Era uma vez
Em um mundo distante
Um planeta sem tempo
Uma espécie brilhante
Lá não existia passado
Ainda que um dia existiu
Também não se mirava o futuro
Ainda que se plantava seus frutos
Foi uma mudança no DNA
Uma evolução da espécie a inovar
E de repente com a extinção do tempo
O registro do que se foi era leve
Não se podia mais avaliar
Se fazia mais distante do que real
Uma coleção de experiências
Agrupadas na enciclopédia universal
Simples em sua comedida relevância
E periférico, já não era mais o principal
Gravado no cromossomo biológico
Como um adereço, um relógio
A se usar e apreciar
Mas já não era necessário o escutar
Uma certa aceitação, afinal
Tão separado já estava do emocional
Era passado e não se tocava
E com o futuro ele ficava
Em outros planos, distintos de morada
E assim, somente o presente bastava
E o foco, a cada respiração
E o agora, em toda sua concentração
Nada mais importa – nessa dimensão
Crédito da imagem da capa: Matteo Pontonutti (ponti55)
Muito bom!!