Há tempos, cientistas procuram entender como os efeitos do estresse e de traumas vivenciados por uma pessoa são transmitidos ​​de uma geração à outra.

Durantes anos considerou-se que os genes eram os únicos responsáveis por passar as características biológicas para as próximas gerações. Entretanto, hoje os cientistas sabem que as variações não-genéticas (ou epigenéticas) adquiridas durante a vida podem frequentemente ser passadas aos seus descendentes.

Existem evidências científicas mostrando que hábitos de vida e o ambiente social em que uma pessoa está inserida podem modificar o funcionamento de seus genes.

Estudos que foram feitos com pessoas que sobreviveram a eventos traumáticos sugerem que a exposição ao estresse tem efeitos duradouros sobre as gerações seguintes.

Mas, como exatamente essas “memórias” são repassadas?

Um novo estudo da Universidade de Tel Aviv (TAU), publicado na semana passada, na Cell identifica o mecanismo que liga e desliga a herança destas influências ambientais.

Anteriormente, cientistas já tinham observado que a maioria das respostas epigenéticas herdadas em vermes C.elegans persistiam apenas em algumas gerações. Isso criou a hipótese de que os efeitos epigenéticos simplesmente “esgotavam-se” ao longo do tempo, através de um processo de diluição.

Esta suposição ignorou a possibilidade de que este processo não simplesmente desaparece, em vez disso, ele é regulado, como constatou Dr. Oded Rechavi, PhD, da Faculdade de Ciências da Vida da TAU. Ele e sua equipe mostraram que há um processo ativo que regula a herança epigenética através das gerações.

Oded Rechavi

Neste estudo, Dr. Rechavi, manipulou vermes C.elegans com pequenos RNAs que têm como alvo a GFP (proteína verde fluorescente). A GFP funciona como um gene repórter mantendo as informações. Seguindo os pequenos RNAs hereditários que regulam a GFP, a equipe descobriu um mecanismo acionável e sintonizável de herança que pode ser ligado ou desligado.

Os cientista da TAU observaram que genes específicos, que eles chamaram de “MOTEK” (Modified Transgenerational Epigenetic Kinetics) estavam envolvidos nesse mecanismo de “ligar” e “desligar” as transmissões epigenéticas.

Com essa descoberta, eles puderam manipular a duração transgeracional  da herança epigenética destes vermes, alternando “liga” e “desliga” de pequenos RNAs que eles usaram para regular [estes] genes.

Explicando melhor, estas chaves são controladas por uma interação de feedback entre os pequenos RNAs e os genes MOTEK necessários para produzir e transmitir esses pequenos RNAs através das gerações. O feedback determina se a memória epigenética continuará a descendência ou não, e quanto tempo cada resposta epigenética vai durar.

A teoria da hereditariedade

Apesar de a pesquisa ter sido realizada em um organismo muito simples (vermes), a equipe acredita que a compreensão dos princípios que controlam a herança de informação epigenética é crucial para a construção de uma teoria abrangente da hereditariedade para todos os organismos vivos, incluindo os seres humanos.

Daqui pra frente, eles irão estudar os genes MOTEK para entender exatamente como esses genes afetam a duração dos efeitos epigenéticos, e se existem mecanismos semelhantes em seres humanos.

Fonte: KurzweilAI

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