À medida que as relações evoluem entre profissionais e contratantes, e entre empregados e empregadores, formatos de trabalho mais abertos, mais flexíveis e mais talento-centrado também vão evoluindo como “open talent”, trabalho híbrido e pixelização.

Hoje, nós vamos focar na pixelização do trabalho e o que ela significa para o futuro do seu trabalho e para a sua empresa ou negócio.

O termo “força de trabalho pixelada” surgiu há pouco tempo, quando especialistas em futuro do trabalho buscaram um nome que traduzisse a fragmentação de algo mais amplo em algo mais específico.

Um pixel é a menor unidade que compõe uma imagem. Portanto, quanto mais pixels tiver uma imagem, melhor definição ela terá. Assim como agrupamentos de pixels formam imagens, um agrupamento de pessoas pode formar um trabalho mais abrangente. Ou seja, uma força de trabalho pode ser fragmentada em partes menores, sejam equipes, funcionários, projetos, squads ou tarefas individualizadas.

Uma vez que o trabalho é dividido em tarefas, pode abrir mais oportunidades para prestadores de serviços, terceirizados, consultores, freelancers e colaboradores fixos de uma empresa, que podem participar de diferentes projetos na empresa que trabalham, expandindo novos papéis de atuação. Na realidade, a pixelização afeta não somente a maneira como trabalhamos, mas como as empresas contratam e/ou realocam pessoas e como elas são desenvolvidas e retidas.

Então, o que a pixelização realmente significa para o futuro do trabalho? E como líderes podem atuar e definir estratégias?

No trabalho pixelado, cada profissional ou prestador de serviço é potencialmente uma “mini força de trabalho independente”. Em vez de um único empregador e de funções estáticas, será cada vez mais comum os profissionais trabalharem por projetos ou serviços com diversos “contratantes”.

O índice de escassez de talentos no Brasil superou a média global, atingindo 81% em 2022 — dez pontos percentuais a mais que o relatado por empregadores no ano anterior. Fonte: ManpowerGroup

A pixelização também pode ser uma alternativa para o fenômeno multissetorial “The Great Resignation” (a grande renúncia). À medida que a rotatividade de trabalhadores aumenta, a maioria das organizações luta para acessar talentos. No Brasil, embora estejamos com níveis altos de desemprego, o índice de escassez de talentos superou a média global, atingindo 81% em 2022 — dez pontos percentuais a mais que o relatado por empregadores no ano anterior. Assim, as organizações tendem a diversificar suas fontes de contratação e se abrir a novos formatos de trabalho.

A divisão do trabalho em projetos, squads e atividades pode tornar mais fácil encontrar candidatos internos na empresa que desejem desenvolver suas habilidades. Quando funcionários têm a chance de participar de um novo projeto que exija novas habilidades que normalmente não desenvolvem no seu trabalho diário –, podem ganhar experiências diversas e ampliar seu repertório.

Empresas que adotam uma abordagem mais pixelizada, também podem ter outros ganhos.

Maior agilidade:

Estruturas mais planas e menos hierárquicas simplificam o processo de tomada de decisão. A atribuição de tarefas permite que líderes realoquem talentos para atender prioridades que vão surgindo.

Quebra de silos:

Altera a mentalidade departamentalizada para operar na lógica da cocriação. Em empresas maiores, é quase impossível gestores terem uma visão mais ampla e completa das habilidades e capacidades dentro da organização. Mas na força de trabalho pixelizada, eles podem identificar quem tem as habilidades e capacidades de que precisam para realizar determinadas tarefas.

Maior retenção:

A falta de oportunidades para crescer na empresa é a segunda razão mais importante que leva funcionários a procurar outro emprego, de acordo com recente pesquisa da Pew. A pixelização pode criar maior visibilidade das oportunidades que surgem para que colaboradores participem, capacitem-se e avancem em suas carreiras.

Desenvolvimento de habilidades:

Recente pesquisa do Gartner mostra que líderes de RH entendem a importância de desenvolver habilidades e competências e consideram como prioridade número um para 2022. Uma força de trabalho mais pixelizada pode abrir frentes para que colaboradores tenham experiências práticas de aprendizado, aprofundando seus conhecimentos.

Uma vez que o trabalho é subdividido, é preciso um mecanismo que permita que essas partes se organizem e se movimentem com fluidez. É aqui que “marketplaces de talentos” podem ajudar. A tecnologia dessas plataformas combina profissionais/funcionários com projetos e serviços com base em suas habilidades, capacidades e interesses. Em suma, essas plataformas agrupam os pixels de trabalho de maneira que faça sentido tanto para a empresa quanto para as pessoas.

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Em breve, vamos abrir uma nova turma da e-Formação voltada para lideranças e profissionais de todas as áreas, para que possam compreender movimentos e transformações e se posicionem de forma ágil, antecipando oportunidades no mercado de trabalho e em negócios sintonizados com o futuro.

Imagem da capa: iStock

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Lilia Porto

Economista, fundadora e CEO do O Futuro das Coisas. Como pensadora e estudiosa de futuros tem contribuído para acelerar os próximos passos para organizações e para uma sociedade mais justa e equitativa.

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