A cada 69 segundos uma mulher morre de câncer de mama no mundo. No Brasil, são 165 mulheres diagnosticadas por dia. Segundo o INCA, é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres no país. Para 2019, foram estimados 59.700 casos novos, o que representa uma taxa de incidência de 51,29 casos por 100 mil mulheres. Esses números são reais, desconhecidos e impressionantes.
Um novo estudo, conduzido por hospitais acadêmicos coreanos e pela Lunit, empresa de inteligência artificial especializada no desenvolvimento de soluções para radiologia e oncologia, demonstrou como essa tecnologia [IA] pode aumentar a precisão do diagnóstico do câncer de mama, a partir de imagens de mamografia.
O estudo foi publicado no dia 6 de fevereiro, na The Lancet Digital Health e apresenta dados de mais de 170.000 imagens de mamografia – de mamas femininas asiáticas e caucasianas – realizadas em cinco instituições da Coréia do Sul, EUA e Reino Unido.
O conjunto de dados engloba mais de 36.000 casos positivos de câncer, comprovados por biópsia – até agora, a maior escala de dados de câncer em estudos de IA relacionados à mamografia.
“É um volume sem precedentes de dados, sete vezes maior que a quantidade habitual de dados de estudos semelhantes realizados anteriormente”, comparou Hyo-Eun Kim, autor principal do estudo e diretor de produtos da Lunit. “A qualidade dos dados também foi assegurada, com diversidade étnica, utilizando vários dispositivos de imagem e condições de scanning. O casamento entre a diversidade do conjunto de dados e a singularidade do nosso algoritmo, é resultado de anos de desenvolvimento do Lunit INSIGHT MMG desde 2016.”
Mamografia de uma mulher de 49 anos com carcinoma lobular invasivo na mama do lado direito. Uma pequena massa com microcalcificações na mama direita foi detectada corretamente pela IA com um escore de anormalidade de 96%. Este caso foi recalled por 7 dos 14 radiologistas (4 radiologistas da mama e 3 radiologistas gerais) inicialmente (sem IA) e todos os 14 radiologistas fizeram o recall correto deste caso com a assistência da IA.
Principais conclusões
O estudo mostra uma melhora significativa no desempenho dos radiologistas, antes e depois do uso da IA: sozinha, a IA demonstrou 88,8% de sensibilidade na detecção do câncer de mama, enquanto os radiologistas alcançaram 75,3%. Quando foram auxiliados pela IA, a precisão aumentou em 9,5% para 84,8%.
Uma das principais descobertas também mostra que a IA, em comparação aos radiologistas, apresentou melhor sensibilidade na detecção de câncer com massa (90% vs 78%) e distorção ou assimetria (90% vs 50%). A IA foi melhor na detecção de câncer T1, que é classificado como câncer invasivo em estágio inicial, detectando 91% de câncer T1 e 87% de câncer negativo para nódulos, enquanto o grupo de radiologistas detectou 74% para ambos.
A densidade da mama também é um fator importante no diagnóstico das mamografias, pois tecidos mamários densos, principalmente na população asiática, são mais difíceis de interpretar, já que é mais provável que tecidos densos mascarem o câncer nas mamografias. Os resultados do estudo mostram que o desempenho do diagnóstico da IA foi menos afetado pela densidade da mama, enquanto o desempenho dos radiologistas foi impactado pela densidade, mostrando maior sensibilidade para mamas de mulheres obesas em 79,2% em comparação com mamas densas em 73,8%. Quando auxiliada pela IA, a sensibilidade do radiologista ao interpretar seios densos aumentou 11%.
Um dos maiores problemas na detecção de lesões malignas nas imagens de mamografia é que para reduzir os falsos negativos – casos perdidos – os radiologistas tendem a aumentar a repetição de exames para dar maior segurança no diagnóstico, o que impacta numa quantidade de biópsias desnecessárias. É necessário ter uma vasta experiência para interpretar corretamente as imagens da mama, e nosso estudo mostrou que a IA pode ajudar a rastrear câncer de mama com menos repetições de exames, e também detectando o câncer em seu estágio inicial de desenvolvimento.” – Eun- Kyung Kim, autor do estudo e radiologista da mama no Yonsei University Severance Hospital.
O Lunit INSIGHT MMG está disponível comercialmente e está sendo usado clinicamente, aprovado pelo Ministério da Segurança Alimentar e Medicamentos da Coréia e aguardando aprovação pela CE Européia no primeiro trimestre e liberação da FDA até o final deste ano. Está disponível para demonstração online gratuita aqui.
Fonte: HealthCareITNews