A convergência de tecnologias – como a computação, a inteligência artificial, a impressão 3D e o sequenciamento genômico – fará com que na próxima década, tenhamos avanços médicos surpreendentes.

Isso significa que você poderá se prevenir de inúmeras doenças e ter a cura de muitas outras.

Veja apenas algumas iniciativas, para ter uma dimensão dos esforços…

Mark Zuckerberg e sua esposa, Priscilla Chan, prometeram esse ano investir mais de 3 bilhões de dólares em um plano (inspirados na filhinha deles) para “curar, prevenir ou tratar todas as doenças dentro do tempo de vida de nossos filhos“…

Os investimentos do casal incluirão um centro de pesquisas de biociências, chamado Biohub, e um chip para diagnosticar doenças.

No início deste ano, Sean Parker, fundador do Napster, doou US$ 250 milhões para potencializar o trabalho colaborativo entre pesquisadores no desenvolvimento de terapias imunológicas contra o câncer…

O Google está desenvolvendo lentes de contato para diabéticos que monitoram os níveis de açúcar no sangue…

E, por falar em monitores, já temos dispositivos como o Fitbit e o Apple Watch que monitoram as atividades físicas, os ciclos do sono, os níveis de estresse e de energia, e enviam esses dados para servidores via smartphones.

Os próprios smartphones já possuem inúmeras aplicações para o controle de sinais vitais e avaliação de estados emocionais e psicológicos.

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Cientistas da Washington State University anunciaram semana passada (23/10/16), que criaram um laboratório móvel com o iPhone, o qual pode diagnosticar o câncer com uma precisão de 99%. (Fonte: ExtremeTech)

 

Outro grande passo foi o sequenciamento do genoma humano, concluído em 2001, a um custo aproximado de US$ 3 bilhões. Hoje, é possível sequenciar por cerca de US$ 1.000, e com os custos caindo rapidamente, em 2022, poderá ser mais barato do que um exame de sangue

Quando finalmente o sequenciamento do genoma estiver disponível para a maioria das pessoas, todo o conceito de prescrição de medicamentos mudará.

E há também a inteligência artificial. Computadores cognitivos como o Watson, da IBM, têm sido usados para a análise de grandes dados (big data), não só na pesquisa genômica, mas também na biotecnologia.

Esses super computadores possibilitam que cientistas compreendam melhor como os genes afetam a nossa saúde, e de como o meio ambiente, os alimentos e os remédios afetam a complexa interação entre os nossos genes e os nossos organismos.

A Próxima Fronteira Médica

O microbioma, ou seja, as populações bacterianas que vivem dentro de nós, representam a próxima grande fronteira médica.

O nosso corpo tem 10 vezes mais micróbios do que células. Por isso, as pesquisas nesta área abrangem possibilidades surpreendentes de tratamento para doenças modernas como diabetes, câncer e obesidade.

O microbioma é um campo tão cobiçado justamente porque pode ser o elo perdido entre meio ambiente, a genômica e a nossa saúde.

microbioma

Por exemplo, algumas crianças nascem com uma predisposição genética ao diabetes tipo 1. Pesquisadores acompanharam o que acontece com as bactérias estomacais de crianças desde o nascimento até o terceiro ano de vida e descobriram que aquelas que tornaram-se diabéticas tiveram uma redução de 25% na diversidade das bactérias intestinais (possivelmente causada por antibióticos).

Os cientistas também estão encontrando uma correlação entre o microbioma e a obesidade. Ou seja, bactérias podem causar muito mais a obesidade do que os alimentos.

Em relação à alimentação, os microbiologistas das maiores empresas de alimentos do mundo estão trabalhando em pesquisas e desenvolvimentos de alimentos especiais…

Como diz Jeff Leach, fundador do Human Food Project, “nos próximos anos, você irá encontrar quilômetros de prateleiras de supermercados com produtos que promovem nosso microbioma.”

Design de Super Humanos

A mais surpreendente tecnologia genética de todas – que também é assustadora – é o CRISPR. Graças à ela, editar o DNA tornou-se tão fácil para os geneticistas quanto editar um texto no Word.

Essa técnica permite que cientistas modifiquem genomas com uma imensa precisão. Isso tem o potencial de eliminar algumas doenças debilitantes e criar super humanos.

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Mas, o CRISPR/Cas9 tem um lado preocupante…

Em abril de 2015, cientistas chineses anunciaram que aplicaram a CRISPR em embriões humanos. Eles editaram um gene específico para neutralizar – antes do nascimento – a ameaça de uma doença fatal.

Só que, dos 86 embriões utilizados no experimento, apenas 28 tiveram seu DNA editado com sucesso, e somente 7 deles perderam o gene nocivo. Em alguns embriões, a técnica errou o alvo e atingiu o DNA em outras partes – o que poderia causar novas doenças, em vez de evitá-las.

Mesmo que haja riscos, a CRISPR é tão acessível e fácil de usar que centenas de laboratórios em todo o mundo estão experimentando essa técnica.

Imprimindo qualquer coisa em 3D

Hoje, com a impressão 3D, é possível fabricar próteses médicas, equipamentos e produtos farmacêuticos.

Um grupo escocês vem trabalhado na impressão 3D de medicamentos. O primeiro já foi aprovada pela FDA em 2015…

Agora, imagine você ter um medicamento personalizado em uma dose personalizada de acordo com a sua genômica e que uma farmácia local pudesse imprimi-lo para você, isso tudo sem envolver as grandes indústrias farmacêuticas.

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A impressão 3D terá uma influência muito forte sobre a indústria de cuidados da saúde. (Cortesia da imagem: Star Infranet)

Há também avanços em próteses impressas em 3D. A empresa UNYQ, por exemplo, está “imprimindo” membros para pessoas com deficiência…

A Ekso Bionics desenvolve exoesqueletos robóticos para ajudar pessoas com paralisia a caminhar novamente…

A Second Sight criou uma prótese de retina artificial, aprovada pela FDA, a Argus II, que possibilita uma visão limitada, porém funcional, para aquelas pessoas que perderam a visão devido à retinite pigmentosa.

Até 2030, é esperado que tenhamos tecnologias que nos deem uma perfeita visão, audição e força, como naquela série “O Homem de Seis Milhões de Dólares”, exibida nos anos 1970.

A Democratização das Tecnologias

Levará algum tempo para que novas tecnologias e técnicas estejam acessíveis para pessoas comuns…

Mas, não haverá de demorar tanto: como diz Vivek Wadhwa, a forma como a indústria tecnológica constrói valor é democratizando a tecnologia e reduzindo custos para permitir o acesso a bilhões de pessoas.

Dentro de alguns anos, o nosso genoma, o nosso microbioma, o nosso comportamento e o meio ambiente serão mapeados e medidos…

É por isso, que pra nós seja muito bom que empresas como a IBM, o Facebook e o Google estejam investindo pesado nos cuidados de saúde… é claro que essas empresas têm uma motivação para nos manter saudáveis: para que baixemos mais aplicativos em vez de ficarmos limitados aos medicamentos prescritos.

O Futuro das Coisas

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