Um estudo divulgado semana passada na Nature, abre caminho para o combate ao envelhecimento em seres humanos.
Foi o seguinte: pesquisadores da Clínica Mayo descobriram uma maneira de estender a expectativa de vida de ratinhos usando técnicas modernas de engenharia genética.
Os biólogos celulares Darren Baker e Jan van Deursen constataram que remover sistematicamente células senescentes – células que deixam de se dividir com o avanço da idade – pode estender a vida destes animais em até 35 por cento.
Ao removerem estas células, eles observaram que houve um retardo no aparecimento de tumores e de várias doenças relacionadas à idade, como também viram a preservação da função de tecidos e órgãos, e o prolongamento da vida dos ratos, sem que nenhum efeito adverso surgisse.
No estudo publicado, a equipe afirma que, em última análise, remover células senescentes melhora a saúde. Eles relatam que as células p16INK4a+ agem para encurtar a vida saudável, promovendo a progressão de tumores e prejudicando determinados tecidos e órgãos, incluindo órgãos vitais, como rins e coração.
Senescência celular
Durante toda a vida de uma pessoa, as células de diferentes tecidos passam por vários ciclos de divisões. Elas dividem-se tanto para a renovação natural dos tecidos quanto para processos de reparo.
Porém, quando envelhecemos, as sucessivas divisões diminuem a capacidade de proliferação. As células que não possuem mais capacidade proliferativa são chamadas de células senescentes.
Estas células não morrem, e acumulam-se, podendo liberar substâncias nocivas que causam o aparecimento de doenças e de inflamações crônicas.
É por isso que a chave desse estudo é a destruição de células senescentes como forma de prevenir desordens associadas ao envelhecimento.
“A vantagem de alvejar células senescentes é que a remoção de apenas 60 a 70% pode ter efeitos terapêuticos significativos. Um medicamento poderia de forma eficiente e rápida eliminar o suficiente para ter impactos profundos sobre a saúde e a expectativa de vida.” Dr. Darren Baker
Dr. van Deursen explica que as células senescentes que se acumulam com o envelhecimento são em grande parte ruins para órgãos e tecidos, e, portanto, não só encurtam a vida, como também a fase saudável da vida.
Portanto, ele defende que uma vez que se elimine estas células, sem efeitos colaterais negativos, terapias que imitam a sua descoberta – ou o modelo genético que usaram para eliminar as células – incluindo medicamentos ou outros compostos, serão úteis contra doenças ou deficiências relacionadas com a idade.
A Descoberta
Mais pesquisas poderão levar a um caminho viável para retardar o processo de envelhecimento nos seres humanos. (Imagem cortesia: Clínica Mayo)
Esta descoberta é resultado de um estudo de sete anos, onde os pesquisadores da Clínica Mayo descobriram que as células senescentes secretam uma proteína supressora de tumor chamada p16 (p16INK4a).
Dr. Darren Baker e Dr. Jan van Deursen usaram um composto chamado AP20187 para remover células senescentes, o que atrasou a formação de tumores e reduziu a deterioração – relacionada à idade – de vários órgãos, prolongando a vida media de ratos tratados em 17 a 35 por cento. Os ratos também passaram a ter uma aparência mais saudável.
“Não estamos apenas fazendo esses ratinhos viverem mais tempo; eles estão ficando mais saudáveis também. Isso é importante, se formos equacionar essa terapia para as pessoas, pois não queremos apenas prolongar os anos de vida”. Dr. Darren Baker
Este novo tratamento é promissor. Mais pesquisas no futuro poderão levar a um caminho viável para retardar o processo de envelhecimento nos seres humanos.
A pesquisa foi apoiada pelos National Institutes of Health, pela Fundação Paul F., pela Fundação Médica Ellison, pela Fundação Noaber, e pelo Center on Aging Robert e Arlene Kogod do Center, da Clínica Mayo.
Fonte: KurzweiAI