A Itália continua internacionalmente famosa por sua primorosa moda, sua deliciosa culinária, seus vinhos e seus incomparáveis carros esportivos.

Tanto os líderes empresariais quanto os governantes italianos se orgulham da rica história do país. Porém, cada vez mais, acreditam que o futuro da Itália depende da tecnologia, da automação e da manufatura.

Tanto é que o forte da indústria de exportação hoje é a alta tecnologia. Cerca de 60% das exportações da Itália são máquinas, tecnologias e indústrias relacionadas, de acordo com a Italian Trade Agency (ITA).

Crédito: Italian Trade Agency (ITA)

 

“O nosso passado é belo, incrível, e sensacional” regozijou-se o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, no Fórum i3 do ITA, que aconteceu recentemente em Chicago. “Amamos o nosso passado. Mas, também amamos o nosso amanhã.”

O evento, cujos três “Is” significam “impactar”, “inovar” e “integrar” – reuniu empresários americanos e italianos e líderes de governo para um dia intenso de networking, apresentações de inovadores italianos e dois painéis de discussão: um sobre fabricação e inovação social, outro sobre robótica e fabricação aditiva.

Na ocasião, os participantes também visitaram o Digital Manufacturing and Design Innovation Institute (DMDII), um novo centro de pesquisa considerado o “epicentro” na área de fabricação digital avançada nos Estados Unidos.

Renzi – que aos 41 anos é o mais jovem primeiro-ministro da Itália, em mais de 150 anos –  disse que os europeus em geral tendem a ser um pouco temerosos sobre o futuro e que na maioria das vezes, consideram o futuro uma grande ameaça, não uma grande oportunidade. Mas, ele tem uma visão mais otimista:

Da Fiat Chrysler a uma pequena empresa, considero que a única solução hoje é a inovação … considero que seja uma prioridade nossa investir no futuro com mais determinação com base numa forte presença de nossos empresários, pesquisadores e professores, e das pessoas que acreditam que seja possível construir uma ideia diferente do futuro.” – Matteo Renzi, primeiro-ministro italiano

Matteo Renzi, no Fórum i3 Matteo Renzi, no Fórum i3 (Cortesia: La Stampa)

 

Vários palestrantes observaram que a relação da Itália com os Estados Unidos é um dos principais indicadores desse futuro. Há um crescimento contínuo nos números do comércio italiano com os Estados Unidos.

No ano passado, o comércio entre os dois países cresceu mais de 18%, destacou Ivan Scalfarotto, subsecretário de Estado no Ministério do Desenvolvimento Econômico da Itália.

Robótica e Automação: Inovação e Impacto

As áreas em que a Itália mais aposta são robótica e automação. Scalfarotto considera uma indústria “sensacional”, hoje com mais de 400 empresas que empregam 32.000 pessoas na Itália.

O painel de discussão ofereceu um olhar multifacetado para essa indústria. Moderado por Kathleen D. Kennedy, a mensagem principal foi: a robótica e a automação já estão transformando o mundo da manufatura.

Os painelistas tentaram focar na questão (ou mito) de que os robôs podem “roubar” empregos. Para Arturo Baroncelli, gerente de desenvolvimento de negócios da Comau Robotics, não existe ligação entre o aumento do uso da robótica e a diminuição do emprego. Segundo ele, em vez disso, os robôs podem ser utilizados para trabalhos perigosos ou difíceis para os humanos. “Nenhuma pessoa no mundo é capaz de lidar com 200 peças por minuto” disse ele.

A Integração

Combinar a robótica com as capacidades e talentos humanos oferece novas formas de lidar com problemas antigos, disse David Corsini, fundador da Telerobot Labs, empresa italiana que projeta e constrói sistemas de automação de processos de produção. “Há operações em que os seres humanos sozinhos não podem executar e há operações em que a máquina sozinha não pode realizar”, explicou Corsini. “A integração da capacidade humana com a capacidade dos robôs é a solução.”

Os participantes do painel reconheceram que o modelo cooperativo ainda está numa fase embrionária. “Vejo sistemas mais flexíveis unindo de forma cooperativa os humanos e os robôs, cada um fazendo o que sabe melhor.” disse Baroncelli.

Giorgio Metta 2

Giorgio Metta, do Istituto Italiano di Tecnologia (Crédito: ISACS 2015)

 

Kennedy pediu aos painelistas para preverem o que pode acontecer em cinco anos.  Giorgio Metta, professor no Instituto Italiano de Tecnologia em Gênova resumiu em cinco palavras: “um robô em cada casa”.

Metta considera a robótica um mercado imenso, em números, pelo menos. Ele reconheceu que, até agora, as pesquisas centraram-se em grande parte em aplicações industriais, mas que essa tecnologia promete muito para usos pessoais.

A discussão ocorrida no painel se encaixou bem com o que Renzi tinha dito anteriormente sobre olhar pra frente em vez de olhar pra trás. “O futuro é maravilhoso. Esta é a mensagem para o povo americano. Esta deve ser a mensagem também para o povo italiano.”

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