas ao esquecimento. O mundo não sustenta mais empresas que só querem sugar; que não se preocupam em melhorar o mundo e a vida das pessoas. Isso é um grande reflexo das fortes mudanças ambientais e sociais que estamos acompanhando ao longo dos anos.

Os negócios que vão criar maior impacto são aqueles que possuem colaboradores alinhados com os seus objetivos; que sentem que o seu trabalho tem impacto positivo fora daquele ambiente; que o que eles fazem importa para o mundo e para as pessoas.

Não é por acaso que um dos assuntos que mais cresce nas organizações é o ‘Employer Branding’. Termo que se refere à proposta de valor que as empresas oferecem como marca (promessa) aos colaboradores. Isso vai muito além de um plano de carreira e salarial. Isso engloba propósitos alinhados, equilíbrio entre vida e trabalho e realização profissional. As empresas têm que proporcionar a experiência que promete ao cliente em primeiro lugar aos seus funcionários!

4. A ideia de um trabalho para a vida toda não existe mais

Pesquisas apontam que teremos em média doze trabalhos diferentes ao longo das nossas vidas. As expectativas dos profissionais estão mudando. Existe uma tendência, gerada pelo desenvolvimento da tecnologia, das pessoas moverem-se entre projetos, organizações e papéis. É uma mudança muito radical dentro do modelo tradicional de atrair e reter talentos.

Isso nos mostra que conhecer mais e melhor as empresas, fortalecer networking em diversas áreas e estar atualizado com as mudanças é fundamental para ter mais oportunidades de trabalho no futuro. A tecnologia colocou o conhecimento na ponta dos nossos dedos e são as pessoas curiosas – aquelas que possuem o desejo de aprender e desenvolver novas habilidades – que terão mais chances desenvolver novas abordagens para manterem-se relevantes e sentirem que estão crescendo no mercado atual e futuro.

Futuro do trabalho na prática

A chance que as organizações e os profissionais têm de ter sucesso frente a todas essas mudanças, é moldarem juntos esse futuro! Construir conversas de dentro para fora das empresas. Trocar experiências e conhecimento. E garantir que a área de atuação e o formato de trabalho se encaixam, de forma que as pessoas estejam no seu lugar certo: onde se sintam mais criativas, produtivas e realizadas!

Quando isso acontece, nós mudamos o mundo melhor e mais rápido! Como podemos fazer isso então? Como organizações e profissionais podem se preparar juntos para todas essas mudanças?

Para os profissionais de hoje, o caminho é a exploração! Como assim? Antes, em geral, éramos orientados a nos especializar e afunilar cada vez mais nossos objetivos e caminhos. Era um processo extremamente convergente. No entanto, o que impulsiva a inovação e soluções (e caminhos) criativas, é a constância no processo de divergir e convergir, alternando um e o outro sequencialmente. É usar a sua área de domínio para experienciar diferentes mercados, ambientes e conexões. Assim, poderemos fazer novas conexões constantemente, e expandir as possibilidades de futuro para nós, não só de oportunidades, mas de habilidades e ideias.

Para ser mais prática ainda aqui vão alguma sugestões: engajar-se em projetos paralelos à sua ocupação principal, frequentar eventos como summits, trazem ideias e temas orientados para o que ainda vai surgir. Procurar trabalhar em diferentes ambientes quando possível: diferentes coworkings, ou com diferentes pessoas na sua empresa. Se possível, construir um leque de projetos onde sua expertise possa ser aplicada em mercados diferentes.

E não esqueça do que seria o principal e o mais “fácil” de se fazer: fale e converse com o maior número de pessoas diferentes possíveis. Esteja aberto para todo tipo de conversa. Afinal, o mundo é feito de gente e nós aprendemos uns com os outros. Aplicando esses comportamentos, os profissionais terão muito mais repertório e recursos inclusive para construir os seus próprios caminhos da forma como desejarem.

Já para as organizações, uma forma de se alinhar com essas mudanças é investir em profundo auto-conhecimento. Parece que isso era feito só para pessoas né? E afinal, o que é uma organização se não várias pessoas juntas em prol de um mesmo objetivo? Por isso, possuir um entendimento claro sobre o que a organização como unidade acredita, defende, com o que ela se importa, qual é a sua visão de mundo e como ela pretende transformar a sociedade é a base para captar e reter verdadeiros talentos.

Discutir ideias abertamente, receber inputs de fora da organização são atitudes de quem certamente sabe que nada será como antes e que atitudes mesquinhas do passado não funcionarão mais.

As organizações de hoje que já estão no futuro, impulsionam projetos externos à organização, incubam outros projetos e empresas menores, debaixo do seu guarda-chuva de conhecimento e ferramentas. Porque o futuro não é sobre onde “eu” como empresa vou chegar, é sobre como “nós” vamos realizar essa mudança juntos. Unir forças, essa é a dica.

Seja como profissional ou como empresa, não é com a tecnologia que devemos nos preocupar em meio às mudanças que estão acontecendo no mercado de trabalho. É com realizar e proporcionar um trabalho que nos dá energia, ao invés de nos sugar. Isso estimula naturalmente o profissional a buscar conhecimento e desenvolver cada vez mais novas habilidades e perspectivas dentro daquela área que o mercado precisa.

Imagem da capa: Catello Gragnaniello

Nathalia Montenegro

Estrategista de marca, apaixonada por negócios e histórias, Nathalia encontrou o seu melhor potencial no formato de trabalho remoto, e como co-fundadora da vo.lar acredita que esse pode ser o caminho de todos: ter seu impacto no mundo otimizado pelo trabalho.

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