O sexo é uma das atividades mais ancestrais do mundo, afinal o futuro da espécie depende disso.

Mas, não é só a questão da reprodução. O sexo também é um dos drivers humanos mais poderosos. Já causou guerras, construiu e destruiu reinos e impérios.

Sendo uma das atividades mais antigas que existe, talvez você possa pensar que ela não mude no futuro…

Mas, talvez seja bom considerar que, assim como a nossa espécie continua evoluindo – seja biologicamente ou tecnologicamente – o ato sexual vai evoluir também.

Então, valeria a pena você entender como as tecnologias exponenciais irão mudar a nossa relação com o sexo.

Fomos buscar saber o que Peter Diamandis, co-fundador da Singularity University pensa sobre esse assunto.

Em um recente artigo, ele mostrou a sua visão sobre o futuro do sexo e do namoro.

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O futuro do sexo com as tecnologias exponenciais (Cortesia: Science Dump)

 

O Namoro na Era da Internet

Nossos pais e antepassados tiveram relacionamentos locais e lineares. Eles tiveram poucos parceiros, possivelmente pessoas que moravam na mesma cidade (ou até mesmo vizinhos), colegas de escola e com o mesmo status social.

Diamandis lembra que, na década de 1960, mais de 50% dos casamentos, no mundo, eram arranjados. Na Índia esse percentual era de 95%.

Hoje esse percentual caiu para menos de 15% (nível global).

Em 1960, a idade média da noiva era de 20 anos. O noivo tinha em média 23 anos.

Hoje, a idade média é próxima a 29 para mulheres e 30 para os homens. Reflexo da mudança cultural.

A era digital também alcançou a esfera das relações. O namoro passou de local e linear para global e exponencial.

Para você ter uma ideia, hoje, 40 milhões de norte-americanos (cerca de 40% da população solteira nos EUA) usam serviços de namoro online de uma indústria que gira na ordem de 2,4 bilhões de dólares.

Estes novos relacionamentos transcendem os limites geográficos e os estratos sociais.

Entre 1995 e 2005, houve um crescimento exponencial dos encontros online entre os casais heterossexuais. Para os casais do mesmo sexo, essa tendência tem sido ainda mais dramática, com mais de 60% dos casais do mesmo sexo se relacionando online em 2008 e 2009.

As implicações disso são surpreendentes. Há uma série de efeitos sociológicos, tais como a gamificação do namoro, e a comoditização das pessoas.

Segundo Diamandis, isso é apenas o começo.

O Namoro e a Tecnologia Exponencial

 Num futuro muito próximo, vamos ver plataformas de namoro online que usam a inteligência artificial e o aprendizado de máquina para encontrar o parceiro perfeito se você quiser.

Durante o encontro, seus óculos de realidade aumentada (RA) vão lhe dar, em tempo real, todo tipo de informação que você precisa saber sobre ela ou ele.

Talvez você queira entender como ela ou ele esteja se sentindo em relação a esse encontro. Será fácil: a câmera de RA estará observando a dilatação capilar e da pupila.

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Sexo sem limites e com novas variedades pode ser o futuro. (Cortesia: Serious Wonder)

 

Mas, toda essa tecnologia, pode ser uma faca de dois gumes. Por um lado, ela pode aumentar a chance de sucesso dos encontros, criar relacionamentos mais significativos, e isso tem um impacto positivo, Diamandis espera.

Mas, enquanto o namoro é apenas um lado da moeda, o outro lado é o sexo … e as implicações da tecnologia exponencial sobre o sexo podem ser chocantes.

O Sexo e a Tecnologia Exponencial

O sexo já foi para o lado digital; portanto, ele tem sido desmaterializado, desmonetizado e democratizado.

Hoje, a pornografia é gratuita e está disponível para qualquer pessoa que tenha uma conexão com a Internet.

Diamandis exemplifica que, em 2015, um site de pornografia relatou que os seus usuários assistiram mais de 4,3 bilhões de horas de pornografia (87 bilhões de vídeos). Isso somente naquele ano.

O acesso maior à Internet, a proliferação de celulares e de vídeos online, e a publicidade têm impulsionado a pornografia em uma indústria que movimenta US$ 97 bilhões.

E isso está causando uma série de fenômenos sociais negativos.

Mais da metade dos meninos e quase um terço das meninas irão ter acesso às primeiras imagens pornográficas antes de chegar aos 13 anos. Em uma pesquisa com centenas de estudantes universitários, 93% dos meninos e 62% das meninas disseram que foram expostos à pornografia antes de completar 18 anos.

A pornografia está influenciando tudo, desde a linguagem dos adolescentes, o uso de piercings em certas partes do corpo, até no que eles esperam dar e receber nas relações íntimas”, Jill Manning, Ph.D, Instituto Witherspoon.

No Japão, uma população crescente de homens relatam que preferem ter “namoradas virtuais” do que reais, pois os avatares virtuais lhes dão uma sensação de maior controle.

Quarenta e cinco por cento das mulheres solteiras japonesas e 25% de homens solteiros japoneses com idades entre 16 e 24 afirmam que não estão mesmo interessados em contato sexual.

Dadas estas tendências, a menos que algo aconteça para aumentar a taxa de natalidade do Japão, a população vai diminuir em um terço até 2060.

Mas, novamente, como prevê Diamandis, isso é apenas o começo… a medida que a realidade virtual (VR) torna-se mais generalizada, a pornografia VR irá crescer.

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Filme HER (Cortesia: The Verge)

 

Talvez seja muito mais intensa, vívida, e viciante – e, Diamandis acredita que haverá uma proliferação de Avatares e relações robóticas baseados na inteligência artificial, similares aos personagens retratados nos filmes Her e Ex Machina.

As consequências

A promessa da pornografia VR é oferecer um mundo virtual com sexo “melhor”, sexo infinito e com novas variedades.

O problema, no entanto, é que quanto mais uma pessoa visite esse mundo de fantasia, mais provável é que a sua realidade torne-se exatamente o oposto do que ela vivenciou virtualmente.

Muitos psicólogos acreditam que o pornô VR pode entorpecer o desejo sexual e o prazer no mundo real, levando a um sexo cada vez menos satisfatório.

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A pornografia em realidade virtual (Cortesia: Vocativ)

 

Para muitos, a VR (e outras tecnologias exponenciais, como robótica, sensores e AI) podem virar um substituto das relações humanas e das interações mais íntimas, dado que estas tecnologias irão tornar-se mais acessíveis, mais baratas, on-demand, e, nos deixar no controle da situação.

Quais são os prós?

Talvez um pouco de intimidade (ainda que tecnológica) seja benéfica para aquelas pessoas solitárias, idosas ou enfermas.

Para Diamandis, uma coisa é certa:

Como acontece com toda tecnologia na história, desde a imprensa ao VHS e à Internet, a pornografia vai estar na linha de frente para financiar o avanço da tecnologia.

O Futuro das Coisas

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