Sociedade emocional, individualização, globalização, economia da experiência, disruptura, mobilidade, ansiedade, medo.  Estes foram os temas abordados pela futuróloga dinamarquesa Anne-Marie Dahl em sua palestra que aconteceu aqui no Rio de Janeiro e que eu tive a oportunidade de estar presente. Muito rica em conceitos e megatendências, sua palestra abordou muito sobre o futuro e o formato das profissões em um futuro muito próximo.

A futurista Anne-Marie Dahl em sua palestra no Wired Festival, no Rio, sobre o futuro do trabalho e a sociedade emocional. (Crédito: Agência O Globo)

Flexibilidade na carreira

Gestão de imagem e carreira são temas que permeiam o trabalho que desenvolvo, onde o brand é o caminho para direcionar e planejar a carreira atual ou direcionar e reinventar uma nova.

Por anos trabalhei com estudo e monitoramento de tendências. Em contraste aos meus pais, que tiveram apenas uma profissão – assim como os pais de Anne Marie – eu já tive algumas – design de moda, pesquisadora de tendências, consultora de imagem, coach, estrategista em personal brand, gestora de carreira e pós carreira para esportistas – e provavelmente meus filhos terão seis profissões simultaneamente.

Somos cada vez mais especialistas flexíveis. Cada etapa da nossa vida profissional será importante para a seguinte. Na verdade, cada ciclo vivido é um aprendizado que será incorporado no próximo. Conhecimentos e experiências adquiridos não podem ser engavetados. Muitas vezes temos talentos que são transparentes e não são apropriados como um diferencial. Talento este que pode ser um hobby, um prazer ou uma parte da passagem das nossas vidas.

Nossa história nos move

Devemos cuidar da nossa história. Ela é parte de quem somos. Ela é o nosso brand. Este é uma megatendência citada por Anne-Marie e que estou completamente de acordo.

É através da história que nos conectamos com as nossas emoções e as pessoas se conectam conosco e com o nosso brand. Como Anne-Marie falou, somos uma sociedade emocional. Esta é uma tendência que irá nos guiar, principalmente no ambiente profissional. Pessoas emocionais, empáticas, criativas e que saibam trabalhar em equipe serão muito valorizadas.

Trabalho sem fronteiras

Não existirão barreiras geográficas.  Seremos agentes livres que oferecem serviços autênticos e customizados independente do onde estivermos.  A valorização da autenticidade será de extrema relevância e, aqui, o brand se faz presente e fortemente estratégico. Hoje, podemos atender clientes em qualquer lugar do mundo. Um profissional lá na Mongólia pode oferecer os mesmos serviços que ofereço. Nossos concorrentes estarão em todos os lugares.  Muitos serviços que hoje são oferecidos deverão pensar em uma outra forma de segmentação porque a geográfica definitivamente não será mais determinante.

As soft skills

Dentro do conceito de especialista flexível, teremos que desenvolver softs skills, que são habilidades relacionadas às aptidões mentais, comportamentais e sociais. Serão as habilidades mais exigidas pelo mercado. Não estamos dizendo que as hard skills, ou seja, as competências técnicas que inserimos no currículo não serão valorizadas, mas elas serão mais fáceis de serem substituídas pela inteligência artificial. Enquanto que as softs skills não podem ser aprendidos pelas máquinas.

O mercado tem valorizado cada vez mais líderes que possuem um lado mais humanizado e aqui eu faço outra reflexão, sem nenhum discurso feminista: Sabemos que estas características mais humanas estão mais relacionadas às habilidades muito mais femininas do que masculinas. Será que teremos, por uma demanda de mercado, mais mulheres assumindo estas posições? Este é um tema que estudo muito, mas vamos deixar para outra oportunidade.

Diante de todo este cenário, o medo é uma variável cada vez mais presente em muitos de nós. Especialmente em relação ao futuro do trabalho, este medo tem causado muita ansiedade, a qual já é um grande mal da sociedade atual.

Se conhecermos um pouco dos novos movimentos do mercado e as novas tendências teremos mais tranquilidade para encontrarmos novos produtos e novas oportunidades que irão emergir. Aquilo que, em um primeiro momento parece estranho a você, tenha atenção porque ali pode estar surgindo uma nova megatendência.

Você consegue se ver daqui a dez anos? Como você imagina o seu futuro profissional?

Crédito da imagem da capa:  Inmonova

Patricia Dalpra

Patricia Dalpra é estrategista em Personal Branding e Gerenciamento de Carreira, fundadora da PD Imagem e Carreira que surgiu da vontade de contribuir com as conquistas de pessoas e empresas através do desenvolvimento de uma estrutura que possa fundamentar e organizar uma marca e planejar uma carreira com base em seu DNA, preservando e valorizando sua essência para alcançar as melhores relações com a sociedade e o mercado. Pós- graduada pela Universidade Ramon Llull Barcelona – Madri e Formação Executiva em Brand Leadership pela Columbia University NY – EUA.

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