Participei da primeira edição de 2018 do Ciclo 2030, realizado pela AMCHAM Porto Alegre em 27 de março, e me chamou atenção que, dos cinco palestrantes da tarde, quatro iniciaram suas apresentações falando sobre a busca pelo sentido.

Eram pessoas de gerações e áreas diferentes, que estavam abordando a temática sob uma perspectiva própria, onde  o principal ponto de convergência foi a apologia à necessidade de existir um propósito maior.  E não estavam se referindo a uma tendência para 2030, estavam falando de algo já presente no contexto atual de trabalho e que se intensificará no futuro.

Os discursos do Ciclo 2030 estavam alinhados a um estudo realizado pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) sobre o futuro do trabalho em 2030 que aponta como um dos principais desafios das organizações a escassez de talentos, o que aumentará o interesse pelo tema “pessoas”. O alinhamento de propósitos será a forma de atraí-las e retê-las.

Nesse estudo, a PwC identificou quatro contextos que correspondem a estilos de organizações bem delimitados, alicerçados em valores e propósitos claros e nem sempre convergentes, mostrando que os propósitos organizacionais e pessoais não necessariamente estão ligados somente à qualidade de vida, bem estar social ou sustentabilidade, como se costuma pensar.

Estes  quatro estilos organizacionais surgiram a partir da análise de quatro pontos de observação: fragmentação versus integração e coletivismo versus individualismo. Cada um destes estilos foi ilustrado por uma cor: organizações laranjas, verdes, azuis e amarelas. Essas organizações existirão, concomitantemente, em combinações diversas no que se refere ao segmento e localização.

Observando  a figura abaixo é possível concluir que em cada um dos contextos apresentados os valores organizacionais estão latentes e regem o seu plano estratégico e todas as demais decisões. Da mesma, forma é fácil entender que para cada um dos quatro tipos de organizações teremos um perfil diferente de colaboradores.  

Sem julgarmos o que está certo ou errado, podemos perceber que estes mesmos valores também são encontrados entre as pessoas regendo seus propósitos de vida e demais decisões.  Será mais fácil a satisfação com o trabalho se houver o alinhamento de interesses entre o indivíduo e a organização. Vejamos:

Mundo Amarelo:  As pessoas vêm primeiro

– Organizações cujo principal valor são as pessoas e o seu bem estar.

– Normalmente empresas voltadas para o social.  

– Mais importante do que a alta remuneração é a qualidade de vida.

– Ter tempo para a família, amigos e cuidar da saúde são condições fundamentais para a satisfação com o trabalho.

– Sucesso é ter tempo.

Mundo Vermelho:  A inovação é a regra

– Organizações cujo principal valor é a criatividade e a tecnologia.

– Normalmente empresas voltadas para a tecnologia.

– Remuneração e qualidade de vida são importantes, mas um ambiente “nerd” é ainda mais.

– A satisfação com o trabalho se dá pela liberdade de expressão e criatividade e um ambiente de trabalho harmônico e divertido.

– Sucesso é criar.

Mundo Verde:  O mundo sustentável

– Organizações cujo principal valor é a sustentabilidade do planeta.

– Normalmente empresas voltadas para alimentação, saúde e bem estar.

– Remuneração e qualidade de vida são importantes, mas cuidado com a natureza e sustentabilidade são os verdadeiros motivadores.

– A satisfação com o trabalho está na luta por um mundo melhor.

– Sucesso é cuidar do planeta.

Mundo Azul:  O mundo do capital

– Organizações cujo principal valor é o capital e a sua rentabilidade.

– Empresas de diversos segmentos, muitas regidas por fundos de investimentos.

– Status e remuneração são importantes.  

– A satisfação está em angariar uma posição mais alta e ter uma boa remuneração.

– Sucesso é enriquecer.

Os quatro mundos

É provável que estes quatro mundos convivam de forma simultânea. A questão socioambiental, por exemplo, é uma tendência consolidada presente nos quatro cenários.

A grande questão é entender como a sua empresa vem tratando os tópicos presentes nestes quatro mundos. Como sua empresa vem tratando, por exemplo, o engajamento de colaboradores, o desenvolvimento e a aprendizagem? E você, o que mais valoriza? Qual é a sua cor? Você está na empresa certa?

Reflita se a estratégia que sua empresa atualmente adota está sintonizada com as mudanças que podem vir a ocorrer no futuro, se ela é sustentável e relevante para os mundos possíveis de amanhã.

Cortesia da imagem da capa: More Beyond

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Marcus Ronsoni

Diretor Presidente da SBDC – Sociedade Brasileira de Desenvolvimento Comportamental, Doutorando em Psicologia Social – Universidade Kennidy / Arg. – Facilitador Líder do Programa de Educação Empreendedora Empretec –(PNUD / UNCTAD / SEBRAE / ABC ).

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