Que tal fazermos uma viagem inversa ao que costumo fazer nos meus textos sobre futurismo, e voltarmos ao passado e recordar nossas lembranças.
Se você nasceu antes da década 1990 deve se lembrar como eram diferente as brincadeiras daquela época, comparadas às que temos hoje. A imaginação e um grupo de amigos eram suficientes para as pessoas se divertirem um bocado.
Naquele tempo, não existia diversão em smartphone nem em computador. Videogame até tinha, mas era pouco acessível comparado ao que é hoje. As principais diversões eram as brincadeiras lúdicas, as esportivas, e claro assistir TV. As pessoas se divertiam mais fora de casa do que dentro.
Em meados dos anos 90 se iniciou um processo de globalização que revolucionou o entretenimento, e houve uma influência forte de outros atores do outro lado do mundo, como a cultura pop nipônica que trouxe para o Brasil seriados inspirados nas narrativas de animês como os Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball Z e Pokémon que foram sucessos midiáticos.
Animê, desenho animado no Japão, como origem a palavra animation do Inglês. (Crédito: MaisHistória)
Nascia uma franquia massiva que em pouco tempo se disseminou como um “vírus” pelo o mundo. Animes, séries na TV, filmes, bonecos, jogos de cartas, videogames, varejo.
Hoje, a marca Pokemon Company fatura em torno de 1.5 bilhões de dólares anuais, superando marcas consagradas como Lego e Sony Pictures por exemplo.
A história do Pokemon se baseia na ideia de um garoto que, assim como muitos jovens, não tinha um propósito, mas, encontrou a si próprio ao tornar-se um treinador de pokémons – monstrinhos carismáticos – que eram capturados através de uma pokebola.
A própria trilha sonora do Pokemon simboliza nostalgia, emoção e propósito, pois leva a pessoa a uma jornada pelo mundo vencendo os desafios e se tornando uma referência na pele de um treinador de pokémons. Se adaptarmos para o nosso contexto atual, todo mundo sonha em ser o melhor na sua posição.
A possibilidade de vivenciar uma história que marcou a sua vida, personificar aquele personagem que você sempre imaginou ser, transcende os limites da ficção e passa a dar um novo sentido à realidade cotidiana das pessoas.
Atualmente, um mercado considerado promissor é aquele que oferece um escape da realidade. Isso porque, quando estamos imersos em uma realidade que optamos fazer parte, somos parte de um propósito maior, temos a noção exata do nosso progresso, somos recompensados pelo nosso esforço e sim, somos os protagonistas da realidade que desejamos ter.
Depois de vinte anos desde o sucesso do Pokémon, o nosso mundo real ganha um novo significado pois, agora, cada vez que milhões de pessoas saem de casa, o seu smartphone se transforma em uma pokebola. Tanto um pikachu, como um bulbassauro ou charizard podem está na próxima esquina.
O Pokémon GO, lançado este mês em uma parceria da Niantic Labs e a Nintendo, representa a ascensão de um verdadeiro movimento sócio-cultural sem fronteiras.
Pessoas jogando Pokémon GO em frente à Sydney Opera (Crédito: Forbes)
O jogo impressiona pelo que está implícito por trás de sua mecânica. Foi capaz até mesmo de superar em usuários ativos as principais redes sociais com menos de um mês de funcionamento e ressuscitar a Nintendo de uma curva de decadência para superar a sua grande rival Sony. (Nota: A Nintendo anunciou que só possui 32% dos direitos do Pokemon, o que reduziu em 18% o valor de mercado da empresa).
Até agora, são quase 30 milhões de usuários ativos, 21 milhões só nos EUA. No entanto, este número irá aumentar substancialmente pois há vários países em que o jogo ainda irá ser lançado.
Realidades misturadas
Neste texto vamos explorar o que de fato está por trás da “cortina” do Pokémon GO, levantando questionamentos e reflexões acerca de uma tendência chamada de transcendência dos limites da realidade, ou mixed reality como é mais conhecida, e quando unida com a gamificação se transforma em uma ferramenta poderosíssima.
A mixed reality é uma tendência bastante ilustrada nos filmes de ficção científica, como uma forma de você construir uma outra camada na sua realidade, surgindo novas funções e utilidades.
Por exemplo, o Hololens da Microsoft oferece a possibilidade de você realizar uma conferência (à lá skype) em um formato imersivo de quase realidade, onde é possível até você colaborar de forma mais significativa.
O Hololens Lens permite trabalhar além da tela, e outras coisas mais. (Crédito: Microsoft)
A ideia de você expandir a sua realidade é similar à ideia que temos da mágica: O que separa hoje um mundo mágico do mundo real, é apenas uma tela.
No entanto, como as próprias narrativas sci-fi sempre demonstraram e também recentemente a Sony com a sua patente de uma lente de realidade aumentada (AR), no futuro vamos enxergar os dois mundos com diferentes lentes.
Quanto mais imersiva e tocante for a sua experiência com a tecnologia AR mais confusa poderá ficar a sua realidade física, como no filme Creative Control, em que o protagonista, convidado a experimentar um novo óculos de AR, começou a ter uma paixão platônica por uma colega de trabalho, o que o leva a criar um avatar dela e iniciar um relacionamento virtual. O problema é que ele passou a acreditar que de fato tinha um relacionamento com essa mulher na vida real.
Usei este exemplo apenas para mostrar os riscos de quando você mistura os dois mundos, o real e o virtual. Essa fusão pode provocar uma dissonância cognitiva, onde pode ficar complicado distinguir qual realidade você acredita que seja verdadeira.
Voltando ao ponto de partida, o que de fato torna o Pokémon GO mais do que um entretenimento – mas, uma forma de expressão das pessoas envolvidas – é o despertar de uma nova lente acerca do uso do lúdico para mudar o comportamento das pessoas, gerar engajamento, e principalmente influência social.
O Pokémon GO é uma das maiores iniciativas já lançadas até o presente momento em prol do exercício físico e da redução da obesidade. É uma plataforma de marketing incrível capaz de tornar qualquer bar em um sucesso. Também oferece insights para o aprendizado, além de abrir caminho para outras grandes franquias (como Harry Potter, Digimon, etc) e com um certo apelo para entrar no mercado mobile e permitir as pessoas personificarem os seus heróis de infância.
O Pokémon GO pode incrementar as receitas de um negócio. (Crédito: Snapmunk)
Ao percorrer minha timeline no Facebook, vi matérias de diversos blogs, artigos, vídeos e comentários. Observei alguns sinais que podem revolucionar as práticas de saúde, aprendizado, educação cidadã, interação social, marketing, além de outras possíveis aplicações futuras utilizando o Pokémon GO como plataforma.
Vamos ver agora como a utilização do lúdico pode ser revolucionária…
Pokémon GO estimula hábitos saudáveis
Um dos grandes desafios das campanhas que pretendem estimular os cuidados com a saúde e a prática exercícios é atingir um público que prefere passar horas em frente a uma tela, do que sair para uma caminhada.
De fato, a maioria dos games indiretamente incentiva o sedentarismo: pessoas sem um pingo de vontade de trocar os games pelos exercícios.
Agora, imagine que você é uma destas pessoas que tem “pavor” a se exercitar, e de repente surge um jogo em que o objetivo é sair pelas as ruas capturando o máximo de pokémons que você conseguir, e você só vai prosperar neste jogo se de fato “sair do seu sofá e se mover constantemente.
Ou seja, você agora se exercita diariamente e em prol de um propósito que sempre teve quando estava no seu quarto jogando. Só que agora você se diverte, sobe de nível e, claro, captura pokémons. Uma incrível mistura de endorfina e dopamina em um só ato.
Você sabe quanto é gasto anualmente no mundo com campanhas e métodos para tratar a obesidade e promover o hábito saudável? Esse gasto leva à resultados satisfatórios? Será que transformar isto em jogo não faz mais sentido?
As mecânicas de um game conseguem criar e reforçar um hábito. Quando definimos uma meta, como por exemplo praticar mais exercícios físicos, ou seguir um tratamento médico, e aplicamos dentro de um contexto lúdico e empolgante, isso pode vir a gerar um hábito positivo recorrente.
Diferentemente dos outros jogos, o Pokémon GO estimula a pessoa a sair de casa para jogar. Isso pode ser benéfico para a saúde física e mental. (Crédito: Ydr)
Outro benefício que o Pokémon GO traz é em relação à saúde mental das pessoas. O game estimula uma reação no nosso cérebro chamada gratificação instantânea, a mesma que sentimos quando estamos escutando uma música por exemplo. Essa reação pode diminuir a ansiedade, depressão e o estresse pois, há uma liberação de dopamina, que resulta em sensações prazerosas. Isto acontece a cada momento que você busca capturar um novo pokemon.
Mas, nem tudo é brincadeira…
O psicólogo americano Ben Michael alerta que a utilização em excesso pode tornar o Pokémon GO a única fonte de comunicação confiável da pessoa. Por isso, ele recomenda no máximo 30 minutos de uso e logo depois realizar uma tarefa que não envolva contato com a tecnologia.
A construção de hábitos positivos é muito importante quando se fala em educação e aprendizado que é o próximo fator que podemos aprender com o Pokémon GO.
Pokémon GO estimula o aprendizado e a curiosidade
No Brasil, o número de jovens fora das escolas chega a cerca de 1,7 milhões. Aqueles que frequentam a escola, em grande parte, estão ou por imposição (família, sociedade, etc) ou por interesse em algum fator específico como a relação com os amigos ou o gosto por alguma matéria.
E se esses jovens pudessem escolher entre estar na escola ou fazer alguma atividade que dá prazer como jogar videogame, navegar na internet ou ver um filme? O que eles escolheriam?
A escola foi constituída para ser um ambiente de controle, de disciplina e por imposição das fábricas que precisavam de funcionários eficientes e “obedientes”. Tudo isto vai contra a mecânica das atividades prazerosas, já que o ensino tradicional, deixa a desejar na questão do engajamento.
Voltando para os pokémons, uma lembrança da minha infância eram meus momentos emocionantes de batalha de cartas do pokemon, onde eu aprendia a analisar e classificar quase 700 espécies deles.
Imagina se o Pokémon fosse uma matéria como Matemática ou Biologia. Será que seria mais fácil aprender?
Eu, particularmente, me esforçava para aprender cada espécie de pokemon por dois motivos: primeiro, eu queria entender o jogo para vencer os meus amigos e, segundo, era simples, divertido e sem barreira para começar.
Estamos diante de uma ferramenta de aprendizado como nunca vista antes. Imagine o tanto que uma pessoa pode aprender ao estar numa jornada para capturar novos pokémons…
Existem vários relatos de pessoas que se impressionaram com os monumentos de uma cidade que sempre passaram despercebidos para elas e agora lhes chamam a atenção por causa desse app.
Um jogador mostra o seu celular enquanto caminha pelo parque Boston Common. (Crédito: The Denver Post)
Até de forma estratégica os locais mapeados onde tem uma parada para os jogadores (PokeStop) são pontos históricos. Nos EUA especialistas dizem que há pelo menos 80.000 monumentos importantes, como o local em que o Abraham Lincoln fez o seu primeiro discurso.
Isto pode ser uma ferramenta utilizada como engajamento cívico pelos gestores das cidades e as escolas.
O fato de estarmos mergulhados em um game em mixed reality pode dobrar a nossa atenção pois, o campo físico passa a ser o cenário do nosso jogo. Então, qualquer coisa que aconteça ou faça parte deste local passa a ser importante.
Agora, como destaca a game designer Jane McGonigal, uma das mecânicas mais interessantes que podem ser aplicadas ao curriculum escolar – e é muito bem empregada no Pokémon GO – é a imprevisibilidade:
“Cada mecânica do jogo foi colocada de uma forma para que sempre exista a possibilidade de alguma coisa boa acontecer. Há um cenário positivo em qualquer esquina a qualquer momento.” – Jane McGonigal
Imagine se fosse aplicado o elemento surpresa em diversas circunstâncias dentro da sala de aula e a cada momento uma coisa legal pudesse acontecer, em um ambiente no qual os alunos já não esperam por nenhuma novidade.
Como exemplo, em um projeto realizado em parceria com uma escola nós (da minha empresa Dog Factor) aplicamos a gamificação como uma forma de estimular os jovens a criar jogos para alguns conteúdos das disciplinas.
Nós aplicamos a mecânica de surpresa, ao criar a expectativa para o lançamento de um novo desafio dentro da plataforma. Um momento marcante foi ver mais de cem jovens trabalhando durante a madrugada na solução de um desafio.
Enfim, o motivo de alguns jovens estarem fora da escola e outros planejando um“plano de fuga” é simples: a escola não é divertida e nem é engajadora, da mesma forma que é capturar pokémons nas ruas da cidade.
Pokémon GO ensina a atrair clientes para a sua empresa
E se alguém lhe dissesse que investindo $1.19 por hora você iria ter um ROI (retorno sobre o investimento) de $44? Ou, que você utilizando um artifício “peculiar”, no caso atrair monstrinhos virtuais para o seu estabelecimento comercial você teria um crescimento de 75% nas vendas?
Tudo isto pode parecer absurdo para os padrões de mercado, mas, o que acontece é que o movimento Pokémon GO é disruptivo e segue aquela lógica exponencial que eu comento em outros artigos que já escrevi.
Estamos diante de uma das mais poderosas e mais baratas ferramentas de Marketing, que já gerou para todos os envolvidos no mercado do Pokémon GO em torno de $1,7 milhões dólares por dia. Esse número leva a acreditar que para atrair mais clientes para um estabelecimento, o melhor seria investir em ser sede de um PokeStop ou PokeGym.
Deixo uma dica, considerando a lamentação de boa parte das empresas e da sociedade em torno da crise econômica:
A utilização de uma ferramenta lúdica como o Pokémon GO pode ser uma boa estratégia de negócios.
Para se ter ideia do impacto deste game como plataforma de atração de potenciais clientes e visitantes, além dos negócios que estão se beneficiando com mais frequência pela sua localização (restaurantes, bares, etc), até mesmo locais um tanto “esquecidos” estão se aproveitando disso, como centros culturais, museus e até igrejas que estão se colocando como local que recebe os treinadores de pokémons.
Quase 4 mil pessoas estiveram num evento em Toronto no Canadá para comemorar o lançamento do Pokemon Go naquele país. (Crédito: iMore)
Existem algumas oportunidades latentes que podem revolucionar o seu negócio. Imagine que apenas o lançamento do Pokemon Go em Toronto no Canadá reuniu quase 4.000 pessoas, agora imagine se uma empresa cria um evento temático e utiliza as ferramentas desse jogo para atrair os pokemons mais raros.
As empresas podem engajar os jogadores de Pokémon GO ao se tornar parte do mundo mágico deles, ou seja, criando uma estratégia de gamificação em cima do contexto existente do game, sendo uma espécie de extensão da experiência.
O Pokémon Go prova que o mercado evoluiu e as estratégias tradicionais de Marketing não comunicam na mesma “língua” do nosso tempo. Estamos em uma era que queremos ser surpreendidos com experiências memoráveis.
Como o Pokémon GO está aproximando as pessoas
No inicio do texto, fiz uma breve viagem ao passado, relembrando como era divertido as brincadeiras com os nossos amigos, que muitas vezes eram fora de casa.
Hoje, a interação social e as brincadeiras passaram a ser por trás de uma tela. Isso pode soar como um paradoxo. Mas, a tecnologia pode finalmente aproximar as pessoas até mais do que acontecia no passado.
Um dos segredos para a popularidade do Pokémon GO é sua capacidade de juntar as pessoas (Crédito: NowLoading)
Imagine que você está na rua capturando um pokemon, e dentro do mesmo espaço você percebe que outras pessoas estão agindo da mesma forma que você. Porém, não há como saber se elas estão jogando ou não, a única forma seria falar com essas pessoas. Isto pode levar todos a se conhecerem e formar novas amizades, já que todos tem um propósito em comum.
Esta talvez foi uma das grandes jogadas do Pokémon GO, pois o jogo não possui nenhum ícone que permita comunicação dentro do app, mesmo toda a sua estrutura tenha sido pensado no fator social. Talvez tenha sido esta limitação que está fazendo as pessoas a interagir entre si.
Nos PokeStops e PokeGyms, locais onde se coleta itens, você treina o seu pokemon e batalha contra outros jogadores. Isso gera ainda mais contato pois, de fato as pessoas sabem que quem está naquele local tem o mesmo objetivo.
Em geral, esses ambientes são como um bar, restaurantes, etc, o que incentiva ainda mais o contato pessoal e existem diversos grupos de pessoas que se conheceram em algum local por estarem jogando, e agora realizam eventos e “caçadas” de pokemons juntos.
Outros apps estão surgindo em cima do fenômeno social do jogo, como o PokeDate um serviço que conecta jogadores com interesses em comum e seleciona um PokeStop para ambos se encontrarem.
Um outro jogo criado pela Niantic e que serviu como inspiração para o Pokémon GO, foi o Ingress que pode não ter sido um sucesso midiático, mas conectou muitas pessoas, até mesmo cruzando as fronteiras, pois exigia um nível de colaboração frequente, além dos diversos eventos que os jogadores eram convidados a se encontrar.
Outras funções serão integradas visando a experiência social do game, como a opção de trocar pokémons com outros jogadores e batalhar com outros jogadores fora dos locais permitidos hoje (Pokegym). Uma atualização necessária para evitar uma possível desmotivação com o passar do tempo.
O ponto importante é entender o papel da tecnologia na relação entre as pessoas, de servir como um intermediário entre o mundo virtual e o real. Muitos apps com diferentes objetivos – sejam rede sociais, paqueras, até mesmo o modo multiplayer dos videogames (onde jogam mais jogadores) – fortalecem as relações virtuais, porém enfraquecem as relações físicas.
Aquela velha máxima que não devemos nos envolver com estranhos, está sendo mudada com a utilização em massa deste jogo. Novos ciclos de amizades são construídos e o fato de todos estarem juntos pelo o mesmo objetivo, há uma redução no nível de segregação racial, etnia, sexo, etc. isto traz lições importantes de como propagar a empatia e inclusão na sociedade.
O que esperar do Pokémon GO no futuro
Há diversos relatos de casos problemáticos envolvendo o game, como pessoas atropeladas enquanto jogavam, bandidos atraindo jogadores para assaltos, ou um pokémon que solta gases venenosos aparecendo em um museu sobre o holocausto.
Outras situações que exigem cautela como acidentes envolvendo pessoas que estavam jogando Pokémon GO enquanto dirigiam ou invasões de propriedade alheia para capturar pokémons.
O Pokémon GO está causando preocupação em relação à segurança dos usuários no trânsito e nas estradas. (Crédito: Irish Daily Star)
Este é um dos pontos que aplicações que envolvem literalmente a interação com o mundo físico podem enfrentar nos próximos anos, principalmente quando o celular ainda é o único meio de participar, o que compromete boa parte da nossa atenção com o que está ao nosso redor.
Apesar disso, estamos diante de um jogo que quebrou diversos recordes (app mais baixado da história da App Store) em um curtíssimo período de tempo. A forma como ele se disseminou na sociedade deve ser um objeto de estudo de qualquer organização ou instituição que pensa em gerar engajamento e influência social.
No entanto, esta é uma das razões que eu considero que estamos falando de algo mais amplo…
O game é apenas a “casca”. O verdadeiro núcleo é um movimento sócio-cultural que aproxima todas estas pessoas indo além dos limites tecnológicos. Isto é o que podemos chamar de influência social.
Sem dúvidas, estamos vivenciando apenas uma onda que promete sim, ser uma tsunami no futuro. O Pokemon é uma franquia poderosa, mas há várias outras como Harry Potter, Digimon, e até uma mais recente, The Game of Thrones (inclusive a Niantic já pensa em um mix de War e Pokemon Go), que podem entrar no mercado mobile e se beneficiar de um mercado de quase 2.6 bilhões de usuários.
Inclusive, em um futuro emergente teremos um “boom” de games com propósitos transformadores como o Pokemon Go em diferentes tecnologias como AR e VR, mas sem dúvida a mixed reality promete causar um grande impacto. Imagine só você aplicar a mecânica de jogo do Pokemon Go em outras iniciativas como a conscientização sobre política, depressão, intolerência, etc.
No futuro, com o avanço exponencial tecnológico será possível trocar o smartphone por um óculos casual ou até uma lente aumentada como eu citei no texto, o que proporciona um nível de realismo incrível. Se andar com o celular já causa diversos problemas de atenção, imagine só quando os dois mundos estiverem literalmente misturados na sua retina digital.
A disseminação do game já traz uma esperança para as crianças de países que vivem em conflitos como a Síria, Israel e Iraque a receberem atenção da mídia, como foi feito em uma campanha onde crianças se colocavam como pokemons na esperança de serem ouvidas. Pode ser um canal que propague empatia, afinal estamos “todos no mesmo barco”.
Por isso, acredito que se trata de um movimento amplo que, por causa de sua mecânica fluída e flexível, pode se sustentar por bastante tempo.
Ainda não conhecemos o real impacto do Pokémon GO, uma vez que cada local tem a sua própria cultura e valores, novas histórias estarão sendo construídas.
O game ainda não chegou ao Brasil, mas já dá pra imaginar o repertório de histórias e aprendizados que serão gerados diariamente. Há uma expectativa de que o jogo seja lançado durante ou antes das Olimpíadas (nota: uma fonte não confirmada pelo os desenvolvedores do jogo afirma que ele deve chegar no dia 31 de Julho). Até o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes fez campanha para que o Pokémon GO venha para o Brasil nos jogos olímpicos.
Há uma expectativa da chegada do Pokémon GO ao Brasil, durante as Olimpíadas no Rio. (Crédito: Tech Guru Daily)
No nosso país, os principais pontos turísticos e as maiores favelas podem ser um local de captura de pokémons, além da possibilidade eventos especiais para captura de pokemós lendários em locais de relevância.
Só que o Brasil, assim como outros países, possivelmente irá passar por diversos desafios e problemas durante o fluxo do jogo.
Um destes desafios será o problema da segurança, já que para jogar você precisa se locomover pela cidade com o celular para capturar os pokémons.
Enfim, não aponto o Pokémon GO como apenas um “hype” ou “modinha”. Como todo grande movimento vai chegar a hora de ele passar o bastão para outros que irão surgir com o tempo. Afinal, nós estamos diante de um cenário que promete se repetir várias vezes com o avanço exponencial tecnológico proporcional à adesão e à confiança das pessoas.
Enfim este é o “call to action” que eu deixo para você:
Quando o jogo estiver em terras brasileiras divirta-se e capture o máximo de pokémons que puder.
Enquanto ele não chega, fique atento ao impacto que o jogo está tendo no mundo, e tente entender como fazer um uso inteligente desta ferramenta poderosa que possa beneficiar o seu negócio, sua saúde, sua educação, aprendizado, e claro a construção de novas relações.
Muito bom o artigo,parabéns!