Há um bom motivo para você fazer um exame de urina em seu check-up anual. Um simples teste mede os níveis de glicose no sangue, proteína e outros produtos químicos, que por sua vez, podem indicar uma doença renal, diabetes, infecções do trato urinário e até mesmo sinais de câncer de bexiga.
O teste é simples e confiável, mas não é perfeito: É preciso tempo, custa dinheiro e cria atrasos para clínicas e médicos. Os resultados muitas vezes são inconclusivos. Assim, por exemplo, pacientes com infecções crônicas do trato urinário devem aguardar os resultados para confirmar o que tanto o paciente e o médico já sabiam antes de começar o tratamento com antibióticos.
Algumas empresas inovadoras até já tentaram criar sistemas simples no modelo “faça-você-mesmo”, mas estes podem ser propensos a erros, como pondera Audrey (Ellerbee) Bowden, professora assistente de engenharia elétrica em Stanford. “Os médicos não consideram esses resultados confiáveis.”
Bowden e Gennifer Smith, estudante de PhD em engenharia elétrica em Stanford, acabam de apresentar um dispositivo portátil para exame de urina, de baixo custo, que permitirá às pessoas fazerem testes em casa de forma simples, e quantas vezes quiserem.
Esse novo dispositivo portátil permitirá o paciente (e o médico) acompanhar a situação da doença, com vários testes de urina por dia.
O sistema utiliza uma caixa preta e uma câmera de smartphone para analisar mudanças de cor, usando uma vareta mergulhada em uma amostra de urina.
A dupla explica no artigo publicado na Lab on a Chip, que projetaram o sistema para superar três principais e potenciais erros em um teste feito em casa: iluminação inconsistente, controle do volume da urina e o “tempo certo”.
Pra evitar erros, o sistema tem multi-camadas. Um conta-gotas aperta num orifício da primeira camada, enchendo um canal na segunda camada, e dez orifícios quadrados na terceira camada. A engenharia que utilizaram assegura que o volume uniforme de urina seja depositado em cada uma das dez almofadas exatamente no momento certo.
Um smartphone é então colocado no topo da caixa preta com a câmara de vídeo centrada na vareta dentro da caixa. Um software personalizado lê o vídeo do smartphone e controla a análise de timing e cor.
Para realizar o teste a pessoa coloca a urina e empurra a terceira camada na caixa. Quando a terceira camada encosta na caixa, sinaliza para que o smartphone comece a gravação do vídeo no momento certo em que a urina é depositada nas almofadas.
As almofadas têm tempos de leitura que variam de 30 segundos a 2 minutos. Depois de dois minutos, a pessoa pode transferir a gravação para um programa de software em seu computador que lê os resultados.
O futuro
Os engenheiros também pretende projetar um aplicativo para enviar os resultados diretamente ao médico.
Enquanto isso, eles estão trabalhando com o Escritório de Licenciamento de Tecnologia de Stanford para ver como esse dispositivo pode ser comercializado, tanto como teste caseiro como uma ferramenta para regiões que não têm acesso fácil à clínicas e laboratórios.
“É uma complicação tão grande ir para o consultório médico para um teste tão simples. Este dispositivo pode ser útil em locais onde não há recursos para fazer esses testes.” Gennifer Smith.
Fontes: Lab on a Chip e Stanford News