Pesquisadores das universidades de Bristol e Liverpool desenvolveram uma tecnologia de construção de tecidos orgânicos que possibilitará a construção de grandes órgãos humanos.
Essa nova tecnologia pode reparar diversos tipos de deformidades ou danos nos tecidos e ossos, como por exemplo pessoas com artrose ou que sofreram ferimentos graves.
Atualmente, a engenharia de tecidos orgânicos é limitada a pequenos pedaços de tecido.
Essa limitação acontece porque dimensões maiores reduzem o suprimento de oxigênio para as células no centro do tecido.
A restrição de oxigênio pode resultar em necrose na área central do tecido que está sendo desenvolvido. Esse risco é agravado quando o tecido é maior.
Um novo avanço
A equipe de pesquisadores, liderada por Adam Perriman da Universidade de Bristol e pelo Professor Anthony Hollander da Universidade de Liverpool, conseguiu sintetizar uma nova classe de membrana artificial, usando proteínas que podem ser conectadas às células-tronco.
Eles anexaram uma proteína de transporte de oxigênio – a mioglobina – nas células-tronco, antes das mesmas serem utilizadas para desenvolver a cartilagem.
Com isso, a equipe garantiu que cada célula tivesse seu próprio reservatório de oxigênio que pudesse acessar quando o oxigênio no tecido caísse para níveis perigosamente baixos na medida em que o tecido aumenta de tamanho.
Um complexo de polímeros faz o transporte de oxigênio para a membrana citoplasmática de células-tronco, que são usadas para projetar e construir a cartilagem, fazendo a distribuição de oxigênio de forma significativamente aprimorada ao centro do tecido (crédito: James P.K. Armstrong/Nature Communications)
Essa nova tecnologia, que permite a oxigenação dos tecidos, deve ter aplicação de longo alcance em uma série de terapias baseadas em células tronco e engenharia de tecidos orgânicos.
Hollander acredita que criar peças maiores de cartilagem permitirá reparar alguns dos piores danos ao tecido humano, tais como:
– mudanças debilitantes no quadril ou osteoartrose do joelho,
– os graves ferimentos causados por um grande trauma, causado por acidentes automobilísticos ou por ferimentos mais sérios.
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Professor Anthony Hollander
As pesquisas, com livre acesso, foram publicadas em 18 de junho de 2015, na Nature Communications, e podem expandir as possibilidades em engenharia de tecidos, incluindo tecidos como o músculo cardíaco ou ossos.
Segundo os pesquisadores, a tecnologia é de fácil funcionalidade, é versátil e funciona sem interrupções.
O trabalho pioneiro de Hollander também inclui o desenvolvimento de um método de criação de células de cartilagem através de células-tronco.
Esse método ajudou a tornar possível o primeiro transplante bem sucedido de uma traquéia, que foi desenvolvida com a técnica de construção de tecidos orgânicos, utilizando as células-tronco do próprio paciente.
Fonte: Kurzweil AI