Alguém com dificuldade de locomoção ou com paralisia, sempre tem muita dependência de outras pessoas.
Para restaurar esse senso de independência, foi realizado um experimento revolucionário.
Usando um sistema de tele-presença desenvolvido na École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), dezenove pessoas – dentre elas 9 tetraplégicas – conseguiram comandar remotamente um robô.
Estas dezenove pessoas (nove com deficiência e dez saudáveis) estavam em outros países, como Itália, Alemanha e Suíça, enquanto o robô se encontrava em um dos laboratórios da universidade EPFL, na Suíça.
Para isso ser possível, uma equipe de pesquisadores da Defitech Foundation Chair in Brain-Machine Interface (CNBI), chefiada pelo professor José del R. Millán, desenvolveu um sistema de interface cérebro-computador (BCI), utilizando sinais de eletroencefalografia (EEG).
Durante várias semanas, cada uma das 19 pessoas colocou um capacete BCI repleto de eletrodos que analisariam os seus sinais cerebrais. Elas então, instruíram o robô a se mover, transmitindo instruções em tempo real, via Internet, no país em que estavam.
Controle compartilhado entre homem e máquina
O robô, usando uma câmera de vídeo, tela e rodas – semelhante ao sistema Beam – filmou a si próprio enquanto se movia, como também exibiu na tela o rosto da pessoa que o comandava, via Skype.
A pessoa no comando, se movendo no lugar do robô, foi capaz de interagir com quem cruzasse o caminho do robô. Ou seja, ela fez com que o robô fosse capaz, por si só, de evitar obstáculos.
E se a pessoa quisesse dar uma pausa nos comandos para descansar?
Simplesmente o robô continuava no caminho indicado até que recebesse a ordem de parar. Desta forma, o controle sobre o robô foi compartilhado entre a pessoa e o computador, permitindo à primeira descansar durante a experiência.
Em menos de 10 dias de treinamento, todas as 9 pessoas deficientes, conseguiram com facilidade comandar o robô.
E mais interessante ainda: os testes revelaram que não há nenhuma diferença na capacidade de comandar o robô entre as pessoas saudáveis e as com deficiência.
Na segunda parte dos testes, as pessoas deficientes, com mobilidade residual, foram convidadas a comandar o robô com os movimentos que ainda eram capazes de fazer, como por exemplo, simplesmente pressionando o lado de sua cabeça nos botões colocados perto delas. Elas conseguiram comandar o robô apenas por pensamentos.
Os Resultados
A pesquisa produziu excelentes resultados, tanto em termos humanos, quanto técnicos e foi discutida na edição especial de Junho do Proceedings da IEEE, focada em interfaces cérebro-máquina .
A questão que se vislumbra para o futuro é: os robôs irão em breve tornar-se uma presença na vida diária das pessoas que sofrem de algum tipo de deficiência?
Talvez seja muito cedo para dizer, mas segundo o professor Millán, para que isso aconteça, as empresas de seguros terão de ajudar a financiar essas tecnologias.