A tecnologia avança tão rapidamente que vemos mudanças radicais não só em nossas vidas, mas também na sociedade, nos mercados e na natureza do trabalho.
A computação, os sensores, a inteligência artificial e a genômica estão remodelando indústrias inteiras.
Como empresas do setor público e privado podem se adaptar melhor às mudanças que estão acontecendo globalmente?
Como empresas já estabelecidas ou relativamente novas podem encontrar formas de tornarem-se ágeis e evitar ficarem presas em antigas formas de pensar?
O MIT publicou quarta-feira passada, um texto de David A. Bray, apontado pela Business Insider 2016, como um dos 24 norte-americanos que estão mudando o mundo. Nesse texto, David lista 3 coisas que ele recomenda evitar e 3 estratégias significativas para conduzir rápidas mudanças na sua empresa.
Por que é tão difícil adaptar-se a um mundo em mudança
As empresas (e a maioria de nós) não são propensas a mudar quando as coisas vão bem. Aqueles poucos que chegam a analisar futuras tendências, e instam a empresa a mudar o seu modelo de negócios, muitas vezes são ignorados ou marginalizados.
Segundo David, quando o ambiente externo em que uma organização opera muda, e os processos existentes não funcionam mais, geralmente continua a não aceitação de que o mundo mudou. Líderes e gestores relembram que “passamos por isso X anos atrás, e tudo voltou a ficar bem”.
Algumas empresas até fazem uma melhoria incremental, tentando voltar aos velhos tempos em que eram muito bem sucedidas. E aqui vale a pena esse leitura de um texto que publicamos no mês passado.
Apenas quando as coisas ficam realmente ruins é que a empresa reconhece a necessidade urgente de fazer algo completamente diferente. David compara isso a esperar até que um avião desça inesperadamente de uma altitude de cruzeiro de 38.000 pés para menos de 2.000 pés e ainda achar que vai conseguir puxar de volta o avião, com todo o seu peso, antes dele atingir o solo.
Três adaptações rápidas, porém superficiais, que você deve evitar
David relaciona três coisas as quais empresas que estão passando por mudanças rápidas muitas vezes acham tentadoras, mas, que deveriam ser evitadas. São três “adaptações” rápidas, porém superficiais, e se aplicam tanto às mudanças organizacionais, de forma geral, quanto à transformação digital que algumas empresas querem implementar.
1- Evite criar um departamento de transformação que não esteja ligado ao restante da empresa: a transformação é responsabilidade de todos. Criar um departamento desconectado que não inclui todo o pessoal, segundo David, é o mesmo que criar uma cultura de “cool kids”, com meia dúzia de pessoas isoladas do restante dos colaboradores. Corre-se também o risco de demitir aqueles que já estão fazendo um trabalho valioso de transformação em outras áreas da empresa.
2- Evite digitalizar processos sem repensar o modelo de negócios da empresa: Se você se concentra exclusivamente em TI, corre também o risco de não perceber um ponto principal: um mundo em rápida mudança exige novos modelos de negócios. Não significa apenas digitalizar processos manuais… Só fazer isso seria negligenciar oportunidades de melhorar a operação da empresa – e quando se pensa numa melhoria significativa, esta deve incluir a transformação da forma como a empresa opera.
3- Evite contratar um executivo apostando todas as fichas nele: Isso seria depositar todas as esperanças da empresa em uma só pessoa, quando na verdade ajudar a empresa a se adaptar ao futuro deve ser responsabilidade de todos. A experiência só vem com as experimentações e, portanto, todas as lideranças internas devem entregar resultados utilizando tanto modelos de negócios já existentes e testados, mas, ao mesmo tempo, experimentando novos modelos.
Três estratégias significativas para entregar resultados
Em cenários “verdadeiramente ruins”, algumas empresas podem arriscar-se a fazer uma das três adaptações rápidas, porém superficiais, citadas acima.
É importante notar que qualquer uma dessas estratégias não é inteiramente ruim, se houver ações significativas que as acompanham.
Aqui estão três estratégias significativas, considerada por David:
1- Recompense a entrega de resultados de melhor forma: Em vez de se esforçar para mudar culturas organizacionais (plural), deve-se dar autorização – e recompensa – para que diferentes áreas da empresa entreguem resultados diferentes e melhores. Isso incentivará aquelas pessoas mais avessas às mudanças, a expandir a mentalidade e acolher melhor aqueles que conseguem entender futuras tendências e traduzir com sucesso para conseguir resultados positivos na sua implementação.
2- Adapte os valores e os objetivos já praticados na sua empresa, em vez de tentar mudar a declaração de sua missão: As empresas que permanecem ágeis e adaptativas reconhecem explicitamente que os resultados importam mais, e que os valores que pratica são muito mais importantes do que qualquer declaração de missão. O que os colaboradores percebem como intrinsecamente valorizado e recompensado irá motivá-los a se adaptar de maneira mais consistente. Isto traduz na entrega de resultados diferentes e melhores e, em última instância, na transformação das culturas organizacionais.
3- Faça com que todos na empresa sejam agentes de uma mudança positiva: Agentes de mudança são aquelas pessoas (ou líderes) que “iluminam o caminho” e gerenciam a mudança do status quo. Porém, uma mudança significativa ocorre quando todos percebem que qualquer um na empresa pode ser esse agente de mudança. Não há necessidade de ninguém ser designado para tal tarefa. Não há necessidade de receber autorização formal para isso. Ao fazerem individualmente melhorias no contexto de seus próprios papéis, este trabalho repercutirá e todos irão se adaptar melhor ao nosso mundo em constante mudança.
Crédito da imagem da capa: palickam/Shutterstock