A coisa que mais gostamos de fazer no O Futuro das Coisas é compartilhar o pensamento futuro (futures thinking) com as pessoas.

Normalmente, as pessoas projetam no futuro o seu passado, simplesmente porque não sabem como imaginar outros possíveis futuros e até construir futuros ideais.

Mas, e se você pudesse aprender a explorar melhor o seu futuro?

Com esse objetivo em mente, duas futuristas criaram um livro que introduz o mindset de foresight (foresight é um processo sistemático para ver o futuro a longo prazo) e que apresenta as práticas e as ferramentas que gestores e líderes precisam para explorar múltiplos futuros, identificar o melhor futuro possível para eles, para, em seguida, tomarem as ações necessárias para criá-lo.

Na visão de Alida Draudt e Julia Rose West – coautoras do recentemente publicado What the Foresight – a complexidade do futuro exige olhar para ele de vários pontos de vista e de ângulos diferentes.

Aliás, embora parceiras de negócios e melhores amigas, ambas têm diferentes pontos de vista – o que é bom para duas futuristas do Vale do Silício.

Para elas, o período de tempo favorito para explorar é de 10 a 15 anos – próximo o suficiente do presente para traçar conexões, mas longe o bastante para inovar e criar suposições desafiadoras sobre o que é entendido como verdade hoje.

Isso porque o aspecto mais desafiador e talvez o mais importante do foresight é a conexão de cenários futuros – tanto aqueles com os quais desejamos como aqueles que preferimos evitar – com medidas ​​que podem ser tomadas hoje.

Alida trabalha como futurista e estrategista de design na Capital One, enquanto Julia é estrategista de design e gerente de experiência do usuário na Ancestry.com.

Hoje, a SingularityHub publicou uma entrevista com elas feita por Lisa Kay Solomon,diretora de práticas de transformação da Singularity University e coautora do best-seller Moments of Impact. Lisa procurou explorar sobre como pensar mais como um futurista, a conexão entre o foresight e o design, e por que, para elas, o MadLibs é uma das melhores técnicas para ver o futuro com mais clareza e construir o mundo que queremos.

Nós, do O Futuro das Coisas, fizemos a tradução livre dessa entrevista:

Lisa Kay Solomon: Que habilidades específicas ajudam a pensar como um futurista?

Alida Draudt: há algumas habilidades importantes como a capacidade de pensar em vários aspectos, fazer suposições desafiadoras e a capacidade de examinar níveis diferentes de zoom.

Os futuristas não podem pensar em apenas um aspecto de um sistema – temos que pensar em todas as possíveis causas e efeitos. Desafiar suposições significa extrapolar a forma como a maioria das pessoas vê “o futuro” – a trajetória esperada – para criar cenários futuros interessantes e estimulantes. Questionamos as atuais suposições para ver quais outras possibilidades podem existir.

Finalmente, os níveis de zoom requerem pensar tanto no panorama geral – mudanças, mega tendências, movimentos – quanto no nível tático. Ser capaz de alternar entre estes dois modos de pensar significa olhar como o mundo estará possivelmente em 10 anos, e, em seguida, traduzir isso em histórias tangíveis que façam sentido no presente.

Julia Rose West: Um futurista precisa de empatia. Esta é a capacidade de entender o que motiva os seres humanos biológica e sociologicamente – identificando as pressões, desejos e emoções que afetam as pessoas e as sociedades. Estas forças mais profundas da condição humana são como placas continentais. Elas estão subjacentes a todos os futuros possíveis.

Os futuristas também precisam ser bons pesquisadores e trabalhar bem com os outros, no sentido de colaboração.

LKS: Ambas trabalham como futuristas e estrategistas de design na Capital One e na Ancestry.com, respectivamente. Como a disciplina do foresight difere da disciplina do design? Em que são semelhantes?

AD: Tanto o foresight quanto o design, você começa tendo que compreender o cenário atual, e articulando suposições e valores. Uma vez que uma linha de base é criada, você passa então a explorar várias outras possíveis ideias. Uma ideia é então identificada nessa sua exploração, quebrada em componentes, e prototipada.

O foresight e o design diferem, no entanto, em duas coisas principais. A primeira é o período de tempo. O design tende a focar em um ciclo de fabricação e de lançamento de dois anos. O foresight vai mais longe, olhando para incertezas além do ciclo típico de negócios e depois traduzindo isso para o presente.

A segunda diferença está na direção do processo. O design tende a olhar a partir do presente para frente, observando as necessidades do consumidor hoje, e, em seguida, criando produtos, ofertas ou serviços que antecipem essas necessidades.

O foresight é o oposto. Enquanto alavanca as tendências atuais para criar uma base de informação, o foresight também salta para o futuro para articular como o mundo inteiro, a indústria ou uma fatia da sociedade podem se comportar. Em seguida, ele volta para o presente para articular marcos importantes no caminho para esse futuro. Combinando os dois modos, podemos integrar o foresight e o design para criar ofertas mais estratégicas no presente.

JRW: Tanto o design quanto o foresight visam resolver um problema. Além disso, grandes designs visam resolver as necessidades não só do presente, mas do futuro… de certa forma, ele pode definir o futuro e as necessidades futuras e os desejos dos usuários.

A maior diferença entre o design e o foresight é que o impacto do design é quase imediato. Com o foresight, estamos pedindo aos nossos participantes para esperar pelo resultado. Não existe a gratificação imediata que a gente vê no design.

LKS: Você poderia compartilhar um exemplo concreto de um projeto de foresight que você participou e como ele ajudou a moldar uma decisão estratégica?

JRW: Recentemente pesquisei o “Futuro da História da Família”, um talk que eu dei em Salt Lake City, mês passado. Inicialmente, eu tinha algumas suposições sobre o tópico. Depois que passei por um processo de pesquisa de foresight, consultando nossos executivos e contando com especialistas externos, percebi que os quatro possíveis futuros descobertos eram muito mais interessantes e excitantes do que jamais poderia imaginar sem ter tido esse rigor.

“Só por termos essas conversas sobre o futuro, eu acredito que temos efetivamente mudado o futuro.”

Só em ter essas conversas sobre o futuro, mudar as suposições das pessoas e falar sobre possíveis futuros, creio que mudamos efetivamente o futuro. Os próximos passos são sempre os mais desafiadores … avaliar as possibilidades, selecionar uma direção e criar etapas para chegar lá.

LKS: Em seu novo livro, What the Foresight, você apresenta uma visão geral muito acessível para a prática e ferramentas de foresight. Você poderia compartilhar uma de suas técnicas favoritas e por que você acha que é tão eficaz?

AD: Nós usamos e amamos todas as ferramentas e técnicas que estão no What the Foresight. É difícil escolher apenas uma, mas uma que eu amo é o Alternative Futures MadLibs.

O método de Futuros Alternativos fornece exclusivamente arquétipos para quatro diferentes futuros que podemos explorar – crescimento, colapso, disciplina e transformação. Destilamos cada arquétipo em um formato MadLib para ajudar as pessoas a explorar um mundo 20 anos a frente. Os futuros são às vezes lugares assustadores para se pensar, mas usando um formato familiar como o MadLibs, as pessoas podem imaginar mundos muito diferentes com bastante facilidade. Como técnica de exploração, esta é uma das nossas favoritas.

LKS: O que vocês esperam para o futuro do foresight?

AD: Ambas estamos trabalhando para integrar o foresight em nossas empresas, tanto no mindest quanto na prática. Isto é mais necessário agora do que nunca, dada à rapidez da mudança que estamos vendo em todas as indústrias. Esperamos que o mindset de foresight esteja integrado em todos os níveis de nossa comunidade, desde CEOs até professores e alunos de escolas primárias.

Será preciso uma ação metódica e intencional para integrar, mas se pudermos melhorar o nosso foresight – especialmente desde a mais tenra idade – poderemos considerar melhor uma grande variedade de futuros possíveis e planejar futuros ideais.

JRW: O foresight leva tempo e dedicação e é difícil vendê-lo. A maioria das pessoas tem dificuldade em ver os benefícios e explorar uma visão de longo prazo.

Na América, e especialmente nos negócios, nós amamos o cenário de crescimento e enquanto o negócio está crescendo, mal podemos imaginar um futuro de outra forma. Mas este é o momento mais importante para começar a explorar outros futuros possíveis e inovar.

O foresight estratégico não é apenas esperar 10 anos para ver o resultado; Existem passos que podem ser tomados para uma aplicação imediata.

Espero que comecemos a construir uma exploração de foresight mais regular em nossos ciclos de negócios. Semelhante aos ciclos de produtos, uma vez que um produto é lançado, não lavamos as mãos e dizemos que finalizamos, nós continuamos a fazer releases e atualizações.

O mesmo deve ser verdade para o foresight – a atualização de futuros possíveis, rotas e rastreamento para os futuros menos atraentes em uma frequência regular.

Via: SingularityHub

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