Para quem tem receio que a inteligência artificial (AI) assuma o controle de tudo e roube os empregos uma boa notícia: essa tecnologia pode melhorar o desempenho humano.
Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade Yale publicado há 5 dias na revista Nature demonstrou isso. E a AI não precisa sequer ser super sofisticada para fazer a diferença na vida das pessoas; Mesmo uma “simples AI” pode colaborar.
Em uma série de experimentos usando equipes de jogadores (pessoas) e softwares (“bots”), estes últimos impulsionaram o desempenho tanto das equipes quanto dos jogadores individuais.
O experimento foi feito com um jogo online em que as equipes tinham que coordenar suas ações para atingir uma meta em comum (uma meta coletiva). A meta era que cada ponto tivesse uma cor diferente de todos os seus vizinhos. Os participantes receberam US$ 2 e um bônus decrescente de até US$ 3, dependendo da velocidade de chegarem a uma solução (em comum) para o problema de coordenação (em que cada jogador da equipe tinha escolhido uma cor diferente de seus vizinhos). Quando não alcançavam uma solução (em conjunto) dentro de 5 min, o jogo terminava e ninguém recebia nenhum bônus.
Os pontos quadrados mostram os robôs e os redondos os jogadores humanos; As linhas vermelhas espessas mostram os conflitos de cor, que são reduzidos com a participação do bot (à direita). (Crédito: Hirokazu Shirado e Nicholas A. Christakis / Nature)
“Grande parte da atual discussão sobre a inteligência artificial foca nela sendo uma substituta dos humanos. Acreditamos que essa discussão deva ser na AI como um complemento para os humanos”. – Nicholas Christakis, co-diretor da Yale Institute for Network Science (YINS) e autor sênior do estudo.
Os jogadores interagiram com bots AI anônimos programados com três níveis de aleatoriedade comportamental – o que significa que esses bots, às vezes, de forma deliberada, cometiam erros (só para atrapalhar). Como também, os bots às vezes eram colocados em diferentes partes da rede de conexões para tentar diferentes estratégias.
Resultado: Os bots reduziram o tempo médio em 55,6% para que as equipes resolvessem os conflitos. O experimento também mostrou um efeito em cascata: jogadores cujo desempenho melhorou ao trabalhar com os bots, eles acabaram influenciando os outros jogadores na melhora do desempenho. Mais de 4.000 pessoas participaram desse experimento, que utilizou o software chamado breadboard desenvolvido pela Yale.
Os resultados têm implicações para uma variedade de situações em que as pessoas interagem com a tecnologia da AI, de acordo com os pesquisadores. Os exemplos incluem os excitadores humanos que compartilham de estradas com carros autônomos e as operações em que os soldados humanos trabalham em tandem com AI.
“Os bots podem ajudar os humanos a se ajudarem”, acredita Christakis. Um exemplo prático disso: o CEO da Salesforce, Marc Benioff, usa um bot, chamado Einstein, para ajudá-lo a administrar sua empresa.
Com tecnologia avançada de aprendizado de máquina, aprendizado profundo, análise preditiva, processamento de linguagem natural e descoberta inteligente de dados, bots como o Einstein podem ser personalizados para cada cliente. E mais importante, esses bots podem ser incorporados ao contexto do negócio, descobrindo automaticamente insights relevantes, predizendo comportamentos futuros, recomendando proativamente ações e automatizando tarefas.
“AI é a próxima plataforma. Todos os futuros aplicativos para empresas serão construídos em AI “, prevê Benioff.
Fonte: Nature