O mundo poderá ser alimentado quase que exclusivamente por fontes de energia limpa e renovável até 2050. Dois engenheiros americanos disseram que planejaram exatamente como isso pode ser feito e irão apresentar na Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas 2015 (COP 21), em Paris, que começa no dia 30 de Novembro e irá até 11 de Dezembro, quando um acordo universal sobre o clima será definido.

Mark Jacobson e Mark Delucchi mensuraram em 139 países, a quantidade exata de turbinas eólicas, fazendas solares, hidrelétricas, e outras instalações para gerar toda a energia necessária para casas, empresas, indústrias, agricultura, e transporte para cada um destes países, e também dimensionaram quanto isso custaria.

Mesmo que o plano tenha sido anunciado como transformacional, e Jacobson rotulado como sonhador, ele vai explicá-lo aos líderes dos 195 países que se reunirão na conferência climática da ONU.

O ponto chave para Jacobson é que embora os acordos internacionais para reduzir as emissões de dióxido de carbono sejam importantes, eles não serão necessários se os países deixarem de depender da combustão de carvão, do gás natural e do petróleo que cria a maior parte dessas emissões.

“As pessoas não estão conscientes do que isso seja possível”, diz Jacobson, que é professor de engenharia civil e ambiental na Universidade de Stanford. Ele terá duas oportunidades para expor seu plano na conferência da ONU e planeja falar com o maior número possível de líderes mundiais na ocasião, juntamente com o seu colega, o engenheiro Delucchi da Universidade da Califórnia em Davis.

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A dupla de engenheiros quer mostrar que alcançar 100% de energia renovável não é um sonho – é economicamente viável. E não irá apenas gerar uma economia significativa para estes países – Jacobson e Delucchi já calcularam quantos empregos podem ser criados e quantas vidas podem ser salvas.

Se todos os 139 países seguirem o plano para se livrarem dos combustíveis fósseis, será possível gerar 24 milhões de empregos na construção civil e 26,5 milhões de postos de trabalho operacionais, cada um com vida útil de 35 anos, que mais do que cobrem os 28,4 milhões de postos de trabalho que desapareceriam com o colapso das indústrias de combustíveis fósseis. Isso deixaria um ganho líquido de cerca de 22 milhões de empregos.

A mudança tornaria o ar consideravelmente mais limpo, o que os engenheiros estimam evitaria entre 3,3 a 4,6 milhões de mortes por ano até 2050, previstas para acontecer por causa da poluição do ar causada pelos combustíveis fósseis.

Sem desculpas

Jacobson e Delucchi apresentaram pela primeira vez o plano “100% Energias Renováveis” em 2009, num artigo na revista Scientific American.

De lá pra cá, Jacobson relatou na Fast Company, que há pessoas tentando impedir esta mudança, argumentando que ela seja muito cara, ou que não há energia suficiente para suprir tudo, ou que é pouco confiável, ou que precisará de muitas áreas de terra ou muitos recursos. Para ele, todas estas alegações são míticas.

Costa Rica, por exemplo, está caminhando para tornar-se o primeiro país em desenvolvimento a ter 100% de energia renovável. Graças aos seus recursos hídricos, eólicos e geotérmicos, 98% da sua energia atualmente é renovável. Este ano, o país chegou a 100% por 94 dias consecutivos.

“Walmart, Google e Starbucks já disseram que querem chegar a 100% de energia renovável. Nosso objetivo é que os 139 países definam suas próprias metas para chegar a 100%.” Mark Jacobson.

 

O cronograma prevê que os países poderiam parar de construir novas usinas nucleares, de gás natural e carvão, em 2020. Ao longo dos próximos cinco anos, governos e líderes industriais poderiam trabalhar para que navios, trens, caminhões, ônibus e carros saíssem dos combustíveis fósseis para funcionar com energia elétrica. Em 2050, tudo o que hoje funciona com combustíveis fósseis estariam funcionando com energia renováveis.

Será possível?  Sim, mas nem todo mundo está convencido. Vamos aguardar após esta conferência da ONU para ler e analisar o plano e tirarmos, cada um de nós, as nossas próprias conclusões.

Fonte: Scientific American

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