A tecnologia e os dispositivos móveis revolucionaram nossas vidas. Barreiras foram quebradas e distâncias encurtadas. A unidade de distância, medida por metro ou quilômetro, hoje também se resume a um clique para chegarmos a pontos do planeta até então inatingíveis. Estamos mais perto de todos e o mundo está mais perto de nós.

Os celulares colocaram o mundo, as pessoas e as empresas na palma das nossas mãos. Com a força da internet muitos ganharam vozes – alguns até tornaram-se juízes do comportamento alheio. As pessoas, de um modo geral, têm adotado um grau de exigência comportamental muito maior do que o necessário.

A era digital também nos apresentou o mundo da transparência. Há cada vez menos espaço para falsos personagens, mentiras, incoerências e incongruências. A velocidade da informação, por meio das ferramentas digitais, inibe e derruba tentativas neste sentido. Vivemos o padrão Big Brother em tempo integral: acompanhamos em tempo real o que acontece no mundo e é possível reunir informações de forma instantânea.

Nesse contexto, a busca da essência e da autenticidade passa a ser maior, ao invés de pensarmos apenas na aparência no sentido mais amplo. Mais do que nunca, precisamos estar atentos para que a nossa imagem esteja alinhada aos nossos valores. E mais: que nossos valores estejam alinhados ao que falamos e, principalmente, à maneira como agimos e nos comportamos. 

Nunca nos deparamos com tantas crises de imagem como agora. Somos a primeira geração que está aprendendo, com erros e acertos, a lidar com a gestão de imagem em um mundo onde quase não existe mais o privado. 

Da economia à política, passando pela moda, marcas, empresas ou pessoas, a transparência é cada vez mais valorizada. Hoje, muito mais do que vender produtos ou serviços, nós vendemos confiança. Quando procuramos um médico ou um advogado pautamos a escolha pela confiança que sentimos por estes profissionais.

Confiança e Reputação

A transparência nos apresentou a era da confiança. Em tudo o que fazemos ou falamos estamos associando nossa imagem, deixando a nossa marca. E o fato é que, consumidores e profissionais, não querem comprar ou se associar a quem não tenha uma imagem confiável e crível. Isso vale para empresas, produtos e marcas.

Quando alguém decide comprar um produto ou serviço, a confiança é a primeira variável a ser considerada. Dentre as sete tendências apresentadas na pesquisa “2021 Global Marketing Trends”, realizada pela Deloitte, uma delas é a confiança.

Quando perdemos a capacidade de fazer com que as pessoas confiem em nós, colocamos em jogo nosso maior patrimônio: nossa reputação. Por isso, talvez, estamos sempre buscando, mesmo que de forma inconsciente, algum ganho de imagem.

Não ter uma boa reputação significa estar fora da disputa. Ela é pré-condição para a competição, deixou de ser um diferencial competitivo como foi no passado, mas uma condição mínima para sermos considerados na atual sociedade que, cada vez mais, preza pela confiança e pela transparência. 

Coerência entre ser e parecer

Diante de um cenário de interconectividade e de maior transparência, precisamos estar ainda mais atentos ao nosso comportamento. E isso não significa criar um “personagem” ou não sermos verdadeiramente quem somos, mas ser exatamente o que pregamos – aquilo que alguns chamam de “walk the talk” –, seja de forma privada ou pública.

É a coerência entre o ser e o parecer. Não existe mais espaço para máscaras, porque, em algum momento, elas caem. E sempre terá alguém à espreita pronto para julgar e apontar o seu deslize ou erro para todo mundo.

Não é apenas uma palavra de valor politicamente correta: a coerência precisa estar presente nas ações e no comportamento, ela não exige a busca pela perfeição e nem a renúncia da autenticidade. Significa um posicionamento de assumir suas atitudes, enfrentar críticas e estar conectado com a sua essência. Não adianta ter uma aparência perfeita e estar desconectado dos seus valores e da sua essência.

Somos gestores da nossa imagem. O autoconhecimento, buscando identificar nossos valores, nossas forças, e, principalmente, nossas fraquezas é fundamental para nos posicionarmos e evitar algum tipo de contradição ou crise de imagem.

Patricia Dalpra

Patricia Dalpra é estrategista em Personal Branding e Gerenciamento de Carreira, fundadora da PD Imagem e Carreira que surgiu da vontade de contribuir com as conquistas de pessoas e empresas através do desenvolvimento de uma estrutura que possa fundamentar e organizar uma marca e planejar uma carreira com base em seu DNA, preservando e valorizando sua essência para alcançar as melhores relações com a sociedade e o mercado. Pós- graduada pela Universidade Ramon Llull Barcelona – Madri e Formação Executiva em Brand Leadership pela Columbia University NY – EUA.

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