Conhecida desde a antiguidade, a canela já foi tão valorizada a ponto de ser considerada um item a ser presenteado a monarcas.

Mais tarde, descobriram que essa especiaria, além de nutritiva, proporcionava inúmeros benefícios à saúde com suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, ajudando ainda no combate ao diabetes e no controle do colesterol.

Agora, pesquisadores da Universidade Rush e do Jesse Brown VA Medical Center em Chicago, descobriram que ela pode melhorar o desempenho cognitivo.

Pahan - canela

Kalipada Pahan, PhD, relatou suas descobertas. (Crédito: Rush University)

 

Kalipada Pahan, PhD e pesquisador e sua equipe, descobriram que a canela melhorou significativamente o desempenho de ratos com deficiência de aprendizado. Eles publicaram suas descobertas no Journal of Neuroimmune Pharmacologye, no mês passado.

Pahan explica que após o tratamento com a canela, os ratinhos com deficiência de aprendizado, passaram a levar cerca de 150 segundos para encontrar o buraco no Labirinto de Barnes. Após um mês de tratamento, esse tempo diminuiu para 60 segundos.

Labirinto de Barnes

O Labirinto Barnes é uma ferramenta usada em experimentos de laboratório para medir a aprendizagem espacial e a memória. O teste foi desenvolvido pela primeira vez pela Dr. Carol Barnes em 1979. As cobaias geralmente são roedores. (Crédito: Brown University – RNDB)

 

A pesquisa mostra que essa melhora parece ser devida, principalmente, ao benzoato de sódio, produzido quando a canela é decomposta no nosso corpo.

Os estudos mostram que diferentes compostos dentro de canela – incluindo o cinamaldeído que dá o sabor e o aroma – são metabolizados pelo fígado para transforma-se em benzoato de sódio, o qual em seguida, transforma-se num composto ativo que entra facilmente no cérebro, estimulando a plasticidade hipocampal.

Essas alterações no hipocampo – principal centro de memória do cérebro – parecem ser o mecanismo pelo qual a canela e o benzoato de sódio exercem os seus benefícios.

O benzoato de sódio já é usado de forma sintética pela indústria alimentícia como conservante. Também é um fármaco aprovado pela FDA para tratar a hiperamonemia – excesso de amônia no organismo. Embora haja algumas preocupações, a maioria dos especialistas concorda que ele é seguro nas quantidades que geralmente estão presentes no consumo. Além do que, é facilmente excretado na urina.

Bons e maus alunos

A equipe de Pahan testou os ratos no Labirinto de Barnes para separar os “bons” e os “maus” alunos.

Os bons alunos deram menos voltas erradas e levaram menos tempo para encontrar a comida. Ao analisar as disparidades entre “os bons e os maus”, a equipe encontrou diferenças em duas proteínas cerebrais. Essa diferença, contudo foi zerada quando a canela foi administrada nos ratos.

Cinnamonum verum

“Pouco se sabe sobre as mudanças que ocorrem nos cérebros dos “alunos” com dificuldade de aprendizado”, diz Pahan. “Vimos aumentos da GABRA5 e uma diminuição do CREB no hipocampo desses alunos. Interessantemente, estas alterações específicas foram invertidas após um mês de tratamento com a canela”.

Os pesquisadores também examinaram as células cerebrais retiradas dos ratos e descobriram que o benzoato de sódio aumentou a integridade estrutural dos dendritos, que são os numerosos prolongamentos dos neurônios que atuam na recepção dos estímulos nervosos.

A evidência clínica ainda é limitada

A canela tem uma história secular de uso medicinal. Porém, faltam evidências clínicas que apoiem o uso da canela em condições médicas.

Pouca ou nenhuma investigação clínica tem sido feita sobre se as possíveis propriedades dessa especiaria aumentariam a capacidade mental.

Pahan espera mudar isso.

Com base nos resultados promissores de seus estudos pré-clínicos, ele acredita que além de melhoria geral da memória, a canela pode ter como alvo a doença de Alzheimer e o Mal de Parkinson. Ele inclusive, já planeja com alguns neurologistas, um teste clínico focado no Alzheimer.

Há canelas e canelas…

Se você ficou entusiasmado com essa nova descoberta, Pahan adverte que a maioria das canelas encontradas nas lojas e nos supermercados, é de variedade chinesa contendo um composto chamado cumarina que pode ser tóxico para o fígado em quantidades elevadas. Ele recomenda a canela do Ceilão ou Sri Lanka, que não têm a cumarina.

Ele mesmo, todas as noites, consome uma colher de chá (3,5 gramas) de canela em pó misturada com mel como um suplemento alimentar.

Caso a pesquisa sobre a canela continue a avançar, Pahan prevê o desenvolvimento de um medicamento para ser usado em larga escala.

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