A senescência celular é um fenômeno irreversível que ocorre quando o processo natural de divisão celular cessa no tecido humano. Acredita-se que contribua para o envelhecimento e para várias doenças relacionadas ao próprio envelhecimento, como a doença de Alzheimer, diabetes tipo 2 e vários tipos de câncer.

Em 2015, pesquisadores da Clinica Mayo mostraram que células senescentes  ou “células zumbis” se acumulam ao longo do tempo e obstruem a função eficiente de nossos corpos. Elas também emitem fatores pró-inflamatórios que aceleram o envelhecimento degenerativo. Estes pesquisadores identificaram uma classe de compostos chamados senolíticos, que podem remover seletivamente células senescentes. Ao se livrar dessas células nocivas, os  senolíticos aumentaram a vida média pós-tratamento de camundongos idosos em 36%. Esses compostos senolíticos também diminuíram a deterioração física relacionada à idade e impediram o declínio cognitivo nos modelos de roedores.

Por experimentos em laboratórios em amostras de tecido, quando células senescentes são eliminadas, isso retarda a degeneração relacionada à idade, prolongando a vida útil. O desafio era encontrar uma maneira de fazer isso em humanos.

Cientistas da Universidade de Leicester, que buscavam melhorar a potência e a segurança dos senolíticos, criaram agora um novo método que pode transformar os tratamentos antienvelhecimento e doenças relacionadas.

Com a colaboração de pesquisadores da Universidade Aberta da Catalunha na Espanha, da Cross River University of Technology na Nigéria, da Universidade Umm Al-Qura na Arábia Saudita e da empresa farmacêutica Abzena, a equipe internacional desenvolveu um tipo de depuração direcionada de células senescentes em um tratamento pioneiro com anticorpos.

O novo método remove acúmulos de células senescentes, usando anticorpos como ‘bombas inteligentes’ projetadas para reconhecê-las e matá-las. A conjugação anticorpo-medicamento (um anticorpo carregado com um medicamento) atua contra um marcador de membrana de células senescentes, eliminando-as especificamente.

Dr. Salvador Macip, professor e chefe do Laboratório de Mecanismos do Câncer e do Envelhecimento da Universidade de Leicester e autor do estudo, disse:

“Os senolíticos são uma nova classe de medicamentos com grande potencial para o anti-envelhecimento. No entanto, os que temos hoje são bastante inespecíficos podendo causar fortes efeitos colaterais. É por isso que há muito interesse em uma segunda geração de medicamentos, os senolíticos direcionados, que podem eliminar células senescentes sem afetar as demais. Copiando uma ideia já utilizada em terapias contra o câncer, ajustamos um anticorpo para que ele pudesse reconhecer essas células e aplicar uma carga tóxica especificamente nelas”.

Os resultados deste estudo de prova de conceito serão usados ​​como base para novos estudos de tratamentos direcionados à senescência, o que pode representar uma grande salto no tratamento de doenças do envelhecimento.

O estudo foi publicado na revista Scientific Reports

Imagem da capa: Elymas/Depositphotos

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