O futuro parece cada vez mais incerto, e falar dele pode nos fazer recorrer a uma dose extra de imaginação, de esperança, de otimismo e fé… seja em qual Deus for, de qualquer nacionalidade, credo e sobretudo ao Deus de cada um, o “Deus interno” que nos move na direção dos nossos sonhos, desejos e objetivos de vida.

Cada vez mais pessoas se questionam sobre o trabalho, sobre o propósito de estar fazendo algo que nos reconecte com a essência, com o todo, o universo; cada vez mais gente “larga tudo” em busca de si mesmo, de conhecer o mundo e se aprofundar em algo maior, cada vez mais “coaches” surgem num mercado mundialmente difícil, um Pib mundial decrescente e busca de novos indicadores que meçam a atividade mundial em outras bases.

Neste mundo, o efeito pêndulo é inevitável, tanto permeando a economia quanto o comportamento humano.

Analisemos alguns pêndulos:

De um lado o F.O.M.O (fear or missing out), as pessoas cada vez mais ansiosas e conectadas com tudo o que acontece com o mundo e a vida alheia, gerando engajamento e curtidas, criando um novo mercado para digital influencers, blogueiros, marcas e ações.

Do outro o J.O.M.O (Joint of missing out),pessoas com burnout de internet, recorrendo novamente ao mundo físico, detox digital, conexões genuínas e verdadeiras entre seres de carne e osso – cursos, mentorias, workshops, retiros, grupos de estudo, confrarias, experiências sensoriais.

De um lado, uma Política radical: autoritarismo – pessoas se sentindo sem rumo e caindo na conversa de promessas populistas e protecionistas, cada um protegendo seu quadrado ferozmente, xenofobia, terrorismo. O fenômeno TRUMP.

De outro, iniciativas políticas independentes, de grupos organizados da sociedade civil, da iniciativa privada, candidaturas independentes, apartidarismo, falta de representatividade, o fenômeno MACRON.

De um lado, a tecnologia ameaça trabalhos como:

telemarketing;

costureiro;

corretor imobiliário;

caixa de banco;

empacotador.

Dizem que  os postos acima tendem a  ser eliminados com a internet das coisas, a automação, os apps e sistemas inteligentes, o Big Data.

De outro, há o estímulo do comércio local, do handmade, artesanal, cozinha com alma, bordado, atendimento personalizado e exclusivo em todas as esferas, curadoria.

Ou seja, o telemarketing pode até ser substituído para tarefas básicas, mas, se agregar valor ao interlocutor e for transformado em uma consultoria telefônica, tudo muda. Isso vale para todas as outras atividades em que possa haver uma conexão real humana em busca de uma solução que atenda a necessidades e desejos específicos. O offline não deixará de existir, mas vai se aperfeiçoar, dará um salto qualitativo. O atendimento em massa fica para o online, para quem quer o mais simples, rápido e prático.

Recentemente, li o livro The Black Swan (Cisne Negro, Nassim Nicholas Taleb), que explica justamente que os cisnes negros de fato existem, são poucos, mas existem… e que o ser humano costuma ignorar os “cisnes negros” do nosso dia-a-dia em projeções e estudos (fenômenos Black Swan:  crashs econômicos (1929, 1987, 2008), o nosso aqui no Brasil a partir de 2013).

Quando vemos, o episódio cisne negro já aconteceu, contrariando todas as projeções acadêmicas, abalando todo um sistema que parecia funcionar.

A questão é que estes fenômenos não acontecem da noite para o dia, eles são algo que ocorre aos poucos, mas ninguém os prevê, pois o nosso foco (humano) é de  curto e médio prazo (sempre pouco preventivo). Não percebemos os mini fenômenos ocorrendo de maneira simultânea, resultando em algo de grande impacto. (O 11/9 é outro clássico exemplo de cisne negro, assim como os atentados terroristas recorrentes sobretudo na Europa).

Eis então uma oportunidade para novas atividades, sejam elas intimamente ligadas à tecnologia ou ao relacionamento e aperfeiçoamento humano. Certamente a tecnologia possibilita o crescimento em escala, o que continuará a gerar desigualdade no mundo, uma vez que a escala e o poder de replicabilidade estará nas mãos de poucos, isso será inevitável… Por isso, fala-se tanto em renda mínima universal, para que todos estejam minimamente atendidos haja o que houver, uma vez que não sabemos quantos e quais cisnes negros nos esperam.

A outra grande saída para tudo isso?

Educação.

A educação, essa sim vai de fato empoderar pessoas, formar individuos que sejam capazes de escolher e decidir, de se conectar e criar novos negócios on e offline. Se houver menos empregos, alguém educado e empoderado conseguirá criar o seu, ser criativo, fazer parcerias e pensar em algum desejo ou necessidade que ainda não esteja sendo atendidos em um mundo em que tudo é volátil, efêmero e cíclico.

A educação promoverá a capacidade de autoconhecimento, adaptação, e, ela sim, pode ser disruptiva e fazer com que as pessoas sejam proprietárias de suas próprias vidas, sem delegar tanto a Deus, ao destino ou a outra força exterior onipotente.

Bianca Zeitoun Oglouyan

Formada em Gastronomia e Hotelaria, já trabalhou em hotéis, teve seu restaurante, mas desde 2006 trabalha no varejo, com marcas nacionais e internacionais. Se apaixonou pelo empreendedorismo social em 2008 e estuda o tema desde então, já foi voluntária no TEDx microrrevoluções, na Yunnus&Youth; hoje conduz sua empresa de consultoria para redes de varejo e shoppings, a TEAR e também o projeto Laços, que capacita e empodera microempreendedores em favelas e comunidades. Ainda não sabe direito com o que vai trabalhar no futuro, mas está aproveitando a jornada!

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