Em um futuro próximo, Theodore, um homem solitário e ainda perturbado pelo fim de seu casamento, se apaixona pela voz feminina de um sistema operacional avançado.

Essa é a história de amor – pouco convencional – do filme Her, de Spike Jonze.

A sedutora inteligência artificial, chamada Samantha e dublada pela atriz Scarlett Johansson, é capaz de aprender, de expressar emoções e de compor a própria personalidade de acordo com as necessidades do seu dono, interpretado pelo ator Joaquin Phoenix.

Ao longo do filme, Samantha revela-se uma companheira cada vez mais carinhosa, amável e sensível.

Mas Her, também mostra o problema da ausência de um corpo físico no relacionamento, impondo limites para o sentimento despertado em Theodore.

O corpo físico e os robôs

jibo

Tanto o corpo físico como a mente são importantes em um relacionamento. Então, o que deverá ser desenvolvido mais rápido por tecnólogos e cientistas?

Um corpo perfeitamente humano ou uma inteligência artificial (AI) também perfeitamente humana?

É mais provável que a IA seja desenvolvida mais rapidamente antes de ser criado um corpo igualmente convincente para colocá-la.

Sabemos que há uma corrida no desenvolvimento de robôs cada vez mais humanos.

Como Louise Aronson explicou no New York Times, há uma enorme necessidade de cuidadores de idosos. Tecnólogos em todo o mundo estão trabalhando para criar robôs que possam exercer estes cuidados.

Pesquisadores do MIT apresentaram recentemente um protótipo de assistente pessoal chamado Jibo, que se propões a executar tarefas domésticas e coordenar os sistemas de uma casa inteligente.

Jibo tem uma presença física para evocar uma versão rudimentar de personalidade e usa o reconhecimento facial para identificar com quem está falando, além de se inclinar em direção à pessoa que está falando.

Esta é uma versão inicial de algo que se tornará bastante comum: robôs com softwares que integram características humanas, seja voz ou movimento e a possibilidade de executar tarefas progressivamente mais complexas.

Há também os bonecos sexuais, protótipos de futuros robôs para essa finalidade. Empresas como RealDoll e Roxxxy produzem bonecas que parecem mulheres reais, incluindo temperatura corporal e textura da pele.

No entanto, ainda falta nestes bonecos, algo essencial: a inteligência para interagir com o parceiro ou parceira.

Quando a tecnologia robótica e a inteligência artificial estiverem mais avançadas, é possível haver uma disposição das pessoas em dividir seus momentos com um parceiro não-humano.

Talvez as pessoas se apaixonem e até casem com robôs, o que poderia reformular a sociedade como um todo. De acordo com um relatório sobre inteligência artificial, “parceiros sexuais robóticos se tornarão comuns” em 2025.

Mas é difícil fazer qualquer previsão agora.

É possível se apaixonar por uma inteligência artificial?

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Talvez você ache que seja impossível se apaixonar por uma inteligência artificial.

Mas, pense um pouco em sua vida romântica.

Em algum momento do seu passado, você se apaixonou por alguém que depois percebeu que não era bem aquilo que pensava que fosse?

Em outras palavras, você não conhecia bem a pessoa, mas ficou temporariamente seduzido por ela, seja por atração física ou por algum interesse em comum.

É possível que em algum momento de sua vida, tenha tido emoções fortes em relação à uma pessoa, com base em informações muito limitadas.

Catalina Toma, professora de comunicação na Universidade de Wisconsin, diz que quando nos comunicamos com alguém e temos poucas pistas da expressão facial e da linguagem corporal – como acontece em sites de relacionamento e chats – criamos uma maior idealização dessa pessoa.

Agora considere o que um software possante, mesmo sem um corpo físico, pode fazer para despertar sentimentos, se ele:

1. consegue aprender absolutamente tudo sobre você: gostos, preferências e repulsas.

2. é capaz de dar as melhores respostas que você precisa para tomar uma ação ou decisão, coisa que um amigo real nunca conseguiu.

3. é capaz de aconselhar com extremo cuidado e carinho;

4. consegue cuidar de sua saúde, das suas finanças, das suas amizades, e tudo o mais que você precisa.

5. é capaz de lhe acolher com palavras de ânimo e otimismo.

6. é capaz de lhe surpreender positivamente;

7. é capaz de lhe dar amor e se mostrar apaixonado.

Com todas estas coisas, é mais provável que tudo que menos importe é que essa Inteligência seja “artificial”.

Laços de afeição

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As relações que iremos criar com tecnologias que simulam a personalidade humana poderão não ser tão ricas como aquelas que temos com nossa família e amigos, mas elas terão potencial para tornarem-se significativas.

Como exemplo, há outro filme que explorou esta questão. Em Robot and Frank, um homem cria uma amizade com um robô que começa como seu assistente de saúde em casa e, acaba tornando-se seu parceiro no crime.

No final do filme, é necessário que Frank apague a memória do robô para que ele “esqueça” tudo o que os dois passaram juntos. Ele sabe que é apenas um robô, mas o momento é triste e doloroso, porque os dois têm uma história de vida compartilhada.

Essa amizade nesse filme, pode significar menos do que uma amizade humana, mas ainda assim tem um grau de profundidade.

Isso pode ser um indício de que à medida que avançamos em direção a uma poderosa inteligência artificial, as máquinas podem começar a preencher papéis de companheiros.

Sites de Relacionamento

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Um dos primeiros e maiores sites de relacionamento online – o eHarmony – desde a sua fundação em 2000, tem ajudado milhares de pessoas a encontrarem a sua “outra metade”.

Como o próprio cientista sênior da e-Hamrmony, Gian C. Gonzaga, explica: “é possível derivar empiricamente um algoritmo que prevê a relação de um casal mesmo que os dois nunca tenham se encontrado.”

Uma coisa que pode frustrar um encontro às cegas é a falta de química entre o casal que se encontra fisicamente pela primeira vez.

Amber Kelleher-Andrews, CEO da empresa de relacionamento Kelleher International, prevê um futuro onde as pessoas se encontram on-line e colocam uma mão sobre a tela para “testar se elas têm química.”

Talvez isso não esteja muito longe acontecer. Empresas como a Instant Chemistry já analisam o DNA para descobrir a compatibilidade entre os casais para ajudar o relacionamento florescer.

O avanço destas tecnologias e de algorítimos certamente proporcionarão muito mais oportunidades para uma pessoa encontrar o seu parceiro ou parceira ideal.

O que mais intriga e assombra é a possibilidade das máquinas com inteligência artificial, um dia construirem conosco, laços de amizade e de afeto.

 

Fontes: The American ProspectIEET, IEA-USP, The Verge e CNN Money.

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