No futuro, a maioria dos “empregos” terá sido automatizada. Mas, isso significa que vamos parar de trabalhar?
Para o futurista Ray Kurzweil, tudo depende de como você encara e define o trabalho: é algo prazeroso ou é uma tortura diária?
O que Kurzweil pensa sobre a ideia de uma renda básica universal?
Fizemos uma tradução livre desse vídeo da série RAYK Q & A, em que ele compartilha a sua visão sobre o futuro do trabalho e a possibilidade de termos uma renda básica como forma de cobrir nossas necessidades.
Vídeo transcrito e traduzido
[Voice over] Olá, bem vindo ao RAYK Q & A (questions & answers) onde Ray Kurzweil responde perguntas sobre o futuro. A pergunta dessa semana é `O que você pensa sobre a renda básica universal´.
RENDA UNIVERSAL BÁSICA
É uma forma de seguro social, onde cidadãos e residentes de um país recebem, de forma regular e incondicional, uma quantia de dinheiro do governo ou de alguma instituição pública, independente de qualquer outra renda que por acaso recebam.
[Ray Kurzweil] Talvez a gente tenha uma renda universal. E, realmente, acho que pode ser uma boa ideia.
Tive essa discussão com Larry Page (co-fundador do Google e atual CEO da Alphabet Inc)… ele disse algo que soa diferente do meu ponto de vista porque acho que vamos continuar “inventando”… vamos continuar nessa trajetória de inventar novos postos de trabalho e vamos continuar nos tornando mais inteligentes, não apenas por meio da educação, mas iremos melhorar com a tecnologia. Mas, a resposta dele é que apenas vamos trabalhar menos…
Tudo depende de como você o define trabalho. O que quero dizer que, pra mim, trabalhar sempre foi divertido, porque quando eu tinha 5 anos, decidi que iria fazer o que gostasse e, às vezes, até brinco que me aposentei aos cinco anos de idade.
Se você define o trabalho como algo que não queria realmente fazer, e isso tem sido a natureza do trabalho para a maioria das pessoas… quero dizer, essencialmente, você passa a trabalhar com algo que considera muito bom em termos de carreira e de aposentadoria, e, mesmo que esse trabalho não seja divertido, você está contente porque o considera uma oportunidade, um meio para sustentar a sua família…. porém, um monte de pessoas não gosta dos seus empregos.
Realmente temos de repensar o que devemos fazer de nossas vidas. Temos um modelo econômico onde as pessoas trabalham, ganham seu dinheiro, e então podem comprar as coisas que precisam.
Mas, nós vamos chegar a um ponto em que não vamos precisar de muito dinheiro. Teremos impressoras 3D que por centavos podem imprimir todas as coisas físicas de que você precisa. Não vamos precisar trabalhar para produzir estes produtos…
Penso que um imposto de renda negativo (renda básica), onde, basicamente, seja garantida uma certa quantia de dinheiro, vai ajudar a pessoa a viver realmente bem pelo menos com as versões open source de produtos.
Sem uma boa renda hoje, você não consegue ter, o que nós consideramos uma vida boa, com um mínimo possível, mas acho que também, ao mesmo tempo, no futuro iremos manter esse conceito do trabalho, mas num conceito movido para o modelo onde você faz algo por paixão e de que você gosta e que lhe permita mover-se na hierarquia de Maslow e ter satisfação.
Isso soa como uma resposta diferente do que diz Page em termos de que vamos apenas trabalhar menos. Mas, eu acho que implicitamente está ok, é possível que a gente trabalhe menos mesmo.
Mas, não é porque você vai trabalhar menos que ficará à toa. O que você pode fazer com o tempo extra? Bem, você pode fazer algo que goste. Que tem paixão. Por que nós, simplesmente, não chamamos isso de trabalho?
Isso se torna uma questão de definir o que nós entendemos o que seja o trabalho.
Para Ray Kurzweil, haverá mais tempo para fazer as coisas que sempre quisemos. Uma vez que já não teremos de trabalhar para sobreviver – poderemos começar a viver e ter um trabalho mais significativo. Estaremos livres para nos envolver plenamente em atividades e tarefas que temos paixão, independentemente do salário.
Agora imagine o quanto de inovação e novas invenções podem surgir, se as pessoas puderem realizar as suas mais altas aspirações em vez de passar a maior parte do tempo trabalhando para o seu sustento.
Crédito da imagem: SingularityHUB