O ano de 2020 ficará marcado em nossa história. As novas formas de economias e tecnologias tiveram suas implementações aceleradas, as verdades sobre isso começam o novo ano se consolidando, do híbrido entre físico e digital às novas formas de ver o todo:

Economicamente o convite foi para rever processos em excesso e reinventar modelos de negócios. Individualmente o convite foi ou está sendo para rever excessos pessoais e reinventar nossas relações.

Empresas e pessoas que conseguiram acelerar os processos de migração para novas economias ou como gostamos de chamar no Voicers, “Soft Economy”, certamente se encontram mais aptas a saírem com soluções mais apropriadas, para o mundo que nos espera pós-COVID.

Ano passado, como pesquisadora, me dediquei a estudar e viver essas migrações, para isso busquei escutar novas vozes e experimentar diferentes verdades, e pude verificar que o Hard e o Soft ainda estão bem misturados em todos nós e em nossas organizações, mas a boa notícia é que as migrações foram também aceleradas pela pandemia.

No TEDx que fiz, no final de 2019, trago alguns exemplos de paradigmas mais duros dando espaço à paradigmas mais sutis. Eles se comportam de formas distintas e já coexistem, porém não se encontram com facilidade, quase como um “novo mundo” dentro do mesmo mundo, ou melhor, muitos novos mundos, dentro de um mundo duramente encaixotado.

Compartilhamos o mesmo ESPAÇO, mas definitivamente não o mesmo TEMPO. Tem sempre alguém vivendo no presente, o futuro de outros, isso serve para pessoas organizações e países, nas mais diversas áreas.

E pude observar que esses paradigmas mais leves estão nascendo pelas mãos de pessoas mais imunes aos sistemas duros e geralmente essa “imunidade” pode ser encontrada em 4 áreas, que, em nossa metodologia, são estratégicas de migrações para paradigmas mais leves:

1 – Infraestrutura: nessa área, as pessoas demonstram mais leveza em suas escolhas infra estruturais, através de novas formas de morar, de se locomover, se alimentar. Vivem muito o circular de bens, pois se tornam verdadeiramente mais libertas de excessos, posses, títulos e acúmulos.

2 – Financeiro: nessa área, as pessoas entendem que não é sobre muito ou pouco dinheiro, mas sobre o necessário, trabalhando seu consumismo hereditário. Essas pessoas vivem de meios lucrativos e não de fins, e entendem que o dinheiro também é energia, pois é produzido à base de horas de vida. Elas geram dinheiro a partir de propósitos claros, que refletem suas verdades, e muitas vezes, em mais de uma área de talento em horários e ritmos não mais fabris, 8 horas por dia, 5 dias por semana.

3 – Conhecimento: nessa área, as pessoas desenvolvem um profundo senso interno, e usam referências externas para compor suas verdades e não o contrário.  Pensadores conectados à intuição, essas pessoas se diferenciam por pesquisas mais integradas, onde o melhor da ciência e consciência são percebidas. Seus conteúdos e conhecimentos possuem a características de inclusão e expansão e não de individualização e divisão.

4 – Relações: nessa área, as relações pessoais profissionais, amorosas, espirituais são todas migradas para a base da afinidade e não da necessidade, não vivendo da posse ou domínio do outro, mas da troca e da conexão no encontro com o outro. São, em sua grande maioria, relações onde o medo que controla dá lugar a confiança que liberta.

Essas características no pessoal são as bases das transformações no organizacional, pois das pessoas mais sutis nascem organizações leves (soft), criando novos meios de existir com base nesses novos paradigmas. Nesses últimos 3 anos, trabalhando com a metodologia de migração de Hard para Soft Economy nas mais diversas industrias e organizações, nunca encontramos organizações duras lideradas por pessoas leves, ou uma grande quantidade de pessoas sutis produzindo organizações endurecidas.

Deixo então uma reflexão final sobre o tema, mais como um convite, quase em formato de poesia:

Vivemos por tanto tempo entre verdades únicas e massificadas.

Um tipo de certo, de belo, de bom, só um, ou no máximo alguns, mas não eram todos. 

Desde a chegada da internet, ganhamos janelas cheias das verdades de todos.

Verdades Apócrifas!

E só faz 20 anos. 

Então, o que vivemos agora não é bem o binarismo, é também, mas é além. 

Estamos vivendo, pela primeira vez na história da humanidade, a exposição às verdades de todos, vivemos a maior exposição aos outros que já tivemos, outros iguais, mas também diferentes, por isso está tão confuso, tão difícil. 

O mundo em caixas era infinitamente mais simples: direita e esquerda, em cima e embaixo, preto e branco, de homem e de mulher, luz e sombra.

Com a internet migramos para bolhas sim, mas bolhas são transparentes, e mesmo voando separadas, conseguimos ver e ser vistos

 Outros certos, outros belos, outros bons e são tantos…

Quantos? Atualmente há um número de mais de 7 bilhões de verdades! 

Integrar tudo isso requer maturidade pessoal e social, requer migração do Duro para o Leve e Sutil. Mas, vejo já nos dados das pesquisas que faço, mesmo em forma de “sinais fracos” ainda, que teremos um salto de consciência em aproximadamente duas décadas, com esse perfil de pessoas gerando repertório e experiências para outras pessoas migrarem seus paradigmas principalmente as gerações mais jovens, que serão os adultos em posições de decisão no final dessas duas décadas.

Os mesmos 20 anos em que as super máquinas maturarão entre nós.

…Admirável mundo novo será esse, onde melhores versões humanas serão as contemporâneas de tecnologias maDuras 😉