Pessoas que sofrem de catarata não têm muitas opções para recuperar a visão. Atualmente, a cirurgia é a única forma de tratá-la.

No entanto, uma nova alternativa, divulgada ontem na Nature, pode ser o primeiro passo para tratar ou até mesmo prevenir a doença.

Quem sofre de catarata sabe que a medida que ela avança, a visão começa a ficar turva, dificultando a capacidade de realizar tarefas cotidianas como ler e dirigir.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que a doença é responsável no mundo por 48% dos casos de cegueira em pessoas com mais de 50 anos.

Entretanto, ela não atinge somente os adultos. No Brasil, 20% dos casos são registrados em crianças. São 2 milhões de brasileiros – adultos e crianças – atingidos pela catarata.

Como é hoje

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Hoje, o único tratamento para a catarata é o cirúrgico.

Com a cirurgia, o cristalino danificado é substituído por uma lente artificial, que passa a realizar a função perdida. O paciente recupera plenamente sua visão.

A cirurgia é simples, rápida, feita com anestesia local, sem necessidade de internação. Entretanto, a intervenção exige cuidados pós-operatórios como qualquer outra cirurgia.

Embora simples e segura, para muitas pessoas essa cirurgia é proibitivamente cara.

E o fato é que o número de pessoas que irá precisar fazer este procedimento deve dobrar nos próximos 20 anos, à medida que a expectativa de vida da população mundial aumenta.

Nova solução

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Uma nova pesquisa sugere uma solução menos invasiva do que a cirurgia para catarata.

A solução vem na forma de uma molécula natural que pode ser administrada através de um simples colírio.

Cientistas já tinham suspeitado que uma molécula chamada lanosterol poderia evitar o aparecimento da catarata. Essa suspeita foi confirmada na pesquisa da Universidade Sun Yat-sem, na China.

A equipe, liderada pelo biólogo molecular Ling Zhao, na Universidade da Califórnia, em San Diego, descobriu que crianças com cataratas geneticamente herdadas, tinham uma mutação que impedia a produção de lanosterol, um esteróide importante no corpo.

Os investigadores descobriram que as famílias tinham mutações num gene que produzia o lanosterol. Isso os levou a supor que a molécula pode impedir a formação de proteínas que se aglomeram nos olhos e levam à catarata.

Para examinar os efeitos do lanosterol, os pesquisadores cientistas experimentaram o colírio em sete cães que desenvolveram naturalmente a catarata.

Após seis semanas de tratamento, a equipe observou uma redução tanto na turvação da visão como no tamanho das cataratas.

Os autores relatam no estudo, que identificam o lanosterol como uma molécula-chave na prevenção da agregação de proteínas e direciona para uma nova estratégia na prevenção e no tratamento da catarata.

O futuro

Embora a pesquisa ainda esteja em fase inicial, os cientistas estão esperançosos de que encontrarão uma maneira de impedir que o processo de catarata ocorra.

Zhang informou que precisa de mais trabalhos e mais estudos, bem como a confirmação por outros pesquisadores. “Vamos estudar a segurança deste composto, e planejar os testes em humanos“, afirma ele.

Para J. Fielding Hejtmancik, cientista do National Eye Institute nos EUA, antes de em realizarem testes humanos, os cientistas provavelmente irão testar outras moléculas para ver se elas podem funcionar melhor. Ou seja, o lanosterol pode não ser o único ou o melhor para prevenir a catarata.

Para nós, aqui do O Futuro das Coisas, a implicação mais importante de tudo isso é que, em breve, será possível tratar a catarata de forma mais simples do que com a cirurgia.

 

Fonte: Nature

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