Agora são pelo menos três vacinas – AstraZeneca, Pfizer e Moderna – com resultados altamente promissores para proteção contra a COVID-19. E uma delas vem para o Brasil, a preços mais acessíveis e sendo possível armazenar em geladeira (2 a 8 °C), o que irá facilitar sua distribuição.
Semana passada, a Pfizer e a Moderna, relataram resultados positivos na fase final de testes. No Brasil, a Pfizer ainda está sem definição. O governo federal ainda não deu uma resposta formal aos fabricantes, nem pelo sim nem pelo não. A outra vacina, a CoronaVac, produzida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, mesmo com resultados positivos, não foi incluída pelo Ministério da Saúde para início de conversas. A razão da exclusão ainda não foi explicada pelos técnicos da pasta.
Hoje (23), tivemos a notícia de que a vacina da britânica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford deu resultados preliminares com até 90% de eficácia. A farmacêutica anunciou que a vacina (ChAdOx1 nCoV-19) – feita a partir de uma versão enfraquecida de um vírus de resfriado comum (adenovírus), geneticamente modificado de forma que seja impossível proliferar em humanos – mostrou-se “altamente eficaz” na prevenção da doença, com eficácia de proteção de até 90%. Os resultados são baseados em ensaios realizados no Reino Unido e no Brasil.
Inclusive, o governo federal firmou contrato entre Fiocruz e AstraZeneca de 250 milhões de dólares, limitado inicialmente a 100,4 milhões de doses, totalmente destinadas a entregas ao Ministério da Saúde e ao SUS. Ao fim do acordo, a Fiocruz terá a capacidade de produzir mais 110 milhões de doses ao longo do segundo semestre de 2021.
Os ensaios da Oxford e AstraZeneca analisaram dois regimes diferentes de dosagem – meia dose da vacina seguida por uma dose inteira com pelo menos um mês de intervalo, o que mostrou 90% de eficácia. O segundo regime usou duas doses completas com um mês de intervalo, tendo 62% de eficácia. Os resultados combinados mostraram uma taxa média de eficácia de 70%. Como essa estratégia é diferente das outras duas, pode ser um forte sinal de que mais vacinas devem funcionar. “Não houve hospitalizações ou casos graves em ninguém que recebeu a vacina Oxford”, diz o head do Oxford Vaccine Group, Andrew Pollard.
Hoje é um marco importante em nossa luta contra a pandemia. A eficácia e a segurança desta vacina confirmam que será altamente eficaz contra COVID-19 e terá um impacto imediato na saúde pública. Além disso, a cadeia simples de fornecimento da vacina e nossa promessa e compromisso de não ter fins lucrativos para possibilitar um acesso amplo, equitativo e oportuno significa que ela será acessível e estará disponível globalmente, com centenas de milhões de doses após a aprovação.” – Pascal Soriot, CEO da AstraZeneca.
O vice-presidente executivo de operações da empresa, Pam Cheng, executivo de operações, já disse semana passada que a AstraZeneca terá 200 milhões de doses de sua vacina candidata desenvolvida pela Universidade de Oxford até o final de 2020, com 700 milhões de doses prontas globalmente até o final do primeiro trimestre de 2021. De acordo com a Universidade de Oxford, a AstraZeneca já possui mais de 30 acordos internacionais para o fornecimento de três bilhões de doses.
Hoje de manhã, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, escreveu um tweet que esses resultados são “sensacionais”. “Parabéns aos nossos brilhantes cientistas da @UniofOxford & @AstraZeneca, e a todos os que se ofereceram para os testes” comemorou.
As notícias promissoras sobre a vacina Oxford são particularmente bem-vindas na Grã-Bretanha, não apenas porque foi desenvolvida lá, mas porque o governo de Johnson pré-encomendou 100 milhões de doses, ou o suficiente para tratar 50 milhões de pessoas – mais da metade da população do Reino Unido de cerca de 72 milhões.
O governo norte-americano também foi um dos primeiros investidores na parceria Oxford-AstraZeneca, comprometendo, em maio, 1,2 bilhão de dólares em recursos dos contribuintes para ajudar a desenvolver a vacina e garantir até 300 milhões de doses dela.
Os ensaios clínicos envolvem mais de 24.000 participantes saudáveis com mais de 18 anos de idade, de diversos grupos raciais no Reino Unido, Brasil e África do Sul. Outros testes estão sendo conduzidos nos Estados Unidos, Quênia, Japão e Índia, com expectativa de ter 60.000 participantes até o final do ano. Os ensaios continuarão e propiciarão mais informações para os reguladores sobre a eficácia e segurança da vacina. Paralelamente, a Universidade de Oxford está submetendo a análise completa dos dados provisórios da Fase III para revisão e publicação científica.
Fontes principais: Oxford e AstraZeneca
Cortesia da imagem: Kantar