Joel Gibbard, um inventor britânico, perguntou a diversas pessoas que usam próteses de mão, quais seriam os atributos mais importantes de uma prótese e também o que elas menos gostavam. Ele queria entender o que seria mais valorizado e mais repudiado.

Joel, criador da Open Hand Project, descobriu que as pessoas estavam mais preocupadas com o peso e a com aparência do que com a quantidade de recursos e controles. Ele também constatou que, devido aos custos, muitos usuários só podiam investir em próteses que mais se parecem com “uma garra” do que em modelos sofisticados que se assemelham à uma mão real.

Essas constatações o levou a mudar o foco para melhorar a estética e tentar reduzir o peso da mão protética. Ele decidiu então projetá-las muito mais como um acessório de moda, ao invés de tentar reproduzir literalmente um braço humano. Mas, ele não parou por aí…

Motivado pelo desejo de criar próteses “cool”, de alta tecnologia e que dessem orgulho às pessoas amputadas ou que nasceram sem um braço ou uma mão, Joel deixou seu emprego onde era bem remunerado, e entrou no mercado para desenvolver próteses impressas em 3D, que tivessem um custo muito acessível. Para esse objetivo, levantou 43 mil libras num financiamento coletivo na Indiegogo, a maior parte do dinheiro vinda de pessoas amputadas e de amigos e famílias de amputados.

Em 2013, Joel com o financiamento já captado,  iniciou a Open Hand Project para desenvolver a mão Dextrus, a qual foi projetada para ter os movimentos o mais próximo possível da mão humana.

A Dextrus se conecta a uma prótese existente, o que significa que qualquer pessoa pode usá-la sem a necessidade de um ajuste personalizado. Ela também possui um sistema de controle intuitivo e uma interface serial para que os usuários criem seu hardware personalizado de controle.

Joel Gibbard com a mão Drexus impressa inteiramente em 3D.

 

Impressão 3D para reduzir custos

Uma das principais coisas que tornam as mãos protéticas caras são os materiais utilizados para criá-las. O titânio e a fibra de carbono permitem uma maior durabilidade, porém encarecem muito o produto final.

O plástico ABS, que é um material resistente, durável e utilizado pela Lego, foi a alternativa que Joel considerou para criar a maior parte dos componentes da Dextrus e torná-la mais acessível para as pessoas. Essas peças plásticas são criadas usando impressoras 3D.

Graças à impressão 3D, as próteses da Open Bionics, outra linha da Open Hand Project, podem ser construídas de forma muito mais rápida: em apenas 42 horas. Elas também são vendidas por cerca de mil dólares, trinta vezes mais barato do que os modelos tradicionais.

A tecnologia disruptiva também reduziu drasticamente o tempo de espera para próteses personalizadas. Pessoas amputadas podem esperar semanas para uma prótese, já as da Open Bionics podem ser feitas sob medida e fabricadas em menos de uma semana.

O design da mão é biomimético, buscando replicar ossos, ligamentos e pele os mais próximos possíveis da mão humana. Isto ajuda a diminuir o peso da prótese e torná-la mais estável. Assim como a Dextrus, a Open Bionics também usa plástico ABS e ambas têm sensores de feedback nas pontas dos dedos.

A previsão é que as próteses da Open Bionics comecem a ser vendidas a qualquer momento.


Enquanto a Open Bionics entra no mercado com produtos comerciais, a tecnologia da Dextrus está permanentemente disponível para download gratuito, permitindo que qualquer pessoa se beneficie, seja para usá-la como prótese ou para pesquisas.

As crianças também merecem atenção

Grande parte da motivação de Joel para criar próteses acessíveis foi também no intuito de aumentar o acesso para as crianças. À medida que as crianças crescem, a mão protética precisa ser substituída, em média uma vez por ano. Como a prótese da Open Bionics custará cerca de mil dólares e como a maior parte das peças poderá ser substituída de forma barata utilizando uma impressora 3D, esse problema tende a ser superado.

Mas ainda havia outro problema: ele já tinha observado que crianças amputadas tendiam a esconder suas próteses quando estas eram mais decorativas do que funcionais. O sentimento de não querer parecer diferente ou se recusar a usar uma prótese por causa do peso, levava as crianças ao desconforto.

Na mesma linha de pensamento de dar orgulho às pessoas que usam próteses, Joel imaginou uma protése de mão inspirada em super-heróis. Ele queria reduzir o estigma e ajudar as crianças a se sentirem mais confiantes e mais habilitadas, além de proporcionar diversão.

open-bionics-superhero-1Próteses inspiradas no Homem de Ferro e Jedi, permitem que as crianças se divirtam, ao invés de querer escondê-las ou se queixarem do peso.

 

Antes de ontem, 07/10/2015, foram lançados três modelos infantis na Disney Accelerator Demo Day. Esse programa Disney Accelerator seleciona startups, investindo recursos e dando acesso livre aos royalties dos personagens da Disney.

open-bionics-superhero-3Os três modelos lançados: Elza (Frozen), Tony Stark (Marvel) e Jedi (Star Wars).

 

Joel Gibbard criou a sua primeira mão robótica aos 17 anos utilizando objetos domésticos. Depois, descobriu que poderia fazer uma mudança valiosa na vida de pessoas amputadas. Com todas essas disrupturas na indústria das próteses, Joel ganhou em agosto de 2015, o Prêmio James Dyson.

Para quem quer seguir seus passos, ele dá o seguinte conselho: “Eu estudei robótica na Universidade. Me envolvi com isso como uma evolução natural de brincar com Lego e Meccano quando criança. Se alguém quer se envolver em algo que esteja interessado, a melhor forma é começar a fazer. Siga tutoriais, começe a fazer as coisas, se envolva em comunidades. Quanto mais você fizer isso, melhor se tornará e, eventualmente, terá sorte na vida, assim como eu tive, em fazer o que amo!”

O vídeo logo abaixo mostra quando o protótipo da Open Bionics foi apresentado no Consumer Electronics Show, em Las Vegas, no começo deste ano. O vídeo mostra Daniel Melville, de 24 anos usando o protótipo e a reação do público.

“Foi incrível… eu nasci sem a mão, então usar uma mão pela primeira vez, é realmente surreal. Eu fiquei apertando as mãos das pessoas, e elas continuavam pedindo um “tome 5″, e pedindo para tirar fotos comigo. Foi muito bom ver como as pessoas reagiram a minha mão robótica, ninguém se esquivou e eu senti recuperar o tempo perdido.” (Daniel Melville)

 

Fontes: Open Bionics e Disney Accelerator

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