Nos últimos anos, pesquisadores tentaram descobrir maneiras de identificar a doença de Alzheimer em seus estágios iniciais, antes que os principais sintomas se desenvolvessem.

Algumas pesquisas já sugerem que certos sinais de deterioração na retina poderiam ser um indício do começo da neurodegeneração. Novas pesquisas apresentadas recentemente no Encontro Anual da Academia Americana de Oftalmologia fortalecem as evidências de que o Alzheimer pode ser diagnosticado, em questão de segundos, num escaneamento ocular não invasivo.

Este campo de pesquisa foi impulsionado por uma nova tecnologia de imagem não invasiva chamada angiotomografia de coerência óptica (Angio-OCT). Essa tecnologia permite que médicos gerem imagens em alta resolução, de forma rápida, mostrando o fluxo sanguíneo volumétrico no olho.

Pesquisadores da Duke University estão utilizando também essa tecnologia para investigar as mudanças na retina associadas ao Alzheimer. A pesquisa deles comparou os dados ópticos de pacientes com Alzheimer com indivíduos saudáveis ​​e aqueles com comprometimento cognitivo leve.

Os primeiros resultados apresentados revelaram vários biomarcadores em pacientes com Alzheimer, como um afinamento da camada da retina e uma diminuição de pequenos vasos sanguíneos da retina na parte de trás do olho. É importante ressaltar que essas alterações não foram observadas em pacientes com comprometimento cognitivo leve, sugerindo que essa pode ser uma maneira de diferenciar os estágios iniciais do Alzheimer com a simples degeneração cognitiva relacionada à idade.

Um segundo estudo apresentado no Encontro Anual da AAO, feito por pesquisadores do Sheba Medical Center, em Israel, examinou os olhos de pessoas com histórico familiar de Alzheimer, mas que ainda não haviam começado a apresentar nenhum sintoma da doença. A pesquisa descobriu que desbastes da camada interna da retina podem ser identificados em indivíduos com uma história genética do Alzheimer. Imagens subsequentes no cérebro descobriram que o afinamento da retina foi correlacionado com uma redução no tamanho do hipocampo. Os pesquisadores acreditam que este afinamento da retina pode ser um biomarcador eficaz que sinaliza o início do Alzheimer muito antes de os principais sintomas clínicos aparecerem.

Este projeto atende a uma enorme necessidade. Quase todo mundo tem um membro da família com Alzheimer. Precisamos detectar a doença em estágios iniciais e introduzir tratamentos mais precocemente” – Sharon Fekrat, autor do estudo da Duke University.

A nova pesquisa confirma vários estudos sugerindo que sinais de neurodegeneração precoce podem ser observados no olho. Um estudo realizado na Coreia do Sul no início este ano, revelou uma conexão potencial entre um afinamento da retina e o aparecimento da doença de Parkinson, enquanto outro estudo, de 2017, do Cedars-Sinai Medical Center descobriu que as mesmas proteínas tóxicas consideradas responsáveis ​​pela progressão do Alzheimer podem ser detectadas na retina.

Todas estas pesquisas ainda não oferecem nenhuma indicação de que uma degeneração macular seja realmente causada por neurodegeneração, ou vice-versa. Mas, se esses biomarcadores em estágio inicial puderem ser efetivamente confirmados, com dados suficientes para oferecer diagnósticos consistentes, teremos uma ferramenta inestimável na batalha contra diversas doenças neurodegenerativas.

A pesquisa foi apresentada na AAO 2018, a 122ª Reunião Anual da American Academy of Ophthalmology.

Fonte: American Academy of Ophthalmology

Crédito da imagem da capa: peshkova/Depositphotos

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