A nossa cultura é obcecada em descobrir como prevenir e retardar o processo de envelhecimento. No entanto, esse é um processo que ainda não é completamente compreendido.
É claro que os custos médicos de um mundo com uma população cada vez mais idosa representa desafios econômicos e sociais significativos e, em última instância, exigirá uma solução de longo prazo.
Uma maneira de aumentar a longevidade de forma saudável seria rejuvenescer a capacidade regenerativa e de reparação dos tecidos envelhecidos.
Seguindo essa linha, alguns pesquisadores estão investigando se o sangue teria efeitos sobre as nossas funções fisiológicas.
Nessa tarefa, uma equipe da Universidade da Califórnia em Berkeley (UC Berkeley) comparou os efeitos da transfusão de sangue de camundongos jovens com camundongos idosos e vice-versa (com dois conjuntos de controle de jovens para jovens e de idosos para idosos) em três sistemas: regeneração muscular, função hepática e neurogênese hipocampal.
O estudo foi publicado na Nature final do mês passado e relata que a equipe desenvolveu um sistema de troca de sangue onde os animais são conectados e desconectados à vontade, sem terem que compartilhar órgãos.
Ao aplicarem uma única transfusão de sangue de um rato jovem em um rato idoso eles observaram um aumento da regeneração muscular e um ligeiro aumento na função hepática.
Curiosamente, o inverso, ou seja, a transfusão do sangue de um rato idoso em um rato jovem resultou na diminuição do desempenho físico, diminuição do desenvolvimento das células cerebrais e diminuição da função hepática.
Assim, o sangue jovem teria um efeito moderado sobre estes sistemas, mas há algo no sangue “idoso” que influencia significativamente a nossa saúde. Enquanto o documento postula vários mecanismos diferentes, as causas exatas para esses resultados ainda são desconhecidas.
Nosso estudo sugere que o sangue jovem por si só não funcionará como um medicamento eficaz. É mais exato dizer que há inibidores no sangue idoso que precisamos alvejar para reverter o envelhecimento.” – Irina Conboy, professora associada do Departamento de Bioengenharia da UC Berkeley
Embora os tamanhos da amostra para esta experiência tenham sido relativamente pequenos – apenas 4 pares (doador e receptor) foram utilizados em cada conjunto – o estudo mostra resultados definitivos.
Além disso, também prepara o cenário para futuros estudos. Os pesquisadores agora podem comparar transfusões múltiplas e de longo prazo e os efeitos da transfusão única e investigar os efeitos de diferentes componentes do sangue.
Assim como a descoberta dos antioxidantes revolucionou a indústria antienvelhecimento, talvez o sangue possa contribuir para a nossa longevidade.
Fonte: Nature