A Inteligência Artificial pode tomar dois rumos:

1- Possibilitar a transformação mais positiva e impactante de nossa história.

2- Ou, como muitos temem, tornar-se a invenção mais perigosa que já tivemos.

Por isso, a Inteligência Artificial (AI) e os seus impactos é um assunto cada vez mais debatido. É uma das tecnologias de maior potencial de evolução no mundo da ciência.

Porém, muitas vezes, pensamos na AI no contexto dos países mais desenvolvidos. Mas, e quando levamos essa discussão para o contexto dos países em desenvolvimento, em que as necessidades básicas são precariamente atendidas?

No vídeo transcrito abaixo, especialistas em tecnologia, inovação e questões sociais – dentre eles o vencedor do prêmio Nobel, Michael Levitt  – discutem como a Inteligência Artificial irá mudar o mundo:

Como essa tecnologia afeta a vida das pessoas em países subdesenvolvidos e daquelas que estão na base da pirâmide?

Até que ponto ela pode ser um elemento equalizador das desigualdades?

A AI pode nos deixar mais preguiçosos?

É essencial entender como atingir o equilíbrio entre o desenvolvimento tecnológico e o humano, e onde esses pontos convergem para evoluirmos como sociedade.

Veja abaixo, a tradução e transcrição do vídeo “Como a Inteligência Artificial irá mudar o mundo”? O Futuro da Inteligência”. O painel ocorreu no Nobel Week Dialogue 2015, na Suécia, em 09 de Dezembro de 2015.

Tradução e transcrição do vídeo

[Apresentador: Adam Smith] Caso você esteja achando que não tenhamos sido, até agora, ambiciosos o suficiente nos nossos painéis, vamos terminar essa manhã com uma discussão sobre “como a Inteligência Artificial irá mudar o mundo”.

Então, pra moderar isso, vamos chamar Leila Janah, fundadora do Summer Source. Gostaria de apresentá-la e também os painelistas. Por favor, entrem.

Nós temos aqui Joel Mokyr, historiador e professor de economia da Northwestern University, Dzul Razak, ele é o 4º presidente da International Association of Universities, Cynthia Breazeal, professora do MIT Media Lab e também fundadora do Jibo Inc, empresa de robôs, e Michael Levitt, vencedor do Prêmio Nobel de Química em 2013 da Universidade de Stanford.

[Moderadora: Leila Janah] Como esse é um painel pertinho da hora do almoço, vamos tentar ter uma conversa bastante dinâmica e leve.

A maioria das discussões sobre Inteligência Artificial foca em como ela impulsiona e desafia os limites da inovação e do progresso tecnológico. Mas, eu adoraria que a gente falasse sobre como ela afeta a vida das pessoas que vivem na base da pirâmide.

Ou seja, pessoas que não usam relógios da Apple, pessoas que não estão trabalhando para unicórnios [termo utilizado para startups que têm valor de mercado superior a US$ 1bi] em lugares como o Vale do Silício [EUA] ou Suécia. Vamos falar sobre como esses avanços vão impactar essas pessoas.

Michael, vamos começar com você e quero me desculpar desde já. Vamos tentar manter as falas em um minuto mais ou menos, então já me desculpo se eu precisar interromper um vencedor do prêmio Nobel. (risos)

[Michael Levitt] Para iniciar de forma leve, gostaria de começar com uma piada que minha nora me contou… Essa é uma lista de uma viagem escolar igual em qualquer escola no mundo… Câmera… não é necessária… está no seu smartphone. Lanterna… não é necessária… está no seu smartphone… mapa, música, despertador, jogos, jornais, guias, televisão. Finalmente, o bom humor… não é necessário porque todo mundo está olhando para o seu smartphone. Então, o que é necessário? Um carregador.

Eu acho que isso (mostra o celular) mudou o mundo mais do que qualquer outra coisa.

[Moderadora: Leila Janah] Esse é uma boa questão. Joe, você fez um comentário similar esta manhã.

[Joel Mokyr] Sim, nós falamos muito sobre a desigualdade no mundo e todos os economistas reconhecem como isso é ruim. Mas, nós também temos que entender que de certa forma, a tecnologia é uma forma excelente de equalizar as coisas e, com relação a isso, poucas coisas mudaram tanto os países em desenvolvimento quanto o celular… ele permitiu às pessoas a criação de redes de comunicação sem a necessidade de implementar uma infraestrutura telefônica cara.

A forma como os celulares transformaram locais como a África ou o Sudoeste da Ásia é algo inimaginável para países desenvolvidos, porque eles estão em todos os lugares. As pessoas realizam operações bancárias, encontram empregos, fazem contratações e localizam até mesmo encanadores. Tudo é feito no celular.

Considerando isso, nós devemos refletir bastante sobre o quanto a tecnologia é um fator equalizador não apenas entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, mas a novidade é que o homem mais rico da América, ou o segundo homem mais rico, um cara chamado Sheldon Adelson, temos, eu e ele, exatamente o mesmo smartphone. Não há nada que ele possa fazer com seus 23 milhões de dólares para comprar um celular melhor: nós temos os mesmos celulares.

A tecnologia é um ótimo equalizador, tanto dentro dos países quanto entre países. Com relação a isso, sou um grande otimista, porque conforme eu vejo a tecnologia evoluindo, vejo muitas lacunas entre ricos e pobres diminuindo aos poucos, mesmo que ainda não sejam todas. E isso, eu acho, é a melhor novidade desse século.

[Moderadora: Leila Janah] Dzul, você trabalha com professores em países em desenvolvimento, você concorda com essa declaração? Eu digo, nós temos ainda milhões de pessoas que ainda não têm acesso à eletricidade em casa, que não tem acesso à internet de alta velocidade ou smartphones. Nos diga o que você acha.

[Dzul Razak] Bom, eu acho que é uma questão de como isso muda dependendo de quais condições estamos falando. Eu quero voltar ao que Gandhi costumava dizer… os sete pecados sociais que temos que estar atentos. Acredito que essas questões têm a ver com a discussão de hoje.

Uma é que ele diz que fazemos “ciência sem humanidade”, ao passo em que vemos a humanidade usando ciência, a ciência se importa com o sustento das pessoas. Nós não estamos falando apenas de um grupo de pessoas, estamos falando de toda uma população. O que chamamos dos “milhões que estão na base”, são os afetados pela ciência sem humanidade.

A segunda questão talvez seja o “conhecimento sem sabedoria”. Eu um painel anterior, estavam falando sobre sabedoria, e eu gosto dessa palavra e de falar sobre como o mundo será afetado. Onde tem sabedoria, tem tecnologia. Nós podemos ter conhecimento, mas a tecnologia incorpora essa tecnologia ao mesmo tempo e isso certamente é uma questão muito relacionada à Inteligência Artificial, principalmente nesse contexto em particular.

E por último, mas não menos importante, conforme a gente vê mais ciência sendo patrocinada pelo setor privado, vemos a questão sob o ponto de vista dos negócios e da ética. Os resultados e os objetivos da ciência e dos negócios podem não ser necessariamente os mesmos, e por isso queremos saber como a ética influencia o desenvolvimento da ciência dependendo dos patrocínios, dependendo do tipo de negociação que fazemos ao mesmo tempo. Em países em desenvolvimento falamos muito sobre isso, por exemplo, quando falamos sobre a ciência sem a ética.

Esse ano [2015] nós celebramos o 70º aniversário da explosão da bomba atômica de Hiroshima e Nagasaki. O que nós devemos pensar é: onde estava a humanidade quando desenvolvemos aquela bomba? E como isso pode ter acontecido duas vezes, uma em Hiroshima e outra em Nagasaki? O que aconteceu à ciência naquela época em particular?

Quando falamos sobre conhecimento e sabedoria, é toda essa ideia de mudança climática, de aquecimento global, do COP 21. Havia uma desconexão entre ciência e sabedoria naquele momento em particular. Essa é uma questão que temos que nos perguntar, e é um assunto que eu acredito ser importante.

[Moderadora: Leila Janah] Acho que esse é um ótimo ponto de transição para falarmos do trabalho da Cynthia. Ela é conhecida principalmente por ser uma roboticista. Vamos ouvir um pouco sobre o trabalho dela com educação.

[Cynthia Breazeal] Eu gostaria de focar meu comentário sobre o impacto profundo e positivo que a Inteligência Artificial pode proporcionar, particularmente no que diz respeito à educação para todos.

Gostaria de destacar apenas um projeto em particular, pois acredito que ele ilustra bem essa questão. Nós sabemos que aulas particulares são uma forma bem mais efetiva para conseguirmos resultados de aprendizado do que esse tipo de aula no formato tradicional.

Com a Inteligência Artificial, temos capacidade de rastrear como as crianças interagem com os materiais digitais; temos modelos de Inteligência Artificial que são capazes de criar modelos personalizados de cada criança: “o que elas entenderam, o que elas não entenderam, qual é aquela informação específica que ela pertinho de entender?” Então, você constrói uma experiência de aprendizado altamente personalizada.

Nesse momento, estou envolvida em um projeto chamado “Curious Learning Initiative” que envolve múltiplas instituições. Nós estamos criando uma plataforma aberta, uma plataforma de AI para educação, especialmente para crianças sem condições financeiras. Por que com a proliferação da tecnologia, com a acessibilidade e escalabilidade, nós realmente podemos desenvolver sistemas nas condições mais extremas de aprendizado.

Estamos falando de vilarejos na Etiópia que ficam tão longe das escolas que as crianças não conseguem ir à escola. Estamos falando de salas de aula na África do Sul em que a taxa de professores para as crianças é de 80 para 1. Ou até mesmo em locais mais pobres nos Estados Unidos em que nem todas as crianças podem ir para a pré-escola porque não têm escolas suficientes… é um sistema parecido com loterias.

inteligência artificial 5

Nós temos estudado como essa tecnologia pode ser desenvolvida nos sistemas com resultados extremamente positivos.  Pra nós, a questão principal agora é a alfabetização. Conforme a Internet e a tecnologia se espalham, a alfabetização está se tornando uma questão crítica e a educação está se tornando um direito fundamental, assim como roupas, comidas e abrigo.

Então, há muitas oportunidades aqui, quando pensamos em todas essas tendências tecnológicas. Nós agora temos várias crianças aprendendo essa tecnologia em todos esses países e podemos aprender sobre como interagem com essa tecnologia, como aprendem em diferentes contextos.

Então, quando pensamos nessa oportunidade científica, percebemos que é um processo altamente social… não quer dizer apenas crianças com o nariz enfiado em tablets, mas elas estão compartilhando, estão conversando… as crianças estão vivenciando o processo natural de aprendizado apoiado pela tecnologia, então vejo isso como uma grande oportunidade de evolução e potencial para a evolução da educação para todos com a Inteligência Artificial.

[Moderadora: Leila Janah] Eu gostaria de falar também sobre essa questão de unir ciência à empatia. Michael, você é cientista. Como você vê que podemos pensar em empatia no contexto científico? Especialmente conforme desenvolvemos alguns desses novos sistemas, por exemplo, no Vale do Silício a gente vê pessoas pensando em como melhorar a inovação. Essas discussões geralmente não entram muito nesse contexto, nas primeiras etapas do processo.

[Michael Levitt] Eu diria que… eu queria dizer que muita coisa que acontece no Vale do Silício é ciência aplicada e quero pensar nisso em termos de ciência básica.

Eu acho, meu palpite é que, muitos desses cientistas, os de sucesso, são basicamente, talvez um pouco autistas e não necessariamente com habilidades de socialização. Ser um geek realmente faz a diferença, especialmente quando você foca em algo, quando está pensando em alguma coisa que você não consegue realmente explicar pra ninguém e se você tentasse, ninguém estaria interessado.

Então, de alguma forma, na ciência básica que está na fronteira, os cientistas vão pegando pedaços de informação que não fazem sentido à princípio. Eu acho que, por exemplo, no meu caso, eu era super autista, mas me casei quando tinha 20 anos e hoje tenho 6 netos, uma esposa e 3 filhos que fazem toda a diferença. (risos)

Acho que esse é um dos problemas… muitos dos cientistas básicos geralmente não sabem dizer porquê algo vai ser bom, ele simplesmente não sabe. E temos que perceber, e daí voltamos ao que você estava dizendo, muito da ética aqui vem de pensar que você sabe o que vai acontecer, mas se você olhar para tantas coisas que aconteceram, aconteceram de maneira inesperada. Talvez as tendências sejam previsíveis, mas você saber exatamente o que vai acontecer pode ser extremamente inesperado e eu acho que o mundo tem se afastado de ciência básica.

Muitos países não estão falando sobre pesquisa translacional, pesquisa aplicada, e isso é muito perigoso, porque se você sabe para onde está indo, você não vai achar algo interessante. É como dizer a uma pessoa “vá lá e faça isso”, ninguém vai realmente entender e encontrar… Então, eu acho que empatia é um assunto complicado, e eu nem sei o quão empático eu sou, minha mulher diria que não sou muito empático, é por isso que tenho uma mulher.

[Moderadora: Leila Janah] Pelo menos você tem consciência disso (risos). Mais alguém gostaria de comentar sobre isso? (risos) Não necessariamente sobre a empatia do Michael ou a falta dela, mas sobre o tópico em geral…

[Cynthia Breazeal] Eu acho que tem uma conversa boa rolando nesse momento. Eu sou uma pessoa de inovação, eu crio tecnologias, mas realmente quais são os valores humanos que aplicamos quando criamos essas tecnologias… Eu acho que conforme nós entendemos que temos supercomputadores em nossos bolsos, então tentamos realmente entender como podemos desenvolver e desenhar os sistemas e programas de uma forma que promova o desenvolvimento humano, realmente pensar além do apoio e da utilidade.

Pensar em como impactar a vida de pessoas reais, versus daqueles poucos especialistas e cientistas que estão envolvidos. Eu percebo muito mais, atualmente, um diálogo ativo e acredito que isso é absolutamente crítico.

[Joel Mokyr] Como economista, você sempre se preocupa com uma coisa que é, muitas vezes, as direções que a tecnologia toma são determinadas por forças de mercado, e a questão real que temos que realmente nos perguntar é: “Nós realmente queremos confiar no que o mercado decide em termos de para onde a tecnologia e a ciência estão indo?”

E temos muitas boas razões pra acreditar que esse pode não ser o caso. Esse é um caso clássico em que o mercado precisa de um empurrão de políticos, da opinião pública, de pessoas de fora do mercado, filósofos, eticistas e assim por diante.

Então, realmente importa se muitas das pesquisas deveriam ser para coisas como a malária, esquistossomose e doenças como essas, que afetam milhões de pessoas em países pobres, em vez de aplicar o dinheiro da pesquisa em vendas de livros para mulheres americanas saudáveis. Mas, infelizmente é para onde vai grande parte do dinheiro.

[Leila Janah] Ou em remédios para impotência sexual masculina para homens americanos saudáveis, só para ser justa (risos). Desculpe!

[Joel Mokyr] Touché! (risos). Mas o principal ponto aqui que vejo como economista. Falo com arrependimento, porque sou economista, mas falando francamente, eu sou treinado para acreditar em mercados. Entretanto, é importante ser capaz de ficar de um lado e dizer que, nesse caso particular, nós não deveríamos confiar no mercado. E daí, entra a questão claro, “em quem devemos confiar?”, e infelizmente eu acho que a qualidade dos nossos servidores públicos, particularmente nos dias de hoje nos Estados Unidos, não atinge as expectativas que precisamos para suprir o mercado.

Então, ficamos relegados a duas alternativas nada atrativas: uma é o mercado ditado pelo dinheiro e a outra são os políticos preocupados com votos. E infelizmente, nenhuma dessas duas são perfeitas, e nós não ficaremos com o melhor dos dois mundos, senhoras e senhores, nós apenas continuaremos a viver apesar das dificuldades.

[Moderadora: Leila Janah] Um pouco de pessimismo do ponto de vista do otimista de tecnologia, isso é surpreendente. Dzul.

[Dzul Razak] Eu acho que essa questão é muito relevante para países em desenvolvimento e para quem quer fazer ciência. O tipo de ciência que geralmente desenvolvemos vem principalmente do que acontece em países desenvolvidos. Nós sempre buscamos quais são as atuais tendências mundiais e tentamos imitá-las. E, às vezes, recursos são um grande problema.

Como você vê, malária, disenteria, diarreia, são todas doenças da Ásia e que provavelmente também são frequentes em muitos países em desenvolvimento. E eu fico feliz que o vencedor do prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina deste ano [2015] foi para uma pessoa que desenvolveu um produto natural à base de ervas para controle da malária. Esse é o tipo de pesquisa que eu acredito que seja relevante e boa para que os países em desenvolvimento evoluam. A menos que façamos isso, o conhecimento será secundário para nós.

[Cynthia Breazeal] Eu também adicionaria que tem novas formas de levantar recursos que estão acontecendo agora, crowdfunding [financiamento coletivo] sendo uma delas, em que indivíduos podem financiar e ajudar projetos que acreditam que sejam interessantes e importantes. Isso geralmente ajuda jovens startups e organizações sem fins lucrativos e os ajuda a crescer e arrecadar dinheiro. Essa é uma parte que acredito que precisa de muita inovação, mas eu acho que a democratização desse processo é um passo potencial que está ajudando.

[Moderadora: Leila Janah] Tenho uma pergunta feita pela audiência. Talvez leve a gente para uma direção um pouco diferente, mas talvez nós possamos terminar num tom mais divertido. “A Inteligência Artificial vai tornar as pessoas preguiçosas?” Michael.

[Michael Levitt] Sabe, antes, disseram que os GPS nos fariam incapazes de viajar, e eu acho que é justamente o oposto. Eu realmente gosto de descobrir novas formas de ir aos lugares. Eu não vejo nenhum motivo pelo qual a Inteligência Artificial nos faria preguiçosos, eu acho que inclusive os smartphones são bastante estimulantes e acho que o maior perigo é ser atropelado por um carro enquanto você lê e atravessa a rua escrevendo um e-mail. De outra forma, acredito que não.

[Joel Mokyr] Como economista, eu não reconheço a palavra “preguiçoso”, só conheço “preferências de lazer” (risos)… mas, a verdade é que durante toda minha vida e vocês devem ter uma ideia de quanto tempo estou aí, uma das grandes mudanças revolucionárias foi a introdução da calculadora e não estou falando de computadores, estou falando daquelas básicas que fazem as operações de dividir, multiplicar, adicionar e subtrair. E as pessoas se perguntaram: “Com a chegada dessas máquinas, será que as pessoas não irão perder seus conhecimentos em aritmética?”.

Agora temos computadores com capacidade de programar e fazer operações complexas e as pessoas se perguntam: “Não perderemos a habilidade de pensar?”. A resposta é “não”. Eu não acho que a Inteligência Artificial vai nos deixar preguiçosos. O que ela vai fazer é pegar nossas energias e canalizá-las para direções mais produtivas e efetivas porque alguém fará o trabalho básico pra gente.

Eu acredito que seja um grande passo pra frente. As máquinas não tornam as pessoas preguiçosas, apenas redirecionam suas energias, geralmente para direções mais produtivas e por isso, sou um grande otimista.

[Dzul Razak] Nesse sentido eu realmente acredito, mas quem direciona a Inteligência Artificial? Essa é a questão. Quando falamos em celulares e smartphones tudo bem, mas existe um estudo que mostrou que em um país específico, há mais pessoas que possuem celulares do que a quantidade existente de banheiros públicos. Banheiros públicos ainda são um problema nesse país em particular, mas celulares não são. Então nós não vemos nenhum equilíbrio sobre “pra onde a tecnologia está nos levando”. Nós temos necessidades humanas básicas que não estão sendo levadas em consideração no que diz respeito à tecnologia.

[Cynthia Breazeal] Então, eu concordo que a oportunidade de acessibilidade e escalabilidade que a tecnologia pode atingir, esperançosamente, com o tempo irá se corrigir. Mas, eu realmente acho que têm que haver escolhas conscientes e intencionais de design quando criamos essas tecnologias para garantir que elas considerem nossos valores humanos. E eu acho que nós procuramos significado em nossas vidas.

Eu não acho que a Inteligência Artificial nos fará preguiçosos, eu acho que nós somos guiados por essas coisas que nos levam a ter uma vida mais significativa. Eu acho que nós influenciaremos essas tecnologias para nos facilitar nossa habilidade de atingir esse objetivo.

[Moderadora: Leila Janah] Ótimo. Então agora eu gostaria de terminar com uma única frase, como um resumo, com a visão de vocês sobre “como a Inteligência Artificial vai impactar a humanidade” e tentem pensar como se fosse um tweet, com no máximo 140 caracteres. (risos)

[Michael Levitt] Eu não sou um Twitter, mas eu diria que tecnologia é uma grande oportunidade, apenas aproveite isso.

[Cynthia Breazeal] Eu diria que tecnologia tem que ser desenhada intencionalmente para fomentar o futuro dos seres humanos.

[Dzul Razak] Isso também, e eu adicionaria que tem que ser balanceada onde as dificuldades humanas se tornam uma questão importante.

[Joel Mokyr] E para todos aqueles que acreditam que os frutos da tecnologia já foram colhidos, e que já fizemos todas as invenções fáceis e que agora ficará cada vez mais difícil, minha previsão é: vocês ainda não viram nada!

[Moderadora: Leila Janah] Muito obrigada!

Monica de Lima

Relações Públicas focada em conteúdo. Leitora assídua de sites sobre comunicação, tecnologia e tendências, Mônica escreve sobre esses assuntos em seu blog Future Thinking 2050 e na sua página Future Thinking, divulgando artigos sobre tendências, tecnologia, comunicação e o mundo digital.

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