Quando estamos aprendendo uma nova habilidade ou um assunto novo, não sabemos de que forma o nosso cérebro está absorvendo aquela informação. Poderíamos estar nos sobrecarregando e nem percebermos isso.

Algumas pessoas têm maior facilidade de aprender algo novo, o que significa que a sua ‘carga cognitiva’ é baixa e elas estão prontas para seguir em frente, aprender mais coisas. Outras pessoas despendem uma quantidade maior de esforço mental, ou seja, a carga cognitiva fica mais pesada. Isso pode indicar que elas estão sobrecarregadas e é preciso diminuir a quantidade de informações.

Mas, como um professor pode medir a ‘carga cognitiva’ de cada aluno seu?

Se um professor for observador, ele será capaz de dizer se o aluno está pronto para passar para uma nova fase.

Agora, um novo sistema desenvolvido por Beste Yuksel, aluna do Ph.D. da Universidade Tufts, pode facilitar isso para os professores: ele “lê o cérebro” e mede a carga cognitiva em tempo real do aluno.

Esse sistema, chamado Bach (Brain Automated Chorales) em homenagem a um dos compositores mais importantes da nossa história, Johann Sebastian Bach (1685-1750), consegue medir a “carga cognitiva” e quebrar as tarefas em níveis crescentes de dificuldade, aumentando a curva de aprendizado dos alunos.

Beste Yuksel

Beste Yuksel, que antes do Ph.D, fez um mestrado em ciência da computação e outro em neurociência, explica que a princípio, Bach ajuda alunos a aprender a tocar piano mais rapidamente e com maior precisão do que aprenderiam sob o olhar atento de um professor, ou praticando por conta própria.

No entanto, o sistema poderá ser usado para ensinar matemática, engenharia, programação, ou mesmo línguas estrangeiras, porque o método pode ser aplicado a qualquer aprendizado de uma tarefa complexa.

A nova técnica estimula os alunos iniciantes a prosseguirem a aprendizagem à medida que o sistema vai ajustando as tarefas, orientado de acordo com a “Zona de Desenvolvimento Proximal“, ou ZDP.

A ZDP explora a diferença entre o que um aluno pode fazer “sem” e “com” ajuda.

Como funciona

Os usuários do Bach usam sensores especiais em suas testas que medem o fluxo sanguíneo no córtex pré-frontal, região cerebral relacionada a funções cognitivas superiores, como pensamentos complexos, multitarefa, tomada de decisões e memória de curto prazo. “Quando você pensa, seu coração bombeia mais sangue e mais oxigênio para essa parte do cérebro” explica Yuksel.

Bach 1

Testado em alunos iniciantes, o sistema provou ser eficaz para ajudá-los a aprender a tocar com mais rapidez e precisão (Yuksel et al)

 

Com base no fluxo sanguíneo, o Bach pode dizer quanto o cérebro de um estudante está trabalhando, e apenas lança uma nova linha de música uma vez a carga cognitiva do aluno acende a luz, indicando que ele já domina a primeira linha com facilidade.

“Minha esperança é que as interfaces cérebro-computador sejam usadas ​​por qualquer pessoa, e que ajude na sua qualidade de vida.” – Beste Yuksel

 

Para testar a capacidade de Bach, Yuksel e Robert Jacob, professor de ciência da computação, o testaram com 16 alunos iniciantes de piano, os quais teriam que aprender uma melodia.

A medida que carga cognitiva dos alunos caía abaixo de um determinado limiar, sugerindo que eles tinham dominado e poderiam lidar com mais informações cognitivas, o sistema automaticamente aumentava a dificuldade da tarefa de aprendizagem.

Piano

Em 15 minutos aprendendo com o Bach, os pianistas tocaram as notas com mais precisão, de forma mais rápida, e cometendo menos erros do que os participantes do segundo grupo de controle, que tentaram dominar a peça musical por conta própria. (Crédito iStock)

 

No estudo, os alunos participantes do primeiro grupo disseram que gostaram do ‘timing’ das mudanças de nível.

“É a primeira vez que temos a medição física da carga cognitiva para ajudar pessoas a aprender em tempo real”, diz Yuksel. Agora, ela e Jacob, estão trabalhando para que o Bach possa medir as emoções, além da carga cognitiva. “Por exemplo, se os níveis de frustração ou ansiedade estão elevados, enquanto a carga cognitiva está alta, isso pode indicar que elas estão sobrecarregadas”. Nesse caso, ela diz que o professor pode diminuir a quantidade de informação ou oferecer-se para ajudar.

Esse novo sistema representa um avanço do uso da interface cérebro-computador e da neurociência para melhorar o processo de aprendizagem. E ele é bastante promissor.

Fonte: Dailymail

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