Nostalgia e visão de futuro. Foi assim que a Vogue Itália estreou 2020. Inspirando-se na era pré-fotográfica, toda a edição de janeiro de 2020 foi ilustrada.
Suas sessões fotográficas que resultavam em belas fotos foram substituídas por ilustrações. O motivo? Reduzir o impacto ambiental.
“É a primeira vez que a Vogue faz isso desde que começou, no início do século 20, a colocar fotos em suas páginas “, explicou a Condé Nast, editora da Vogue, em comunicado à imprensa. “O objetivo desse movimento bastante ousado é, simplesmente, ser mais sustentável.”
Fundada em 1892, as primeiras capas da Vogue foram todas ilustradas; Em 1932, a revista foi uma das primeiras a adotar capas com fotografias coloridas.
Mas, qual a dimensão do desperdício da produção fotográfica da Vogue?
“Cento e cinquenta pessoas envolvidas. Cerca de vinte voos e uma dúzia de viagens de trem. Quarenta carros à disposição. Sessenta remessas internacionais. As luzes ficam acesas pelo menos dez horas sem parar, parcialmente alimentadas por geradores a gasolina. Resíduos alimentares provenientes dos serviços de restauração. Plástico para embrulhar as roupas. Eletricidade para recarregar celulares, câmeras …” contabilizou Emanuele Farneti, editor-chefe da Vogue Italia, em outro comunicado explicando os recursos que entraram nos editoriais de moda na edição de setembro de 2019 da revista.
As edições de setembro, da maioria das revistas de moda, são conhecidas por serem especialmente pesadas devido à cobertura que fazem das coleções e anúncios de campanha da nova temporada.
Para a edição de janeiro, a Vogue Italia pediu a sete artistas – David Salle, Vanessa Beecroft, Cassi Namoda, Milo Manara, Delphine Desane, Paolo Ventura e Yoshitaka Amano – que ilustrassem uma capa, cada ilustração com um modelo vestindo roupas Gucci. O resultado desse trabalho são pinturas, desenhos, design gráfico, design de quadrinhos e colagem.
“O desafio era provar que seria possível mostrar as roupas sem fotografá-las”, postou Farneti em seu Instagram, revelando as novas capas. Para ele, “honestidade intelectual” é mais importante. “No nosso caso, isso significa admitir que há um impacto ambiental significativo associado à publicação de uma revista de moda.
Farneti também justificou que o dinheiro economizado por não terem tido as sessões de fotos será doado para a restauração da Fondazione Querini Stampalia em Veneza, Itália. O museu foi danificado pelas recentes inundações agravadas pelas mudanças climáticas, como alertam cientistas.
A Condé Nast também disse que essa mudança para ilustrações é apenas um exemplo de esforços empreendidos pela marca para ser mais sustentável. Outro exemplo, é que a Vogue Italia mudará no próximo ano, sua embalagem para um plástico 100% compostável. Em dezembro de 2019, todos os 25 editores-chefe das marcas Vogue assinaram um novo conjunto de princípios, que estabelece compromisso com a sustentabilidade.
Serão as ilustrações o futuro das revistas de Moda?
Veja as sete ilustrações abaixo:
Copyright © David Salle para Vogue Italia
Copyright © Cassi Namoda para Vogue Italia
Copyright © Paolo Ventura para Vogue Italia
Copyright © Vanessa Beecroft para Vogue Italia
Copyright © Delphine Desane para Vogue Italia
Copyright © Yoshitaka Amano parar Vogue Italia
Copyright © Milo Manara para Vogue Italia
Antes de tudo, a arte é transformadora! O mundo está em constante transformação e precisa hoje, mais que nunca, de soluções sustentáveis. Precisa de ética ! E moda também é uma forma de se gerar ética em todos os segmentos que a compõem. É trazer de volta a coisas simples e mais orgânicas. Sim, precisamos de tecnologias! Mas sem apagar todo o caminho analógico que nos trouxe até ela. 😀