A maioria dos exames preventivos de câncer, não diz se você tem câncer ou não. O que eles fazem é indicar condições anormais, que podem ser causadas pelo câncer – ou que podem ser precursoras do câncer.
Um exame preventivo positivo requer uma investigação mais completa, como o screening, varreduras, testes laboratoriais e até biópsias invasivas para determinar se o câncer está ou não presente.
Um novo método pode simplificar essa identificação.
Pesquisadores da Universidade de Umeå, na Suécia, desenvolveram um teste do RNA de plaquetas no sangue que detecta, classifica e identifica a localização do câncer no organismo através da análise de uma amostra de sangue equivalente a uma única gota de sangue.
O estudo, publicado por pesquisadores do Cancer Center Amsterdam of VU University Medical Center, mostra que o câncer pode ser detectado com 96% de precisão.
Embora a técnica ainda não seja 100% precisa, já é um feito bastante impressionante para uma “biópsia líquida” não invasiva.
Para testar o novo sistema, os pesquisadores pegaram amostras de sangue de 283 pessoas. Entre este grupo, 228 pessoas tinham algum tipo de câncer, enquanto o restante (as outras 55 pessoas) não apresentava nenhuma evidência.
Ao analisar e comparar os perfis de RNA nas amostras de sangue, os pesquisadores puderam identificar o câncer entre os participantes, com níveis variados de sucesso. Em 39 pessoas que tinham detectado a doença logo no início, eles conseguiram identificar e classificar o câncer com precisão de 100%.
No entanto, em testes de follow-up, o sistema não foi igualmente eficaz, mas ainda assim produziu resultados impressionantes: os pesquisadores identificaram a origem de tumores com uma precisão de 71% naquelas pessoas com câncer diagnosticado no pulmão, mama, pâncreas, cérebro, fígado, cólon e reto.
Os pesquisadores observam que alguns tipos de câncer foram mais fáceis de detectar, tais como o câncer intestinal, enquanto o câncer cerebral foi mais difícil (a taxa confiável de detecção caiu para 11%), possivelmente pela barreira hematoencefálica, que reduz a precisão.
Mais simples e mais acessível
“No estudo, foram identificadas quase todas as formas de câncer”, afirmou Jonas Nilsson, pesquisador de câncer da Universidade de Umeå e co-autor do paper, “o que prova que as biópsias à base de sangue têm um imenso potencial para melhorar a detecção precoce do câncer.”
Os autores do estudo não sugerem que este novo método de biópsia deva substituir outros sistemas de detecção do câncer. No entanto, é claro que, se a técnica puder ser refinada, pode simplificar e tornar muito mais acessível o exame para médicos e pacientes, especialmente no sentido de detectar o câncer na fase inicial, o que é vital para a cura.
Fonte: Science Alert