No mundo todo, mais de 600 milhões de pessoas moram em áreas costeiras com menos de 10 metros de altitude. Quão seguras elas estão frente ao risco da elevação dos oceanos?

Para discutir sobre isso, a NASA realizou há 2 dias (26/08) uma teleconferência sobre as atuais previsões do aumento do nível do mar, com destaque aos riscos para as populações que vivem em costas de baixa altitude.

Um painel de especialistas da Sea Level Change Team – time recém-criado pela NASA – mostrou que o nível dos oceanos está em permanente elevação. A questão é que não podem assegurar o quão rápido essa subida acontecerá.

“As pessoas precisam estar preparadas para o aumento do nível do mar, pois provavelmente não vai parar ao longo das próximas décadas. A questão é o quão rápido vai ser.” alerta Josh Willis, cientista do Clima do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA.

“Se você vive ou tem algum negócio no litoral, precisa se preparar para a elevação do mar. Não é uma questão de quanto, mas sim quando.” (Josh Willis)

Os participantes da teleconferência apontaram duas causas principais para esse aumento no nível dos oceanos.

1- Expansão térmica

A primeira fonte é a expansão térmica, em que a água do oceano se expande quando é aquecida, ocupando mais volume e fazendo com que o nível do mar suba. Este efeito tem aumentado pela intensificação das emissões de gases estufa, os quais os oceanos absorvem mais de 90% do calor resultante.

2- Degelo

A segunda fonte é o degelo na Groenlândia e na Antártida, e ainda, derretimentos de geleiras de montanhas pelo contato com o ar mais quente ou com a interação com a água quente do mar. Somente na Groenlândia, estima-se ter perdido cerca de 303 gigatoneladas de massa por ano na última década.

Os cientistas conseguem mensurar tudo com extrema precisão graças a uma série de instrumentos científicos utilizados pela NASA, como os satélites Jason 1 & 2 e o TOPEX / Poseiden. Simultaneamente, o satélite GRACE tem observado o campo gravitacional da Terra, fazendo medições precisas, a fim de determinar o motivo das camadas de gelo e geleiras estarem encolhendo tanto.

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Os dados dos satélites e de outros recursos revelam que nossos oceanos subiram cerca de 20 cm desde o início do século 20, e que podemos ter um aumento superior a 3 pés (0,9 m) antes de terminarmos o século 21.

Uma ideia visual

Se você quiser ter uma ideia visual deste fenômeno assista ao vídeo abaixo. Ele foi baseado em 23 anos de observações dos satélites.

O vídeo nos mostra que a água não está aumentando no globo a uma taxa padrão. Em vez disso, existem variações significativas. Em algumas bolsas isoladas, o nível da água está na realidade diminuindo, como evidenciado pelas manchas azuis.

Por exemplo, o nível do mar, ao longo da costa oeste dos Estados Unidos, tem caído nos últimos 20 anos. No entanto, Willis explica que há sinais que esse padrão está mudando e que os americanos podem esperar um aumento ao longo da costa durante a próxima década.

Outras variáveis que podem afetar a altura da água nas zonas azuis incluem a força da corrente do Golfo e a Oscilação Decadal do Pacífico.

Uma falha importante

Durante a teleconferência, os cientistas fizeram questão de apontar uma falha importante na capacidade deles de criar modelos precisos sobre a elevação do nível dos oceanos: a falta de compreensão sobre o papel que a diminuição do manto de gelo da Antártica Oriental tem sobre o aumento do nível do mar.

Essa falta de compreensão acontece porque muitas mudanças com as camadas de gelo ocorrem abaixo da linha d’água, o que torna muito difícil para os satélites observarem do espaço.

A visão que prevalece entre os especialistas é de que a Antártica Oriental é estável, contudo, Eric Rignot, glaciologista da Universidade da Califórnia Irvine e do JPL aponta que alguns dos sinais vistos pelos satélites são bandeiras vermelhas de que essas geleiras podem não ser tão estáveis quanto se pensa.

O que virá?

Quanto, de fato, estamos ameaçados com a subida dos mares? Essa é uma pergunta crucial. Onze das maiores cidades do mundo estão situadas em regiões costeiras, e só nos EUA, cerca de 160 milhões de pessoas vivem na costa do país.

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O perigo não está somente na água do mar inundando áreas costeiras de baixa altitude. A elevação do mar pode ter um efeito sobre sistemas climáticos extremos. A gravidade dos impactos dependerá de quanto o mar subir, mas sabemos que os efeitos serão de grande amplitude e de escala global.

A teleconferência nos dá um cenário sombrio do que podemos esperar nas próximas décadas e nos séculos que virão. A questão principal levantada lá foi sobre como estas informações podem ser postas agora em prática.

Fonte: NASA

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