Felicidade: uma palavra tão antiga e, ao mesmo tempo, tão contemporânea. Mais do que nunca, estamos buscando felicidade.

A felicidade é um tema central de reflexão desde a antiguidade. Filósofos do período helênico construíram amplas concepções sobre o que torna a vida boa de ser vivida. Estes pensamentos foram a base para a pesquisa psicológica sobre a felicidade e o bem-estar nos anos 50 e 60 do séc. XX. A partir de modelos que destacam a felicidade enquanto prazer e virtude, o fenômeno pode ser medido e investigado em termos do seu impacto na qualidade de vida e seus principais preditores. A felicidade, enquanto fenômeno complexo, está constantemente sendo considerada, desde projetos individuais de vida até o planejamento de organizações e Estados.

Há exatamente 10 anos, eu estive envolvida em uma pesquisa chamada “Happiness”, ou seja, “Felicidade”. Esta era uma pesquisa que decorria de uma pesquisa inicial chamada “DNA Brasil” que realizamos e cujo o resultado foi o livro “DNA Brasil  – Tendências e Conceitos e Emergentes para as  Cinco Regiões Brasileiras”, o qual eu fui a organizadora. Realizada nas 5 regiões do país, onde cada participante recebia um “moleskine” e uma máquina fotográfica descartável, a pesquisa “Happiness” tinha como objetivo entender o que era felicidade para os brasileiros.  Durante 7 dias ininterruptos, cada participante precisava fazer  um registro escrito e fotográfico de pelo menos 3 momentos de bem-estar vivenciados no dia. De uma maneira geral, os momentos relacionados à felicidade eram sempre situações ordinárias e nada de extraordinário.  Normalmente eram situações simples do nosso dia-a-dia.

Hoje me deparo, novamente, com este tema em minha vida. Não pelo fato de muitos estarem falando sobre a tal felicidade, mas porque, no curso de pós-graduação em Psicologia Positiva que estou cursando, estamos estudando a Ciência da Felicidade.

Tal Ben-Sharar, professor israelense conhecido por ministrar o curso mais popular e concorrido da história de Harvard sobre “Psicologia Positiva”, e o terceiro curso mais popular da instituição, chamado de “A Psicologia da Liderança” – em que fala sobre a Ciência da Felicidade –, diz que o caminho que o fez estudar a felicidade foi justamente a sua infelicidade.

Por que será que este assunto tem atraído o interesse de tantas pessoas?  Por que vemos tantas pessoas tão infelizes? Vivemos em uma sociedade que nos impõe que sejamos felizes. Que precisamos ir atrás dos nossos propósitos e, erroneamente, muitas pessoas traçam como meta de vida serem felizes.  Segundo Ben-Sharar:

A chave não é encontrar a felicidade, a chave é aumentar os níveis de felicidade. A felicidade não é um ponto final que alcançamos, mas um caminho que percorremos. É possível que a maioria das pessoas, na maioria das vezes, aumente os níveis de felicidade, mesmo que seja um pouco. E esse é o objetivo final da ciência da felicidade.”

Ser feliz não significa sentir prazer o tempo todo. Esta expectativa é errônea e altamente frustrante. Felicidade é viver e desfrutar o momento presente, como também fazer algo com um objetivo futuro, algo que faça sentido a longo prazo.

O psiquiatra australiano W. Béran Wolfe , em 1932, resumiu o que para ele seria felicidade: “Se você observar um homem realmente feliz, ele o encontrará construindo um barco, escrevendo uma sinfonia, educando seu filho, cultivando dálias duplas em seu jardim ou procurando ovos de dinossauro no deserto de Gobi”.

É preciso ter um projeto, seja ele qual for. Objetivos dão sentido à vida, pois o caminho até atingí-los estará repleto de momentos felizes que cada um poderá experimentar.  Ter um propósito, algo que dê sentido à sua vida, te trará felicidade porque, como falei anteriormente, a felicidade não é o objetivo a ser atingido. A felicidade está no caminho a ser percorrido.

Ser feliz significa dar espaço às emoções, sejam elas positivas ou negativas. Sentir medo, angústia, tristeza e ansiedade é natural e humano.  Não podemos alimentar esta cultura exacerbada em que precisamos estar bem o tempo todo. Isso não é real, só gera mais frustração. A felicidade está relacionada ao “ser” (nosso interior) e não ao “ter” ( mundo exterior).  Na pesquisa “Happiness” que desenvolvemos em todo o país, este resultado ficou absolutamente evidente.

Já ouvimos aquela famosa frase: “Dinheiro não traz felicidade”.  E por mais que pareça meio Poliana, é a mais pura verdade. As pessoas mais felizes não são aquelas que tem mais dinheiro, que possuem uma bolsa de marca ou que fez a viagem para a paradisíaca Ilhas Maldivas. O que faz uma pessoa ser feliz está relacionado ao seu comportamento, como vivem cada momento de suas vidas.  São pessoas que valorizam os pequenos prazeres, pois eles estão acessíveis a todo o momento, está no ordinário, nos pequenos prazeres da vida.

Felicidade é continuar desejando aquilo que já se possui. “ Santo Agostinho

Mas acredito que para sermos  mais felizes é preciso aceitar a infelicidade. Sem esta aceitação não existe felicidade.

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Crédito da imagem da capa: Reaching For Happiness – Copyright © 2018, Tiffany McFarlane

Patricia Dalpra

Patricia Dalpra é estrategista em Personal Branding e Gerenciamento de Carreira, fundadora da PD Imagem e Carreira que surgiu da vontade de contribuir com as conquistas de pessoas e empresas através do desenvolvimento de uma estrutura que possa fundamentar e organizar uma marca e planejar uma carreira com base em seu DNA, preservando e valorizando sua essência para alcançar as melhores relações com a sociedade e o mercado. Pós- graduada pela Universidade Ramon Llull Barcelona – Madri e Formação Executiva em Brand Leadership pela Columbia University NY – EUA.

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