Uma ameaça espreita a humanidade. Se nada for feito, uma pessoa morrerá vítima de uma superbactéria a cada 3 segundos no ano de 2050.
As bactérias podem tornar-se mais ameaçadoras do que o câncer, por estarem desenvolvendo maneiras de resistir aos antibióticos, até mesmo os potentes como carbapenêmicos e colistina. Pode ser que no futuro, pacientes não consigam mais se tratar.
Durante a última década, cientistas do Reino Unido identificaram 19 novos mecanismos de resistência a antibióticos.
Como exemplo, em 2016, surgiu uma cepa de gonorreia resistente a antibióticos. Foi um grande desafio para médicos e especialistas em saúde sexual e reprodutiva tratarem as pessoas que tinham sido afetadas.
Nos últimos anos, nada menos que 12 doenças e infecções surgiram na Inglaterra. Muitas delas trazidas para a Grã-Bretanha por pessoas que estavam no exterior, incluindo a gripe suína, detectada pela primeira vez no Reino Unido em 2009, o Ebola (2014) e o vírus Zika (2014), como também doenças menos conhecidas, como a febre do Vale do Rift (2013) – considerada pela OMS como grande ameaça à saúde pública –, a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (2012) e a Varíola dos Macacos, conhecida como Monkeypox (2018).
“As bactérias estão em uma corrida com a evolução dos antibióticos, desenvolvendo constantemente novas formas de resistir”, alerta Sharon Peacock, diretora de Saúde Pública da Inglaterra (Public Health England – PHE).
Os alertas da PHE sobre a crescente ameaça à saúde representada por infecções foram divulgados na quarta-feira passada, dia 11, depois que os cientistas descobriram uma nova cepa da bactéria estreptococo do grupo A. Os especialistas acreditam que isso pode explicar o grande aumento, desde 2016, no número de crianças afetadas por escarlatina e infecções na garganta, alertando que, em alguns casos, pode resultar em sepse ou choque tóxico.
A PHE destacou tendências preocupantes ao delinear um plano em sua nova estratégia sobre doenças infecciosas, no intuito de melhorar a capacidade do NHS de identificá-las e controlá-las o máximo possível nos próximos cinco anos.
Dra Dame Sally Davies, alertou que o aumento da resistência a antibióticos “aumenta o risco dos remédios voltarem à idade das trevas, causando a morte de um número muito maior de pacientes do que agora”.
Espera-se que com essa nova estratégia seja possível detectar e prevenir novas ameaças à medida que elas surgem, “mantendo-nos a salvo de consequências potencialmente devastadoras” acredita Chris Witty, principal consultor científico do governo. Ele prevê que apesar do arsenal de vacinas e antimicrobianos, as doenças infecciosas continuam sendo uma ameaça real à saúde pública. “Estamos constantemente diante de novas ameaças, e a resistência antimicrobiana só faz crescer.”
Nos últimos cinco anos, a PHE identificou 32 bactérias resistentes a medicamentos, capazes de resistir a todos os antibióticos lançados contra elas.
Celia Ingham Clark, diretora médica da NHS England informou que “como parte do plano de longo prazo, a NHS reduzirá em mais de 15% o uso de antibióticos para mantê-los o mais eficazes possível, oferecendo acesso aos pacientes para novos tratamentos.”
As ameaças potenciais à saúde incluem o risco de que a globalização, o aquecimento global e a crescente resistência antimicrobiana possam se combinar em algum momento produzindo uma pandemia global envolvendo um bug anteriormente desconhecido – o que os especialistas chamam de cenário “Doença X“.
Para piorar as projeções, a PHE também acredita que tanto a gripe pandêmica, como o número decrescente de pessoas que recomendam vacinas e as desigualdades na saúde são outras ameaças à saúde nos próximos anos.
Será preciso agir agora para detectar e controlar ameaças emergentes à nossa saúde, antes que as opções de tratamento se esgotem.
Crédito da imagem da capa: Pesquisadores em Serra Leoa em busca de um vírus emergente que poderia ser a doença X. (SIMON TOWNSLEY/TELEGRAPH)