Quase todo internauta já entrou no YouTube ou no WikiHow para aprender como se faz alguma coisa. Com vídeos e tutoriais, essas plataformas têm nos ajudado desde a preparar um saquê até como administrar uma medicação a uma criança teimosa. O próprio WikiHow é um projeto colaborativo que busca construir o maior e o melhor manual de instruções do mundo.

Mas, agora, não são apenas os seres humanos que buscam aprender algo na Internet. Os robôs já estão fazendo o mesmo.

Na Alemanha, robôs chamados de PR2 estão lendo instruções e assistindo vídeos, para aprender a preparar panquecas, pizzas, pipocas e outras coisas.

O projeto chamado RoboHow, está explorando maneiras de ensinar robôs a compreender algumas instruções. O objetivo é tornar mais fácil para nós comunicarmos o que devem fazer e possibilitar que descubram como executar tarefas ainda desconhecidas para eles.

Ou seja, em vez de você programar um robô para que execute movimentos precisos, bastaria ele ouvir ou ler o que deve fazer para em seguida executar a tarefa.

Desafios

Ensinar robôs a transformar instruções em ações específicas é uma tarefa desafiadora. É fácil para nós – seres humanos – sabermos o que temos que fazer porque ao longo das nossas vidas, fomos tendo uma compreensão das tarefas básicas. Por exemplo, sabemos que para virar uma panqueca, precisamos usar uma espátula ou outro utensílio de cozinha.

Mas, para um robô, isso não é tão intuitivo. Ele pode receber a instrução “vire a panqueca”, mas precisa deduzir que irá precisar de uma espátula para fazer isso explica Michael Beetz, diretor do Instituto de Inteligência Artificial da Universidade de Bremen, onde fica o projeto com os robôs PR2.

Assim, os pesquisadores do projeto RoboHow estão ensinando aos robôs conhecimentos gerais necessários para que correlacionem um conjunto de instruções com ações específicas.

Em uma série de experimentos, eles estão ensinando aos PR2 como realizar tarefas simples, como por exemplo, manipular produtos químicos em um laboratório.

Nesse processo de aprendizagem, também estão sendo utilizadas outros métodos para ajudar os robôs. Isso inclui a realidade virtual em que humanos realizaram alguma tarefa usando luvas que permitem que suas ações sejam rastreadas.

Conhecimento armazenado em nuvem

Uma vez que um robô aprendeu como determinadas instruções estão relacionadas a uma tarefa específica, o seu conhecimento é armazenado em um banco de dados em nuvem chamado Open Ease, para que outros robôs possam acessar esse entendimento. Estas instruções são codificadas em uma linguagem que seja entendível para todos os outros robôs.

Uma longa lista de detalhes ainda falta ensinar aos robôs: como segurar uma espátula, em que altura virar a panqueca, entre outras coisas. O PR2 não sabe “o que pode dar errado e por quê”, diz Beetz.  Para o pesquisaror, o processamento da linguagem é muito desafiador, mas há progressos.

Siddhartha Srinivasa, professor do Instituto de Robótica da Universidade Carnegie Mellon, diz que conectar a linguagem com a ação é essencial, embora seja difícil. Ele dá o exemplo de como as vezes é complicado ensinar ao seu filho de quatro anos a montar um brinquedo e acredita que o sucesso da RoboHow irá exigir uma forte integração da linguagem com a compreensão através de percepção, e ainda, planejar ações complexas ao manipular algoritmos.

O projeto RoboHow, é um passo no sentido de fazer com que os robôs possam seguir instruções, em vez de precisar serem programados para cada tarefa específica. Em teoria, no futuro, eles serão capazes não só de preparar o almoço, mas também nos ajudar em qualquer outra coisa que pedirmos.

 

Fonte: MIT Technology Review

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