Imagine um musical – com toda a sua complexidade de cenas, narrativa, músicas, etc – sendo produzido pela Inteligência Artificial.

Uma experiência que até então ninguém teve a ousadia de fazer. Mas, vamos levar em conta que ainda não tinha sido feita porque essa tecnologia é recente.

Beyond the Fence é o primeiro musical no mundo criado pelo poder computacional, previsto para estrear em Londres em 22 de fevereiro de 2016.

A produtora Catherine Gale, que pediu ajuda a renomados cientistas para ajudá-los, assumiu ao The Guardian que, desde que começaram, tem sido realmente “uma experiência louca” e que no início não tinham ideia do que podia acontecer.

O musical é ambientado em 1982 e narra a história de Maria e sua filha que viviam há um ano no Greenham Commom, um campo de paz, protestando contra a chegada de mísseis norte-americanos. É uma história sobre “convicção, união e amor”, de acordo com os produtores.

Beyond the Fence começou de fato como uma experiência, com pessoas pesquisando como produzir um bom musical, desde produção e história até músicas.

A criação final pode até parecer um Frankenstein, pois o musical teve a colaboração de vários projetos europeus de IA. No Machine Learning Group da Universidade de Cambridge, os cientistas analisaram fatores como o tamanho do elenco, cenários e gêneros que influenciam o sucesso de um musical.

Já o software What-If Machine da Universidade de Londres, que inventa idéias fictícias para tudo, desde histórias a anúncios – ajudou na geração dos personagens principais e temas centrais da narrativa.

A estrutura do enredo e a trama foram geradas com a ajuda do Dr. Pablo Gervás, da Complutense Universidade de Madrid, utilizando um sistema computacional chamado de PropperWryter.

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Dr Pablo Gervás da Complutense Universidade de Madrid mostra à Benjamin Till e à Nathan Taylor o PropperWryter, ferramenta de geração de narrativa usada no Beyond the Fence. (Foto: Sky Arts TV)

 

As músicas ficaram a cargo de Nick Collins, na Universidade de Durham, que é o co-inventor do alogorave, um evento onde as pessoas se reúnem para dançar com músicas criadas por algoritmos.

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Dr. Nick Collins, da Universidade Durham explica à Benjamin Till sobre o Android Lloyd Webber, o software de composição algorítmica que ele criou. (Foto: Sky Arts TV)

 

Mas, também teve o trabalho exclusivo de profissionais “humanos”: as letras foram criadas pela escritora e atriz Nathan Taylor e seu marido, o compositor Benjamin Till, do musical Our Gay Wedding.

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The Cloud Lyricist, um sistema de rede neural, também foi utilizado no Beyond the Fence. (Foto: Sky Arts TV)

 

Todo esse processo de criação do musical está sendo documentado para o “Computers Says Show” um programa de TV inglês.

Outras proezas da Inteligência Artificial

Esta não é a primeira vez que os computadores tiveram que descobrir a receita para um trabalho artístico bem sucedido. Vault, uma empresa israelense de Inteligência Artificial, desenvolveu algoritmos que podem prever se um filme será sucesso ou não de público com até 70% de precisão, apenas “lendo” o script. O software também leva em conta o poder de estrelato dos atores.

No mês passado, a banda Years & Years lançou um videoclipe com a ajuda da inteligência artificial:

E no início de Novembro, o Weather Anomaly lançou um video com ilustrações geradas por computador.

Todos esses projetos são parte de um movimento que está crescendo chamado Criatividade Computacional, e que, na realidade, pode ajudar os artistas e profissionais, e não necessariamente ser uma ameaça. Pelo menos não por enquanto.

 

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