Vida pessoal e trabalho são percebidos sob a mesma ótica, e isso vai permear a decisão dos jovens de ficar ou de sair de uma empresa” – Danilca Galdini.

Neste vídeo, Simon Sinek expressa sua admiração pela Geração Z: “Eles são de fato ativistas, não apenas usam #hashtags para manifestar seus descontentamentos. Eles estão chegando num momento complexo, onde veem tensões em seus próprios países, polarizações políticas, coisas que nós mesmos nunca vimos antes e isso está  formando a visão de mundo deles. Eles têm que lidar com isso e estamos vendo o aumento da ansiedade, da depressão e das taxas de suicídio e estamos apenas deixando-os por conta própria. Por que não guiá-los? Por que não orientá-los? Somos responsáveis por eles”

Vamos começar com algumas perguntas direcionadas a líderes e gestores que irão receber em breve – ou já estão recebendo – pessoas que hoje estão na faixa de 10 a 25 anos:

1. Vocês se interessam verdadeiramente pelos seus liderados?

2. Como geram protagonismo para sua equipe?

3. Qual seu foco: comando e controle?

4. Promovem práticas multidisciplinares?

5. Aplicam metodologias ágeis na empresa?

6. Como criam uma cultura de autonomia?

7. Como ouvem o time?

8. Existe um ambiente de confiança?

9. Como unem os diferentes departamentos da empresa?

São nove perguntas para que comecem a pensar sobre como estão se relacionando com os Millennials, e em breve com a geração Z.

Ainda existe nas empresas, a cultura da competição e da hierarquização, muito diferente da vibe desses jovens.

O gráfico acima sintetiza o perfil das gerações. (Crédito: Mapfre)

Como sempre foi na história da humanidade, efetivamente enfrentamos o confronto de gerações, em que os mais velhos criticam os mais jovens pelas mudanças de atitudes, valores e cultura. Em pleno 2020, isso não é diferente. Há várias opiniões a respeito dos jovens, algumas bem pessimistas e outras muito otimistas. Particularmente, tenho uma visão positiva e prefiro trabalhar o presente para que o futuro seja mais leve e mais promissor.

Precisamos trabalhar nossas soft skills com urgência. Acredito que uma das mais importantes seria a empatia, ou seja, a capacidade de olhar para o outro, perceber os sentimentos de quem está do seu lado, ouvir, compartilhar e ajudar. Sugiro um exercício muito rico. Assista o vídeo e experimente sentir:


Um Minuto de Silêncio. Em maio de 2010, Marina Abramovic, considerada por muitos uma das artistas mais polêmicas da atualidade, fez uma performance ao vivo no MoMA, em Nova Iorque, chamada ”The Artist Is Present”. Durante 3 meses e por várias horas do dia, Abramovic sentava-se silenciosa em uma cadeira. Um a um, os visitantes do museu sentavam à sua frente e olhavam para ela por um longo período de tempo. O máximo que conseguissem. Foi então que Ulay, seu ex-companheiro por 12 anos, chegou sem que ela soubesse. Veja o que aconteceu.

Vivemos um frenesi tão intenso de informações, de trabalho e de emoções que acabamos por subjugar alguns acontecimentos, pessoas e ações. Olhar a vida com mais empatia ajuda também a desenvolver outras habilidades como: resolução de problemas complexos, criatividade, gestão de pessoas, orientação para servir e inteligência emocional.

Trabalhar para a geração Z significa lifestyle. Não fará mais sentido para um jovem que estará no mercado de trabalho dentro de 2 ou 3 anos, tornar o trabalho sua zona de conforto, muito menos não compactuar com o propósito da empresa, além de querer ter a certeza de que esse propósito é real e aplicável.

Uma área que será extremamente necessária é a de Gestão de Cultura nas empresas, assim como o setor de RH, que se modernizado deve ser um polo importante em qualquer tamanho de organização. As empresas a partir de agora devem estar preparadas para também serem avaliadas pelos candidatos pois estes definitivamente entendem o trabalho como uma extensão de sua casa, não havendo mais distinção entre vida pessoal e profissional. Tudo se mistura e a empresa precisa parecer e permanecer atraente para o jovem.

Geração sensível aos complexos desafios que passa a humanidade e o planeta. (Foto: Markus Spiske)

Jovens mais críticos e seletivos, com forte interesse por temas sociais e ambientais; já temos um exemplo gigante que é a Greta Thunberg, de 17 anos, voz ouvida em todo o mundo, palestrante da ONU e ativista reconhecida. Não precisamos mais construir uma vida de experiências para em um determinado momento sermos reconhecidos. Hoje, com o mundo digitalizado, todos têm voz.

Exemplo disso é o mais novo aplicativo Tik Tok, que mobiliza o planeta com vídeos curtos para o público de 13 a 24 anos. Cada um exibindo sua verdade e sua opinião no momento, de forma leve, divertida e sem padrões.

O que a geração Z mais valoriza em uma empresa?

Segundo a Fundação Estudar*, os valores da geração Z são:

1. Propósito alinhado

2. Respeito à diversidade

3. Transparência nas informações

4. Treinamento e mentoria

5. Feedback frequente

6. Diálogo

7. Colaboração

* Fonte: Revista Você RH, dezembro 2o19.

A pergunta que fica é: estamos preparados? ou somente grandes corporações multinacionais estão se adaptando à essa realidade?

Não podemos pensar que essas transformações sociais e culturais não vão chegar às micro, pequenas e médias empresas.

Aliás, não é somente o meio corporativo que deve olhar com novas lentes, as escolas e o varejo também, afinal essa é a geração das opiniões.

Claro que junto com as grandes e positivas novidades virão também os pontos negativos que permeiam o uso abusivo das multi-telas e redes sociais. Cabe às famílias, escolas, organizações e empresas estarem prontas para administrar a transformação de gerações.

Raio X da geração Z:

– Deixam de lado as diferenças;

– Inclusivos e avessos a preconceitos;

– Doidos por redes sociais;

– Dificuldade com hierarquias;

– Colaborativos;

– Nasceram achando que podem tudo, não sabem esperar;

– Acostumados com likes nas redes, precisam de constante e rápido feedbacks;

– Não se apegam a instituições e cargos;

– Querem viver experiências.

O que esta lista acima quer dizer? Que a geração Z, mais do que todas as anteriores, quer deixar sua marca na sociedade; fazendo diferença e contribuindo para uma constante evolução.

Enfrentaremos dificuldades, pois eles nasceram do mundo digital, com a impaciência e a necessidade de aprovação constante mas precisamos olhar para essa geração com um olhar promissor. Será uma época de testes rápidos e resultados tão rápidos quanto. Teremos uma geração que não aceitará racismo, preconceitos e distinções. Jovens aptos a olhar para o próximo com igualdade e curiosidade. Isso não é maravilhoso?

Será eles irão construir um mundo mais equilibrado, onde o avanço tecnológico vai andar na mesma velocidade do avanço social? Pessoas mais felizes e bem resolvidas com suas escolhas? O caminho para o fim das diferenças de cor, credo e opção sexual? Um mundo mais leve?

Que venha a geração Z, cheia de vontade de mudar o mundo. O nosso papel é nos prepararmos para recebê-los, ensinar e aprender com eles. Permitir que possam usar suas melhores skills, sejam elas hard ou soft, para fazer de seu entorno um lugar bacana de viver e deixar o seu legado para as próximas e incríveis gerações que virão. Quem sabe um dos legados seja acabar o conflito entre cada mudança de era, criando um flow em nossa história.

Crédito da imagem da capa: Johen Redman

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Ana Penso

Ana Penso é designer autoral, professora e especialista em educação moderna com ênfase em ensino digital. Apaixonada por ensinar e fazer conexões, acredita no poder de mudança do ser humano através da cultura, da educação e do design.

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