Este ano tivemos um recorde de descobertas e inovações na área de saúde e o próximo ano promete ainda mais. O Futuro das Coisas fez uma seleção das 10 tecnologias criadas em 2015 que fizeram a Medicina avançar ainda mais, com um olhar especial sobre aquelas que irão ter um grande impacto em países em desenvolvimento.

1- Vacina contra o Ebola

Equipe de trabalho em Katongourou, Guiné. (Imagem: WHO/S. Hawkey)

 

Em meio a uma pandemia, uma vacina contra o Ebola foi testada em tempo recorde: apenas 10 meses.

Em agosto de 2014, quando o surto no oeste africano foi declarado como estado de emergência, a OMS precisou correr contra o tempo. Foi então desenvolvida uma vacina pela Merck e NewLink Genetics, a qual desencadeia uma resposta imunitária que protege as pessoas de contraírem esse vírus mortal.

Os testes foram realizados na Guiné, em mais de 4 mil pessoas que não tinham o Ebola, mas estiveram em contato com um caso confirmado. O resultado foi 100% de proteção depois de 10 dias da aplicação da vacina. Para outro grupo de controle, em que foram vacinadas cerca de 3.500 pessoas três semanas após identificarem a infecção, apenas 16 contraíram a doença.

Marie Paule Kieny, da OMS, em uma entrevista à imprensa em Genebra sobre o sucesso dos testes, disse que acredita que o mundo está prestes a ter uma vacina eficaz contra o Ebola.

2- Algoritmo que previne o HIV entre os jovens de rua

homeless-youth-algorithm(Imagem: Flickr/ Franco Folini)

 

O problema da falta de moradia afeta no mundo todo cerca de 2 bilhões de pessoas, segundo a inhabitat. Uma das consequências desse problema é a disseminação do HIV entre os jovens.

Pesquisadores da School of Social Work da Universidade do Sul da California desenvolveram um novo algoritmo chamado PSINet, que utiliza a inteligência artificial para identificar a melhor pessoa dentro de uma comunidade específica para divulgar informações importantes sobre a prevenção do HIV entre os jovens.

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Os cientistas mapearam as amizades entre adolescentes sem moradia em uma agência de desabrigados em Los Angeles. Basicamente o que o algoritmo faz é analisar a rede de amizades, e selecionar através de milhares de possibilidades aquela pessoa com maior alcance em um determinado ponto no tempo. Aquele “jovem líder” então, aprenderá as informações básicas sobre o HIV, e também retornará com mais informações para os pesquisadores sobre a comunidade em que está inserido.

De acordo com os pesquisadores, o PSINet espalha 60% mais informações para as comunidades do que as campanhas tradicionais feitas boca-a-boca.

3- Uma única gota de sangue para detectar o sangue com 96% de precisão

New-blood-test-can-identify-cancer-with-96-accuracy-1(Imagem: Wikipedia)

 

Pesquisadores da Universidade de Umeå, na Suécia, desenvolveram um teste do RNA de plaquetas no sangue que detecta, classifica e identifica a localização do câncer no organismo através da análise de uma única gota de sangue.

O estudo, publicado por pesquisadores do Cancer Center Amsterdam of VU University Medical Center, mostra que o câncer pode ser detectado com 96% de precisão.

No estudo, realizado com 283 participantes (228 deles com algum tipo de câncer), foram identificadas quase todas as formas de câncer. Os autores do estudo, porém, não sugerem que este novo método de biópsia deva substituir outros sistemas de detecção do câncer. No entanto, é claro que, se a técnica puder ser refinada, pode simplificar e tornar muito mais acessível o exame para médicos e pacientes.

4- Um dispositivo de baixo custo que simplifica a autotransfusão

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A estudante de mestrado em engenharia biomédica Caitlin Winget mostra à James Azazili o Hemafuse, desenvolvido por estudantes da Universidade de Michigan. (Crédito: Gillian Henker)

 

Em alguns países em desenvolvimento, quando mulheres têm hemorragia durante o parto, os médicos usam uma espécie de “concha” e gaze para realizar a autotransfusão – recolhendo e reciclando o sangue da paciente durante o procedimento médico. Este método “caseiro” é necessário porque os equipamentos e materiais utilizados para transfusões são muito caros.

O Hemafuse melhora esse processo, tornando-o mais simples e mais higiênico. Esse dispositivo da Sisu Global Health, funciona como uma bomba manual, sugando o sangue para, em seguida, passá-lo através de uma válvula para uma bolsa de sangue para uso posterior.

Hemafuse+Infographic1. O sangue é puxado através de um filtro, o qual remove coágulos e impurezas. 2. O sangue é então empurrado através da tubo para uma bolsa de sangue. 3. A bolsa de sangue é, então, ligada ao paciente para a transfusão. (Imagem: Sisu Global Health)

 

O Hemafuse ganhou o Prêmio Impacto Social 2015 na SXSW Eco Awards, em Outubro e recebeu um investimento de 100.000 mil dólares do co-fundador da AOL Steve Case, em Setembro.

5- O menor marcapasso do mundo

MICRA

(Imagem cortesia: Atlantic Health System)

 

O menor marcapasso cardíaco do mundo, do tamanho de um comprimido de vitamina é minimamente invasivo e sua bateria pode durar mais de 10 anos. Chamado de Micra TPS, ele é implantado de forma semelhante aos stents, ou seja, através da veia femoral.

Em um ensaio clínico internacional, o Micra foi implantado com sucesso em 719 pacientes. Cerca de 96% deles não experimentaram complicações maiores.

Ao contrário de marcapasso convencional, o novo dispositivo não requer o uso de fiose que às vezes podem ocasionar complicações médicas graves, como infecções e lesões veia.

Os resultados foram apresentados no 2015 American Heart Association Scientific Sessions e também publicado no New England Journal of Medicine.

6- Prótese de mão com sensação de toque

prótese da mão

(Imagem cortesia: Universidade Johns Hopkins)

 

Este ano a DARPA fez um anúncio emocionante: um homem de 28 anos, há dez anos com paralisia devido a uma lesão na coluna vertebral, experimentou a sensação natural do toque graças a uma prótese de mão conectada ao seu cérebro.

Esta foi a primeira experiência na qual a conexão possibilitou que o paciente recuperasse algum sentido do tato.

A prótese, desenvolvido pelo Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins. Neste experimento, os pesquisadores usaram fios para conectar a prótese com os chips colocados no córtex motor do paciente, responsável pelo movimento, e no córtex sensorial, onde o cérebro compila informação sensorial.

Por ora, a DARPA mantém em sigilo os detalhes desse trabalho, e por esse motivo, ainda está pendente de revisão pela comunidade científica e pela revista que o publicou. No entanto, esse experimento já é um avanço e estabelece a base para que algoritmos e eletrodos mais sensíveis possam possibilitar um controle motor mais refinado.

7- Reconstrução de grandes tecidos e órgãos humanos

tecido 2Professor Anthony Hollander da Universidade de Liverpool

 

Pesquisadores das universidades de Bristol e Liverpool desenvolveram uma tecnologia de construção de tecidos orgânicos que possibilitará a construção de grandes órgãos humanos.

Essa nova tecnologia pode reparar diversos tipos de deformidades ou danos nos tecidos e ossos, como por exemplo pessoas com artrose ou que sofreram ferimentos graves.

A equipe de pesquisadores, liderada por Adam Perriman e por Anthony Hollander, conseguiu sintetizar uma nova classe de membrana artificial, usando proteínas que podem ser conectadas às células-tronco.

As pesquisas foram publicadas em 18 de junho de 2015, na Nature Communications, e podem expandir as possibilidades em engenharia de tecidos, incluindo tecidos como o músculo cardíaco ou ossos.

8- Um dispositivo que ajuda o bebê a respirar

NeoVentStephen John (esquerda) e Joseph Barnett venceram a renomada competição estudantil Lemelson-MIT pela criação do NeoVent. (Crédito: Western Michigan University)

 

Segundo a Organização Mundial de Saúde, as doenças respiratórias agudas são uma das principais causas de morte entre crianças menores de cinco anos de idade.

Os bebês que têm problemas para respirar normalmente precisam de um sistema chamado CPAP (Pressão Positiva Contínua em Vias Aéreas), que é bem simples. Porém, bebês com problema respiratório grave precisam do VPPIN (Ventilação com Pressão Positiva Nasal Intermitente), um processo que muitas vezes exige máquinas onerosas.

O NeoVent, criado por estudantes de graduação na Universidade Western Michigan, usa um mecanismo de tigela invertida que oscila para fornecer dois níveis de pressão necessários para ajudar os bebês a respirarem.

O dispositivo permite que qualquer centro médico de países em desenvolvimeto equipado para realizar o CPAP adapte suas máquinas para realizar o VPPIN.

9- Tiras para testes de doenças infecciosas

Tiras plásticas

(Imagem cortesia: FastCompany)

 

Pesquisadores da Universidade Atlântica da Florida criaram tiras de papel e plástico para testes de diagnóstico de HIV, E. coli, Staphylococcus aureas e outras bactérias, que podem ser realizados em qualquer lugar, sem a necessidade de assistência especializada.

As tiras são impressas com produtos químicos bio-reativos junto com sensores elétricos e ópticos. O teste de E. coli é feito de papel (celulose) e impresso com uma mistura de anticorpos e de nanopartículas de ouro. Se for encontrado bactérias, uma mudança de cor indica um resultado positivo.

A ideia é que se alguém tiver um celular com o aplicativo deles, que pode quantificar a mudança de cor, será possível dizer se há um patógeno ou uma bactéria [na amostra] para, em seguida, enviar para um consultório médico.

Para Waseem Asghar, um dos pesquisadores, essas tiras são ideais para centros médicos com recursos limitados, como na África por exemplo: “Você “faz o teste e, em seguida, descarta, queimando o substrato sem se preocupar.”

O teste de HIV usando o plástico começará a ser realizado em Brigham e no Hospital das Mulheres em Boston. Os pesquisadores esperam comercializar os testes até meados de 2016.

10- Uma tatuagem temporária para os diabéticos

tattoo monitora glucose

Pacientes com diabetes precisam verificar o açúcar no sangue várias vezes por dia com uma picada no dedo. Nanoengenheiros na UC San Diego desenvolveram uma tatuagem temporária com extratos não-invasivos, que mede os níveis de glicose no fluido entre as células da pele.

Os engenheiros informam que essa tatuagem terá capacidades Bluetooth para possibilitar as leituras. O método poderia pavimentar o caminho para mais usos da tecnologia, tais como o fornecimento de medicamentos através da pele.

O Futuro das Coisas

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