O futuro da medicina já começa a ser moldado com o surgimento de novas tecnologias.

As mudanças irão afetar profundamente não só os médicos e a forma como cuidamos de nossa saúde, mas também afetará os pacientes, os consumidores, os pesquisadores e os estudantes de medicina.

O livro The Guide to the Future of Medicine: Technology and the Human Touch, do médico e futurista Dr. Bertalan Meskó, nos dá uma visão geral das tendências dos cuidados com a saúde nas próximas décadas.

As previsões de Meskó separam-se em dois grupos. O primeiro grupo envolve conceitos já em curso e que provavelmente irão ter um impacto sobre todos nós em um futuro próximo.

A parte 2 dessa matéria aborda o segundo grupo com 11 tendências que ainda encontram-se em estágios muito iniciais de desenvolvimento, mas que possivelmente acontecerão no longo prazo.

Vamos entender agora na Parte 1, as 11 principais tendências que ocorrerão já nos próximos anos.

1. Jogar com a saúde

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Os games dos smartphones estão sendo cada vez mais projetados para criar um impacto positivo na vida das pessoas, e não apenas diverti-las ou ajudá-las a matar o tempo.

Combinar diversão e jogo em aplicativos de saúde pode motivar o paciente a coletar os dados necessários sobre suas atividades diárias e sobre sua saúde. Esses dados irão ajudá-lo a tomar melhores decisões para a sua saúde.

De acordo com Meskó, estima-se que 50% dos pacientes com doenças crônicas não seguem o tratamento prescrito pelo médico.

Nestes casos, realizar o acompanhamento da saúde em forma de jogo cria um ambiente mais engajador para manter o paciente cumprindo a terapia apropriada.

2. Empoderar os pacientes

app educates patientsOs cuidados com a saúde está começando a extrapolar os muros dos hospitais e das clínicas. Cada vez mais as tecnologias empoderam os pacientes para que tenham um maior auto-conhecimento e responsabilizem-se por sua saúde. Os pacientes irão tornar-se parceiros dos seus médicos. Já abordamos essa relação em pé de igualdade neste artigo.

Isso ocorre com o uso da Internet que tem levado muitas pessoas (para o bem ou para o mal) a pesquisarem elas mesmas seus sintomas, se auto-diagnosticarem e medicarem a si próprias. É claro que isso deve ser evitado, se houver profissionais disponíveis para realizar o diagnóstico e indicar o tratamento correto. No entanto, a tendência das pessoas em buscar conhecimento é irreversível.

Outro exemplo é o desafio da Qualcomm Tricorder X Prize challenge que irá premiar o desenvolvimento de um dispositivo que possa diagnosticar doenças e dar aos indivíduos mais opções para cuidar da sua própria saúde. A competição é acirrada com dispositivos como o Scanadu.

Os profissionais de saúde precisarão encarar essa mudança e orientar adequadamente os pacientes para que participem dos seus próprios cuidados. Espera-se que as novas tecnologias ajudem os ajudem a se concentrarem mais no paciente como um ser humano, e menos em coletar dados e informações pertinentes.

Os médicos serão capazes de fazer o que sabem fazer melhor: cuidar de seus pacientes. Por sua vez, os pacientes vão ter a chance de ter um papel mais ativo nestes cuidados.

3. Telemedicina e cuidados remotos

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Tecnologias inovadoras permitirão a conectividade médico-paciente em qualquer lugar em que ambos estejam.

O monitoramento do paciente – antes, durante e depois de um procedimento – poderá ser feito por robôs, como o RP-VITA da iRobot.

4. Repensar o currículo médico

As escolas de medicina irão preparar os futuros médicos para um mundo cheio de e-pacientes e de novas tecnologias.

O livro à moda antiga será uma peça de aprendizagem estática em um ambiente profissional dinâmico com tecnologia integrada e inovadora. Por exemplo, os estudantes irão estudar anatomia em mesas de dissecação virtuais e não em cadáveres humanos. Os livros didáticos serão transformadas em soluções 3D virtuais e modelos usando realidade aumentada. Alguns exemplos são AnatomageImageVis3D e 4DAnatomy.

As salas de aula digitais irão criar novas conexões entre estudantes e profissionais de saúde, permitindo o acesso contínuo à informação e aos recursos mais atualizados.

5. Robôs cirúrgicos

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A cirurgia robótica assistida aumenta a habilidade do cirurgião e permite procedimentos menos invasivos.

Robôs avançados serão capazes de realizar uma cirurgia com bastante precisão – mesmo estando em outro continente.

Os robôs ainda não podem assumir plenamente uma sala cirúrgica, devido à fraca versatilidade e adaptabilidade em comparação aos seres humanos, mas eles irão estar muito mais integrados juntos às equipas cirúrgicas.

6. Medicina verdadeiramente personalizada

dna 2Desde a conclusão do Projeto Genoma Humano, temos vislumbrado a era da medicina personalizada. A análise de DNA vai se tornar uma etapa padrão antes da prescrição de medicamentos ou de tratamentos.

Isso irá garantir que as prescrições médicas sejam personalizadas e otimizadas ao metabolismo de cada paciente.

7. Sensores no corpo

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A tecnologia começa a possibilitar medir os parâmetros críticos de saúde em formatos mais práticas e acessíveis.

Minúsculos sensores de coleta de dados, que podem ser vestíveis (wearables) sem inferir em nossas atividades diárias, serão utilizados para que possamos tomar decisões melhores e mais precisas. Estes sensores vão medir todos os parâmetros importantes da nossa saúde, 24 horas por dia, transmitindo os dados para a nuvem e enviando alertas em tempo real aos sistemas médicos. Se por exemplo uma pessoa sofrer um AVC, estes sensores irão chamar a ambulância imediatamente e enviar todos os dados necessários.

8. Diagnósticos portáteis

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Os equipamentos e procedimentos de diagnóstico estão migrando para dispositivos portáteis. Esses dispositivos, tais como o smartphone, serão capazes de diagnosticar diversas doenças, independentemente do lugar em que o paciente esteja.

Como diz Merkó, reforçado pelo Dr. Eric Topol, o smartphone será o centro do futuro da medicina. Ele servirá como um painel (dashboard) em cuidados com a saúde.

9. Biotecnologia “Faça Você Mesmo”

Tecnologias cada vez mais acessíveis e um espírito “Faça-Você-Mesmo” estão criando uma nova geração de cientistas e de engenheiros que não vêem nenhuma limitação em pesquisas.

Comunidades de laboratórios de biologia estão surgindo em todo o mundo, conectando inventores, amadores e qualquer pessoa curiosa.

A inovação em biotecnologia tem potencial para criar soluções disruptivas que mudarão a forma como a medicina é praticada.

10. A impressão 3D

Impressoras 3D podem fabricar equipamentos médicos, próteses, ou até mesmo medicamentos.

Estas impressoras também irão desempenhar um papel vital na medicina regenerativa, para criar tecidos com vasos sanguíneos, ossos, válvulas cardíacas, cartilagem da orelha, pele sintética e até mesmo órgãos.

Com a crescente acessibilidade, as aplicações em impressão 3D serão incrivelmente vastas.

11. Exoesqueletos e próteses

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Trajes inteligentes, como a do filme “Homem de Ferro” parecem ainda um sonho distante, mas elas podem em breve tornarem-se realidade.

Inclusive a Samsung já patenteou o seu “robô vestível”, um exoesqueleto equipado com sensores que detectam os movimentos dos músculos para prover mais torque às pernas dos usuários.

Os exoesqueletos irão permitir às pessoas com pernas parcialmente paralisadas a andar novamente, recriando uma sensação completamente natural. Haverá uma comunicação em tempo real entre a prótese e o cérebro.

Para Meskó,  o verdadeiro desafio para as empresas na concepção e desenvolvimentos destes dispositivos será conseguir que imitem quase perfeitamente os movimentos complexos de mãos e pernas.

Para ir para a Parte 2, clique AQUI.

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