A iluminação nos espaços públicos nos dá a sensação de segurança. Afinal, nos dias de hoje, quem se atreve a andar em ruas escuras nas cidades brasileiras?
Por esse motivo, a iluminação pública atua como instrumento de cidadania, ao criar um ambiente convidativo para o usufruto dos espaços e para a atração de negócios e turismo nas cidades.
Acontece que as luzes comuns utilizadas gastam muita energia, e em alguns casos, contêm gases tóxicos. A tendência é que as cidades, no mundo todo, comecem a usar luzes de LED que duram mais tempo e consomem menos energia. Espera-se que ao longo dos próximos 10 a 15 anos, cerca de quatro bilhões de dispositivos de iluminação ao ar livre sejam convertidos para LED.
Esta transição global – isso inclui o Brasil – é uma oportunidade muito maior do que uma simples substituição da tecnologia de iluminação: ela pode ser a porta de entrada para que as cidades adotem uma plataforma comum, com uma série de soluções “inteligentes”.
É como se os postes da sua cidade – um “ativo morto” que consome energia e dinheiro – fossem substituídos por um “ativo vivo” e que pode gerar receita para a cidade com as novas soluções que podem ser geradas.
Essa iluminação “inteligente”, conectada à Internet das Coisas, funciona como uma plataforma para uma série de tecnologias de sensoriamento que coletam dados sobre movimento de tráfego e de pessoas, segurança pública, estacionamento, qualidade do ar, clima, poluição, sonora, atividade sísmica, e muitas outras coisas.
Ao conectar essas ruas inteligentes em uma rede, é possível saber o que está acontecendo na cidade, em tempo real, fornecendo soluções inovadoras na área de segurança pública, por exemplo, ou identificar onde existem lugares com estacionamento gratuitos ou disponíveis.
Um desses sistemas, a Light Sensory Network (algo como Rede de Iluminação Sensorial), foi demonstrado pela Cisco durante o Fórum Mundial da Internet das Coisas.
A Cisco fez uma parceria com a Sunnyvale, na Califórnia, especialista em redes de iluminação e sensores. As duas empresas combinaram suas tecnologias para um sistema de iluminação digital de gestão da cidade.
Para você entender um pouquinho como funciona essa solução, chamada Light Sensory Network (LSN), ela incorpora sensores e conexões à Internet nas luminárias para recolher e transmitir dados sobre o que está acontecendo na cidade em tempo real. Essas informações são então analisadas para ajudar a tomada de decisões sobre o trânsito ou policiamento, ações para a qualidade do ar, etc. A LNS ajuda a:
1- Reduzir drasticamente o consumo de energia da cidade, custo e manutenção.
Pela web mesmo é possível definir a intensidade da iluminação baseada na ocupação do espaço, armazenar a luz do dia, gerar relatórios sobre a economia e a manutenção em tempo real.
2- Melhorar a segurança pública.
A solução inclui streaming de vídeo em alta definição (HD), som e captura de movimentos que permitem o gerenciamento de serviços de segurança nas ruas, nos estacionamentos, em universidades e campus corporativos. A solução transmite as análises, juntamente com alertas para um banco de dados em nuvem central.
Os dados comunicados em tempo real têm baixa latência (ou o mínimo de atraso). Isto é crítico para o monitoramento da segurança, como detecção de comportamentos suspeitos ou detecção de sons que podem ser tiros e que exigem análise em milissegundos.
3- Estacionamento Inteligente em tempo real.
Os dados em tempo real beneficiam a cidade, evitando congestionamentos e também beneficiam os proprietários de estacionamentos. Ao aproveitar a infraestrutura comum, as cidades podem reduzir os custos de hardware e de serviços associados à implantação de estacionamento tradicional, aproveitando as estruturas existentes em shoppings ou parques de estacionamento público, por exemplo, para compensar a escassez de vagas livres nas ruas.
4- Análise de Localização.
A solução permite a análise de várias áreas da cidade, gerando métricas para negócios e marketing, e oferecendo informações importantes para os gestores de aeroportos, shoppings, ou distritos de negócios. Estes dados incluem contagens de tráfego por localização ou hora do dia, número de visitantes e duração de visitas, etc.
A Internet das Coisas
À medida que a Internet das Coisas evolui e continua conectando as “coisas”, é importante enfatizar que a vida conectada é muito mais do que a explosão de aparelhos e dispositivos inteligentes que estamos vendo por aí. Quanto mais as coisas, pessoas e dados tornam-se conectados, o poder da Internet cresce exponencialmente.
Isto é o que chamamos de Internet of Everything (IoE) ou Internet de Tudo ou, ainda podemos chamar de Internet das Coisas – o efeito de rede de reunir pessoas, processos, dados e coisas, criando melhores resultados sociais, ambientais e econômicos nas empresas e nas comunidades.
Veja agora algumas das cidades que estão usando a Internet das Coisas, tornando-se mais eficientes.
Copenhague
Copenhague, e seus distritos vizinhos Albertslund e Frederikssund, estão reinventando-se com a IoE.
Copenhague já tem iluminação inteligente, estacionamento e gestão da água convergindo em uma rede, alimentada por sensores em todos os lugares, o que irá melhorar a sustentabilidade e a qualidade de vida da cidade.
Em Albertslund, o trabalho já começou no Danish Outdoor Light Lab (DOLL), que vai se tornar uma vitrine para a iluminação inteligente. Cerca de 40 soluções concorrentes de iluminação pública convergiram em uma rede aberta e irá fornecer um enorme potencial para reduzir custos e consumo, melhorando a segurança pública.
Em Frederikssund, a pertinho de Copenhague, o greenfield City of Vinge tem um dos planos diretores mais verdes e mais inovadores da Europa, estabelecendo as bases para ser carbono neutro. Subjacente a este objetivo o plano prevê uma infraestrutura centrada em aplicativos que conectam pessoas, dados, processos e coisas – o exemplo perfeito da Internet das Coisas.
Barcelona
Imagem de Barcelona com quadro que mostra como a cidade se beneficia com a Internet das Coisas: redução de tráfego e congestionamentos.
Born é um bairro movimentado de Barcelona, cheio de restaurantes, lojas e boutiques. Lá, eles usam uma rede personalizada que cria relatórios sobre temperatura, barulhos, umidade, poluição, fornecendo uma visão geral do lugar. As informações ajudam a detectar o que está errado, restabelecer a normalidade e aperfeiçoar continuamente como as coisas devem funcionar.
Londres
Em Londres e outras partes do Reino Unido, a Internet das Coisas está provocando os seus governantes e administradores a pensarem a longo prazo sobre o consumo de energia e sobre a sua indústria transformadora. Diante de um déficit iminente de energia, e ao mesmo tempo, pronto para assumir o seu lugar como um centro de produção internacional, o Reino Unido está aproveitando ao máximo a IoE para resolver os desafios econômicos e de infraestrutura.
O Futuro
Os exemplos das cidades acima representam apenas o começo de como a Internet das Coisas pode mudar o nosso mundo.
Trinta anos atrás, havia apenas 1.000 conexões à Internet em todo o mundo. Hoje, há cerca de 13 bilhões de conexões, e isso representa apenas 1% do que seja possível. A oportunidade econômica para conectar “os desconectados” equivale a 19 trilhões de dólares, sendo 4,6 trilhões para o setor público, dois terços dos quais nas cidades.
As cidades, ao abraçarem a Internet das Coisas, podem seguir em direção a um mundo mais sustentável. Será que a sua cidade será a próxima? Tomara que sim e vamos torcer para que o Brasil consiga entrar novamente nos trilhos do desenvolvimento econômico e possa em breve, aproveitar todas essas oportunidades tecnológicas.
Fontes: Cisco e Lux Review